Por toda a Cidade de São Paulo é possível encontrar antigas vilas, estas que eram um estilo residencial muito comum no início do século XX. Parte delas eram vilas industriais, erguida pelos donos de empresas para acomodar seus operários. Casos conhecidos de vilas operárias são as Vila de Maria Zélia, Vila Economizadora e os Apartamentos Bernardini.
Também encontramos pela cidade vilas que não possuem relações com empresas mas que são igualmente interessantes, como a Villa Anna na região de Perdizes e também a charmosíssima Vila Savoya, que hoje é usada principalmente para fins comerciais, em Santa Cecília.

Vila Savoya, até hoje permanece preservada e elegante
Mas também existe um sem número de outras pequenas vilas antigas que são pouco ou nada conhecidas da grande maioria dos paulistanos. E muitas destas vilas ainda resistem em pé, despertando a curiosidade de vizinhos e de pesquisadores.
Um bom exemplo de vila pouco conhecida e com nenhuma informação histórica disponível, é a Villa Kuntz. Localizada no número 825 da rua Marcos Arruda, a vila é de 1913 e quase passa despercebida pelos pedestres e até mesmo pelos vizinhos, que desconhecem a história do local. Aliás, quase nenhum vizinho sabia que o nome do velho casarão escondido por trás de um muro alto e muitas plantas tem este nome.
Diferentemente da maioria das vilas paulistanas, esta trata-se apenas de uma única casa. Como as poucas residências vizinhas que ainda resistem são tão antigas quanto ela, é pouco provável que a vila tinha outras casas que tivessem sido demolidas. O pouco que pudemos apurar é que a casa pertenceu a uma família alemã, de sobrenome Kuntz, e que eles provavelmente batizaram a residência de “Villa Kuntz”.
Em 1913, quando a casa ficou pronta quase nada existia no local além de pequenas chácaras (uma delas, bem diante desta vila era de minha bisavó Maria de Nazaré Simões). Nem mesmo a “vizinha” Vila Maria Zélia ainda existia (seria fundada em 1917), ou a charmosa fábrica do Leite Vigor (que fica aos fundos da vila) que só chegaria ao Belenzinho, também pelas mãos de um alemão, em 1925.
O mapa abaixo, de 1916, mostra que quase nada existia nesta área do Belenzinho onde está a vila:

Em 1916, a Villa Kuntz tinha poucos vizinhos
Apesar de todas estes indícios históricos e de se tratar de um dos imóveis mais antigos do Belenzinho, a Villa Kuntz está esquecida neste canto do bairro. O imóvel sequer é tombado ou está em processo de tombamento. Trata-se um pedaço curioso e pouco conhecido da história de São Paulo que temos de lutar para preservar, não deixando que eventualmente venha abaixo.
Bairro típicamente de imigrantes, especialmente italianos, espanhóis e portugueses, o Belenzinho também tinha sua porção de alemães com as famílias Jordan, Bresser, Boemer e Kuntz. Ainda dispomos de poucas informações sobre a história desta última neste bairro, mas logo vamos acrescentando o que iremos descobrindo por aqui.
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Atualização – 10/12/2019:
Infelizmente a fachada característica da Villa Kuntz não existe mais. Ela foi removida por completo, bem como o acabamento da construção e está em reforma que a descaracterizou para sempre. Como a obra ainda está em andamento não temos mais informações sobre o que será feito no local e tão breve tenhamos novidades esse artigo será novamente atualizado.
Atualização – 16/01/2020:
Depois da destruição da fachada todo o imóvel foi derrubado e agora foi construído uma estrutura parecida com um armazém, a visualização do que é realmente está um pouco dificultada devido ao muro não ter sido removido durante as obras.
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