Sobrados – Rua dos Franceses 99 a 101

Por muitos anos um par de sobrados geminados localizados na rua dos Franceses 99 e 101 estiveram, apesar de tombados, em péssimo estado de conservação. São esses que você observa na fotografia abaixo:

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A imagem inclusive é do período mais crítico do imóvel, pouco depois de praticamente todo o interior das casas virem abaixo, dando a nítida impressão de que seria questão de tempo para a fachada que resistia preservada também sucumbisse. Nas fotografias a seguir você consegue ver a diferença entre a fachada resistindo e o interior já em ruínas.

A região do Morro dos Ingleses é muito valorizada e ainda preserva muitas casas antigas, que enfrentam com frequência a pressão do setor imobiliário. O fato desses sobrados serem tombados em se tratando de Brasil não é algo que de fato protege, uma vez que as multas por abandono e demolição de bens tombados são irrisórias face o valor dos imóveis.

Eis que em 2018 esse cartaz é colocado na fachada, colocando os imóveis novamente à venda e desta vez com as informações acerca da situação dos sobrados junto ao Condephaat.

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Achei que era questão de tempo para alguém comprar consciente da situação declarada para venda e misteriosamente “deixar cair” a fachada para poder construir algo novo. Contudo apesar de serem dois imóveis a área conjunta do lote não é grande o suficiente para erguer uma torre, logo qualquer aquisição limitaria-se a uma construção baixa devido a vizinhos igualmente tombados.

Em processos de tombamento encontrados no Conpresp e Condephaat é possível ver a aprovação de um processo de restauro lá em 2014 em nome da proprietária à época, Francisca Tomi Kawamoto. Apesar da aprovação o imóvel segue por vários anos e atravessa, inclusive, a pandemia sem qualquer modificação ou obra, até que no final do ano passado algo começa a mudar. Agora o imóvel foi reconstruído e sua fachada recuperada, como mostra a imagem abaixo.

enfim, de volta à vida (clique para ampliar)

É bastante satisfatório ver o imóvel recuperado e, o mais importante, em pleno funcionamento. Agora está com destinação comercial e no local funcional uma república com um nome bem sugestivo UDCC (sigla para um Dia a Casa Cai). Espero que isso não venha a acontecer, não é mesmo?


Nota:
*1 – De acordo com dados públicos constantes no IPTU de São Paulo para o ano de 2020 e na ata do Conpresp de 15/4/2014.

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7 respostas

  1. É um imóvel até que fácil de ser recuperado. Eu já vi aqui na minha cidade (Santos) imóveis parecidos e muito bem preservados.

  2. Quem pudesse morar ali mesmo no estado que está…
    São tantos casos parecidos por toda a cidade, e isso se repete por todo o país, sobretudo em cidades médias e grandes. Onde tem uma casa, com ou sem valor ‘histórico’, botam abaixo e no lugar onde moraria uma família de 4 ou 5 pessoas erguem um prédio pra 10 vezes mais, mesmo prédio comercial, de escritórios, sem levar em conta o aumento de pessoas transitando a pé ou de carro, tamanho das ruas, dimensão das redes de água/esgoto e energia, etc.

    Há um outro lado também. Como são grudadas umas às outras, ou muito próximas, os mordores acabam pressionados pelas construtoras pra que vendam seus imóveis já que precisarão de mais terreno para construir um prédio. Oferecem até uma apartamento quitado no novo prédio, sem avisar que as despesas com IPTU serão maiores no imóvel novo, atualizado pela valorização da área e de imóvel novo, além das contas de condomínio que, em geral, os antigos moradores não suportarão pagar pois a maioria é de gente ‘antiga’, pessoas idosas e com renda limitada. Um arapuca das construtoras. Se não vendem, acabam sufocados pelo espigão novo, vivem o inferno durante as obras, se tiverem sorte de não terem seus imóveis atingidos.
    Fico imaginando o porquê do abandono. Herança? Os donos morreram e não deixaram herdeiros?Dívidas? Disputa entre herdeiros quando os ‘velhos’ morrem e não tem jeito, tem de vender pra divir o valor entre os filhos, o que é um direito já que um só não pode ficr com tudo. Em casos assim, o ideal seria que de alguma forma os herdeiros recebessem o valor do imóvel e este ficasse sob a tutela de alguém nmeado pela Prefeitura pra que o conservasse até uma definição sobre o valor histórico ou não. Mas onde arranjar grana pra indenizar tantos imóveis? Ou deveria haver uma lei que facilitasse aos herdeiros vender o imóvel individual, em geral casas residenciais, desde que o novo dono não pudesse demolir a casa pra outra coisa. Ou seja, não impedir a venda, mas é casa fica sempre casa, o comprador sabe que está comprando uma casa e que ali só pode casa, mesmo sem valor histórico, caso queira demolir e construir outra.
    Mas que dá pena dá. E não ocorre só me SP. O brasileiro não é chegaddo a preservar nada, que é dmeolir e fazer novo, acontece até com igrejas, qto mais casinhas antigas…

  3. A marcação no mapa está um pouco abaixo do que é. Este casarão tem a fachada tombada, então não vão demolir completamente. Porém esta casa estava invadida e foi desocupada, a atual proprietária tornou o imóvel inabitável e demoliu completamente os fundos, até a fachada. Acredito que a idéia original era a de construir um predinho, algo assim, mas o tombamento não permite.

    Hoje existe uma placa de venda, mas é dificil alguém ter o dinheiro necessário. Outra hipótese é esperar que sem sustentação em algum momento a frente caia.

  4. Uma pena que moradias tão lindas de bairros tão tradicionais sejam tão desprezadas pelo poder público. Linda casa, em especial o detalhe das duas colunas. Em outras postagens, noto pessoas reclamando de políticos, sobretudo de alguns, cujo nível intelectual é bastante digamos, precário. Porém, quem mais reclama, acredita em nacionalismo barato, que quer depredar o Estado, alegando que manter certos bens e serviços na mão do mesmo, é “coisa de comunista”. Conheço pessoas que trabalhavam em bancos que foram privatizados, e só foram extremamente prejudicadas. Privatização é excelente para grandes grupos econômicos. Eu, da minha parte, sigo lamentando que a memória arquitetônica e histórica do Brasil são hiper desvalorizadas.

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