Residência de Pedro Antonio Fanganiello

Uma São Paulo sem memória é uma cidade mal agradecida para com aqueles que construíram a grande metrópole que é hoje. Seja o motorneiro do bonde, o médico, o policial ou o político todos tiveram alguma contribuição para transformar no século 20 a cidade tímida que sequer parecia uma capital para a gigante que hoje em dia.

E se não podemos deixar o nome de todos é importante lembrar de alguns que de uma maneira ou outra deixaram alguma marca na nossa história. Hoje falarei um pouco de uma casa cujo morador se envolveu diretamente com a política, medicina e o bem estar do menor durante parte do século passado.

Até poucos anos atrás quem passava pela avenida Rudge, no bairro do Bom Retiro, região central de São Paulo, se deparava com este belo sobrado de esquina com a rua Salesópolis:

cloque na foto para ampliar

Construída na primeira metade do século este belo sobrado foi residência do ilustre médico paulistano Dr. Pedro Antonio Fanganiello, que além de sua dedicação à medicina também teve longa carreira política e ocupou diversos cargos públicos durante sua vida, onde entre eles destaco o extinto Serviço Social de Menores. Fanganiello era cirurgião e tinha consultório na rua Líbero Badaró e residiu nesse casarão que está no número 1034 da avenida Rudge.

publicidade veiculada em jornal paulistano – maio de 1925

A casa onde residiu por muitas décadas era o exemplar mais bonito desta trecho da avenida Rudge que ja é bem próximo da marginal do Rio Tietê. Imagino que em seus primeiros anos de vivência por ali, antes da retificação do rio e sua posterior poluição, deveria ser muito agradável viver por ali.

Contudo com o passar do tempo morar neste trecho da Rudge – e até hoje em dia – não deve ser uma experiência lá muito boa. O local é um tanto fora de mão para quem quer estacionar (a rua do lado é estreita e vive ocupado devido aos funcionários da Legião da Boa Vontade (LBV)), o trânsito é muito agitado e até o início dos anos 2000 convivia com enchentes do rio Tietê.

Contudo mesmo com todos esses obstáculo e até mesmo após a morte de Fanganiello o imóvel permaneceu de pé, seja vazio ou alugado. Foi mais recentemente, durante a pandemia, que o velho casarão sucumbiu e veio abaixo, precisamente no começo de 2021. Entretanto desde então e até o presente momento nada foi construído em seu lugar.

Em 2023: apenas o terreno vazio

Pelo que podemos apurar o imóvel não pertencia mais aos descendentes de Pedro Antonio Fanganiello pois no IPTU consta o nome de uma mulher sem este sobrenome. Entretanto alguns dos imóveis vizinhos são de pessoas com o sobrenome do ilustre médico.

Curiosidade:

Em 1958 o bairro do Bom Retiro teve uma disputa de futebol (torneio amador) cujo troféu em disputa era a “Taça Pedro Antonio Fanganiello”. Por onde andará este troféu hoje em dia?

A casa vista da rua Salesópolis – Último inquilino foi uma clínica médica
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5 respostas

  1. A família Fanganiello era muito grande, inclusive com ramificações no município de Guarulhos.

    No bairro da Ponte Grande, em Guarulhos, há a rua Domingos Fanganiello, que, além de abrigar o estádio municipal Arnaldo José Celeste, foi o último endereço do atleta João do Pulo.

    A curiosidade é que, nesse bairro, a maioria dos logradouros com sobrenomes italianos (Perella, Meliani, Zamataro, Fanganiello, De Mauro e outros) são de famílias que administravam pequenas olarias na região, ou trabalhavam no negócio de extração de areia das margens do Rio Tietê.

    O bairro da Ponte Grande foi, nas primeiras décadas do século XX, fornecedor de grande parte de materiais de construção empregados em obras nos bairros de São Paulo às margens do rio Tietê (principalmente Belém e Vila Maria), sendo todo esse material transportado por embarcações pelo próprio leito do rio.

    Daí fica a questão: será que o imóvelm do Dr. Fanganiello foi construído com tijolos e areia fornecidos pelo ramo oleiro da família, estabelecido em Guarulhos?

  2. Na realidade este casarão era do pai do Dr Pedro, de nome Bernardino Fanganiello, que é nome de rua no bairro da Casa Verde. Morei próximo nos anos 1950/1960.

  3. Olá, Douglas. Parabéns por mais esse registro do passado da cidade. Sempre passava por essa casa no caminho para a ponte da Casa Verde e ficava curioso. É uma região de trânsito intenso, mas gostava de imaginar como seria antigamente.

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