Em primeiro de maio de 2018 o Edifício Wilton Paes de Almeida foi vitimado por um grande incêndio que pouco depois o colocou abaixo.
Apesar de toda a tragédia envolvida com o incidente, tanto no quesito humano das vidas que se perderam ou que foram desabrigadas, quanto da queda do arranha-céu em si, um único ponto positivo apareceu, na empena cega do edifício vizinho: Uma publicidade de meados da década de 1950 da cerveja Caracu.
Conforme já expliquei em um artigo dedicado ao painel publicitário na época do ocorrido, a publicidade estava ali pois acabou não sendo apagada antes de a parede ser totalmente encoberta pelo novo edifício que estava sendo construído e que em 2018 desabou.
A marca foi colocada ali não apenas por ser uma propaganda, mas por estampar na empena cega do prédio o nome deste, que é o mesmo da famosa bebida, ou seja, Edifício Caracu. Aliás, o prédio foi erguido para abrigar – entre outros – o escritório da Caracu em São Paulo, cuja sede era no município paulista de Rio Claro.
Uma vez revelada, o painel rapidamente caiu no gosto dos paulistanos e se inseriu no cenário tipicamente cinzento de nossa capital, como uma espécie de grafite histórico, já que essa campanha “beber Caracu é beber saúde” é bastante inapropriada para os dias atuais.
Entretanto, meses depois de revelado, o painel não sobreviveu. Mesmo tendo todo um apelo histórico e até nostálgico a publicidade de mais de 6 décadas começou a desaparecer na semana passada, com a pintura da empena cega.

E la se foi a Caracu…
O trágico destino da propaganda da bebida mostra o tamanho do despreparo de proprietários e de autoridades públicas em lidar com fatos novos ou imprevistos em nosso complicado e burocrático sistema de leis e regulamentos.
Por um lado entendo que o síndico do Edifício Caracu pode ter ficado com um certo receio de ser multado pela Lei Cidade Limpa, que proíbe e pune publicidades como esta em fachadas, painéis e empenas cegas por toda São Paulo. Mas por outro, fica também a falta de interesse, tanto por parte de proprietários em saber melhor sobre a lei, quanto da própria prefeitura paulistana que deixou de escapar uma oportunidade de manter preservado um símbolo vivo da história da publicidade brasileira.
Painéis publicitários antigos, alguns até com mais de um século de existência, são bastante comuns nas paredes e empenas cegas de cidades como Nova Iorque ou Chicago.
Aqui, infelizmente, só temos a lamentar e nos entristecer pelo desaparecimento desta publicidade antiga que servia como uma breve viagem no tempo para quem o observava ali. Agora resta contatarmos a prefeitura e fazermos algo para preservar o painel publicitário que ainda sobrevive na região da Praça João Mendes.
ANTIGO CINE PIRATININGA TAMBÉM SOFREU PERDA SEMELHANTE:
No final de 2008 algo bem parecido aconteceu na Avenida Rangel Pestana, no bairro do Brás.
A Lei Cidade Limpa ainda dava seus primeiros passos e muita coisa ainda era confusa para muitos dos proprietários de imóveis com fachadas com algum tipo de publicidade visível. Seja de algo comercial ou mesmo de algo integrante ao próprio projeto do imóvel.
Foi o que ocorreu com o letreiro do antigo Cine Piratininga. Feito em concreto e integrado ao conjunto arquitetônico da edificação onde se encontrava, foi totalmente destruído pois os donos da área não conseguiram à época nenhuma informação clara sobre se o painel feria ou não a legislação municipal.
O resultado é este que você na arte abaixo, sendo a foto da esquerda de outubro de 2008 e a outra de janeiro de 2009:
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