Quem costuma passear pelas ruas Santa Ifigênia e General Osório, na região central de São Paulo, rapidamente nota este enorme edifício quase chegando no final da rua, junto a avenida Duque de Caxias. Trata-se do Condomínio Júlia Cristianini.
Com entrada pela rua General Osório, 188, o edifício é de longe um dos edifícios legalmente habitados mais pessimamente conservados que existe em toda a cidade de São Paulo.
Sua visão é desoladora e reflete claramente a inexistência de uma política urbanística realmente séria para a cidade de São Paulo. Nos últimos dias que ainda havia famílias vivendo no São Vito, por exemplo, ele ainda ostentava uma fachada mais conservada do que este.
UM POUCO DA HISTÓRIA DO IMÓVEL:
O edifício leva o nome de uma pessoa que foi importante na São Paulo Antiga, Júlia Cristianini. Esta mulher na década de 1930 ergueu no mesmo local onde hoje encontra-se o condomínio, o famoso Cine Astoria, que foi inaugurado no ano de 1939.
Por alguma razão o Cine Astoria nunca foi um sucesso absoluto e entrou rapidamente em decadência, vindo a ser demolido logo em meados dos anos 1940. Com a demolição do cinema a própria Júlia Cristianini teria erguido no lugar da sala de exibição, este enorme condomínio residencial.

Anúncio de venda dos apartamentos em anúncio publicitário de 1944.
Uma das histórias que chegaram até nós, e que não foi possível confirmar, é que o edifício foi vendido sem nunca ter sido totalmente completado. Com o tempo, os compradores teriam se cansado de esperar e mudaram assim mesmo. Se esta situação for verídica, é possível entender em parte o estado do prédio e as diferenças entre janelas e esquadrias ao longo da fachada.
DEMOLIÇÃO ?
Caminhar na calçada onde fica o edifício é realmente perigoso. Devido ao estado avançado de deterioração da fachada, não é raro vermos pedaços do prédio se desprender e cair.
Em razão disso há muitos anos existe uma proteção de madeira entre o primeiro andar e a calçada, para proteger os pedestres de serem vitimados por um pedaço de reboque (veja foto abaixo), ser atingido pode ser fatal.
Na situação em que o prédio está é impossível continuar, o prédio oferece risco constante a pedestres e, eventualmente, a moradores.
Entretanto da mesma maneira que o São Paulo Antiga se posicionou contrário a demolição dos edifícios São Vito, Mercúrio e Herrerias, somos também contrários à demolição e desapropriação do Condomínio Júlia Cristianini. No caso do São Vito, até havia inúmeras unidades ocupadas irregularmente, mas no caso deste edifício, a grande maioria dos moradores são proprietários legítimos.
A reurbanização e recuperação do Condomínio Júlia Cristianini é possível, mesmo mantendo seus moradores. O grande problema do edifício é sua fachada desgastada e problemática.
Ao invés do poder público gastar milhões e milhões de reais nas desapropriações de seus moradores, porque não gastar menos com um programa de recuperação e adequação da fachada e restauro das dependências comuns do edifício ? Não precisa ser um grande perito em matemática para notar que irá se gastar muito menos.

Nesta matéria da FOLHA, em 1956, o prédio já era visto como um problema para a cidade.
Além disso, uma desapropriação custa muito ao poder público, porém geralmente a verba é insuficiente para que os moradores comprem uma moradia similar na mesma região.
Resta saber a quem realmente interessa a demolição deste edifício, se ao bem da cidade ou ao interesse de alguns poucos.
Veja a galeria de fotos deste edifício (clique para ampliar):
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