Inaugurado em 24 de novembro de 1969 por Perry Salles e Miriam Mehler o Teatro Paiol é uma sala de espetáculo que teve sua trajetória especialmente atrapalhada por uma das mais grotescas obras viárias do país, o Elevado Costa e Silva.
A confortável sala foi projetada pelo arquiteto Rodrigo Lefévre a sala não contou com muito dinheiro para ser construída mas o casal Perry e Miriam não tiveram dificuldades em finalizar o projeto com a ajuda de muitos amigos artistas e admiradores.
A entrada do Teatro Paiol em meados da década de 1980:
As poltronas destinadas a platéia foram adquiridas de segunda mão da empresa Folha da Manhã S/A e, para melhorar a acústica da sala recém criada, as paredes tiveram seus tijolos perfurados um a um pelo casal proprietário do imóvel. Hoje, sem forro nas paredes, é possível conferir que os buracos estão lá intactos tal qual há 40 anos atrás foram feitos por Perry Salles e Miriam Mehler.
Os famosos “buracos acústicos” :
A proposta do Teatro Paiol era encenar somente peças de autores brasileiros, apoiando e difundindo a cultura brasileira e para a inauguração foi escolhida a peça Flor da Pele, estrelada por Consuelo de Castro e dirigida por Flávio Rangel.
Entretanto, com a dificuldade de se investir somente em peças de autores nacionais, Salles e Mehler decidiram finalmente abrir espaço às produções internacionais e optaram por iniciar com a obra Abelardo e Heloisa, de Ronal Millaar. Porém o palco ainda não possuia urdimento cênico e para isso foi necessária uma grande reforma, reconstruindo o palco e disponibilizando um urdimento de 9 metros de altura e mais três andares de camarim. Com isso, o Paiol tornava-se o primeiro teatro paulistano de pequeno porte a contar com urdimento.
Com o tempo o local passou também a contar com livraria e cineclube.
A decadência:
Com a chegada do Elevado Costa e Silva, popular Minhocão, no ano seguinte da inauguração do teatro, a região passou a sofrer uma lenta, porém contínua, degradação. Aos poucos, a região de Vila Buarque foi perdendo seus atrativos mais conhecidos como a Boate La Licorne e o local deteriorou-se.
Não demorou muito e o público do teatro, outrora fiel, começou a rarear em meados da década de 1980. Separado de Míriam Mehler há alguns anos Perry Salles já não tinha mais parte no teatro. No início da década de 1990 o Teatro Paiol deixava de ser um teatro, fechando suas portas. Ele logo reabriria novamente como um cinema de filmes de sexo explícito, destino amargo e comum a grande maioria dos cinemas de rua do centro de São Paulo.
Desde 2007 o local está fechado e foi colocado à venda. Seu valor: R$850 mil reais.
Apesar de tanto tempo fechado, o local ainda é uma boa opção para quem quiser comprar e recuperá-lo novamente como uma sala de teatro. O Paiol, mesmo com todas as dificuldades que o centro de São Paulo ainda oferece, especialmente aos apreciadores de cultura, ainda tem fôlego para uma reabertura. Basta vontade, incentivo e reforma.
A capacidade de público é de 245 espectadores e o seu palco possui 11×11 metros.
Interessados em comprar o imóvel podem procurar o Sr. José Roberto Sanches Nieto nos telefones: (11) 3537-2220 ou (11) 7378-1130.
Nossos sinceros agradecimentos a Valentina Caran Imóveis que nos permitiu entrar e fotografar o saudoso Teatro Paiol e ao ator Amilton Ferreira que foi nosso guia.
Por não estar abandonado e ainda possuir condições de uso o imóvel recebeu nosso selo amarelo no mapa geral do São Paulo Abandonada & Antiga.
Faça um tour fotográfico pelo Teatro Paiol (clique para ampliar):
Confira o local através do mapa:
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Bibliografia: Teatros: uma memória do espaço cênico no Brasil – Autor: José Carlos Serroni
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