Vila Raphael Parente

Vizinho do Brás e do Pari, o Belenzinho é um dos mais simpáticos e importantes bairros de São Paulo. De vocação tipicamente operária nos derradeiros anos do século 19 e início do século 20, sempre caracterizou-se por mesclar ruas de fábricas com ruas cheias de residências, muitas delas geminadas e que abrigavam inicialmente imigrantes europeus, e que posteriormente recebeu migrantes nordestinos. Atualmente vem servindo de lar para os imigrantes latino-americanos, especialmente os oriundos da Bolívia.

E como todo bairro antigo, não são poucas as vilas que existem espalhadas pelo bairro e que despertam a atenção dos amantes da arquitetura e da história da cidade, como a misteriosa Villa Kuntz, a pouco conhecida vila da Bernardini e a mais famosa delas, a Vila Maria Zélia.

Mas a vila que falaremos aqui hoje é também pouco conhecida e explorada, entretanto é de longe a mais bem cuidada de todas. Trata-se desta vila localizada entre os números 150 e 172 da Rua Marcos Arruda.

clique na foto para ampliar

A vila é um belo complexo residencial antigo com três imóveis voltados para a rua e com outros oito localizados na porção interna do terreno. Enquanto as casas do lado externo são todas térreas, as demais são pequenos sobrados.

As casas que ficam para a calçada são as mais belas do conjunto e que possuem as fachadas mais interessantes e trabalhadas. São duas residências geminadas no lado esquerdo e uma bem maior que todas as demais na porção direita do terreno. A casa grande aparenta ter sido a casa do proprietário da vila, pois destaca-se das demais como um grande casarão, com dependências internas maiores e um amplo e alto porão habitável.

Detalhe de uma das fachadas da vila (clique para ampliar)

Em um bairro como o Belenzinho, antigo e repleto de construções antigas em grande parte em péssimo estado, a condição desta vila impressiona por estar sempre muito bem cuidada e preservada. Sua fachada é pintada regularmente com a mesma cor e o(s) proprietário(s) tem sempre a preocupação de manter os detalhes dos imóveis intactos. Portões, grades, janelas e esquadrias são todas originais e conservadíssimas, além do calçamento de paralelepípedo que vai para a parte interior do conjunto. Na frente do imóvel a única coisa “moderna” é a cerca eletrificada, sinal da violência da atualidade.

Por não estar no centro histórico a vila muito provavelmente paga IPTU, mesmo que baixo.  É necessário que a política de isenção de IPTU seja mais ampla e criteriosa, e que beneficie também imóveis históricos em locais mais afastados como este. Um colírio nos olhos de quem passa pela rua Marcos Arruda.

Veja mais fotos desta vila (clique na miniatura para ampliar):

ATUALIZAÇÃO – 23/10/2023:

Uma boa notícia para o patrimônio histórico paulistano. Não só essa mas as duas outras vilas pertencentes aos mesmos proprietários foram finalmente tombadas como patrimônio histórico paulistano, como atesta a publicação abaixo veiculada em jornal de grande circulação e também no Diário Oficial do Município de São Paulo.

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11 respostas

  1. Esta casa e, sem sombra de duvidas, a mais bonita da rua. Torna-se impossivel passar em frente a ela e nao se encantar com tantos detalhes. Extremamente conservada. Parabens.

  2. Hoje tomada pelos Bolivianos que invadiram o bairro… Estão sujas abandonadas e destruídas…

  3. Cara, visitei essa vila hoje. Ela está completamente abandonada. Toda pichada e mal conservada. Triste de se ver.

      1. Essa vila pertencia ao mesmo homem que era dono do conjunto de sobrados que existia na João Migliari, no Tatuapé. A morte deste senhor talvez explique o estado atual desta vila, o dono atual aparenta não ter nenhum apego aos patrimônios que recebeu.

  4. É incrivel imóvel tombado pagar IPTU, fica uma dica pros vereadores fazerem algo util na vida

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