Antes dos bloquinhos de carnaval, os corsos

Chega o mês de fevereiro e São Paulo fica bastante movimentada e animada com os famosos bloquinhos de carnaval espalhados por várias regiões da cidade. Ao contrário do Sambódromo do Anhembi, onde a prioridade é se divertir assistindo aos desfiles, o blocos de rua representam muito mais a alma carnavalesca das pessoas, que pulam, cantam, dançam e paqueram com muito mais interação interpessoal e calor humano.

No começo do século 20 os desfiles de escolas de samba ainda não existiam. O primeiro desfile com a organização como conhecemos aconteceu em 1932, na Praça Onze, Rio de Janeiro, onde onze escolas de samba cariocas botaram seus blocos na rua apresentando até três sambas. A vencedora naquele ano foi a Mangueira.

Mas em São Paulo como o povo se divertia nos carnavais antes do advento de desfiles e bloquinhos? Neste artigo voltaremos um século para observar o já centenário carnaval paulistano de 1923.

carnavalescos em São Paulo, ano de 1923

Ao contrário do que muitos podem pensar a folia corria sim solta na São Paulo antiga, com intensos bailes de carnaval nos diversos clubes e salões de baile espalhados pela cidade, brincadeiras nas ruas protagonizadas por crianças e adultos fantasiados e, claro, serpentinas, pistolas d’água e muito lança-perfume.

E uma forma de festejar o carnaval que era muito popular em São Paulo, especialmente nas décadas de 1900 até 1940 era o corso. De origem europeia o corso chegou ao Brasil na virada do século 19 para o 20 e logo caiu nas graças dos foliões. Inicialmente era um cortejo de veículos movidos à tração animal, especialmente bois, que usavam sua força nos veículos caprichosamente decorados que desfilavam em alguns lugares da cidade, sendo o mais concorrido e aguardado o corso da avenida Paulista.

Carnavalescas paulistanas em 1913 em corso pela avenida Paulista

Era uma Paulista completamente diferente da que estamos acostumados a ver hoje em dia, então com palacetes incríveis no lugar dos arranha-céus que atualmente rasgam o céu paulistano. O corso era levado muito a sério por seus participantes que investiam um bom dinheiro nas fantasias dos passageiros dos veículos e, principalmente, na decoração dos carros.

Com o tempo o que era apenas um corso de carros decorados passou a ser um verdadeiro concurso carnavalesco, com premiações para os carros mais caprichados e para os foliões mais dedicados. Geralmente estas premiações eram oferecidas por veículos de imprensa, como jornais e revista sendo com certo destaque para a saudosa “A Cigarra”. Que cobriu praticamente todos os corsos paulistanos que ocorreram.

Área de retorno do corso, no final da avenida Paulista, no chuvoso carnaval de 1919 (clique para ampliar)

O corso de carnaval da avenida Paulista não era uma diversão de pobres. Podemos dizer que os menos favorecidos eram sempre espectadores do desfile, pois nas primeiras décadas do século 20 ter um automóvel era um privilégio de poucos paulistanos. Na cidade circulavam carros como Ford Modelo T, Hupmobile, Cadillacs, Dodge Brothers, Peugeot e muitos outros, mas em boa parte ficava na mão de famílias abastadas que moravam ou na própria Paulista ou em outros bairros de elite, como Campos Elíseos ou Higienópolis.

Para celebrar o saudoso corso paulistano publicamos abaixo uma galeria com fotografias do corso de exatamente um século atrás, no ano de 1923. Divirta-se com as imagens dos “bloquinhos” de carnaval do tempo de nossos avós ou bisavós.

Galeria (clique na foto para ampliar):

Galeria extra – Carnaval 1913 (clique na foto para ampliar)

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