A rua Amambai, na Vila Maria baixa, é uma via antiga do bairro que no passado servia praticamente de ligação direta entre a avenida das Cerejeiras e o rio Tietê.
O trecho inicial da rua, hoje sem saída e bem na margem da pista local, sentido Castelo Branco, da marginal do rio Tietê, terminava, décadas atrás, em um pequeno córrego que ia de encontro ao rio, em uma das várias curvas do Tietê que foram suprimidas após a retificação.
O mapa abaixo, de 1930, mostra o local exato que é mencionado aqui:

Vila Maria em 1930
Sendo esta uma das ruas mais antigas da Vila Maria, existente desde o loteamento inicial do bairro, ainda hoje possui algumas construções do passado, a grande maioria descaracterizada, e uma ou outra preservada e de arquitetura bem interessante, como a que tem um brasão de Portugal na fachada, no número 716.
Achava que não encontraria mais nada interessante nessa via, até que precisei ir numa rua próxima, cujo término é bem no início da Amambai. Foi quando tive esta grata surpresa:
Apesar de não estar no seu melhor estado de conservação, esta casa é uma verdadeira preciosidade da Vila Maria. Construída entre 1924 e 1930, esta pequena residência é um exemplar vivo da formação deste que é um dos mais conhecidos bairros paulistanos.
Sua arquitetura simples, porém interessante, mostra como viviam muitos dos primeiros moradores do bairro. A proximidade com o rio Tietê antes da retificação devia ser boa por um lado – proximidade a um rio então limpo – e ruim por outra – cheias do Tietê deviam chegar bem próximo a esta casa.
A lona azul no telhado mostra que o forro (estuque) já se foi há algum tempo. A fachada já teve várias cores diferentes, como branca, verde e agora ostenta este laranjão bem forte, mas que mesmo assim deixa a vista do imóvel agradável.
Os detalhes mais interessantes da pequena residência estão no frontão (vide a foto acima). A primeira é um adorno que lembra uma fruta. A outra aquela que provavelmente é a placa original da rua, com o nome ainda escrito de forma antiga “Amambay”.
Não há como não se apaixonar por esta casinha. É uma prova viva do nascimento do bairro e uma ótima maneira de mostrar que a história arquitetônica de uma cidade ou região não é contada apenas por palacetes e mansões, mas principalmente por construções mais modestas, que revelam a vida cotidiana de boa parte das pessoas.
Adoraria fazer um mutirão e arrumar o telhado desta casa e dar uma recuperada e pintura na fachada. Quem iria comigo ?
Veja outra foto do imóvel:
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