São Paulo é conhecida por ser uma cidade que recebeu um grande número de imigrantes de todos os cantos do mundo. Italianos, espanhóis, japoneses, portugueses, russos e muitos outros povos deixaram suas regiões para tentarem uma vida melhor por aqui e isso também acabou por sugestionar bastante a nossa arquitetura.
Na Vila Mariana temos um imóvel que reflete em seus traços a influência dos povos do oriente médio. Trata-se do Palacete Mourisco.

Construído a partir de 1923 e concluído no ano de 1926 o Palacete Mourisco foi erguido para servir de residência para Gabriel Peres Bru e atualmente é um dos últimos remanescentes dos inúmeros casarões e mansões que existiam nesta região da Vila Mariana. A imagem abaixo mostra o imóvel com suas obras recém concluídas em junho de 1926.

A revista Ariel, publicação existente entre as décadas de 1920 e 1930 dedicada a decoração, arquitetura e paisagismo apresentou algumas imagens internas do casarão, em seu número 36 e que publicamos abaixo:


Localizado no número 775 da rua Domingos de Morais, o Palacete Mourisco é um dos imóveis mais belos e peculiares de nossa cidade, e sua arquitetura possui traços únicos, que faz deste imóvel um dos mais raros não só da capital paulista, mas de todo o Brasil.
Era neste mesmo da Rua Domingos de Morais que existiam a Vila Kyrial, a Chácara Conceição e a Chácara Madre Cabrini, todas propriedades de pessoas abastadas e influentes do cotidiano paulistano.

Não está claro se Gabriel Peres Bru, proprietário do imóvel, era de origem árabe, entretanto a influência mourisca pode ser observada por toda a construção, tanto em seu exterior como no interior. Era muito natural quando imigrantes construíam suas residências, que solicitassem aos arquitetos um padrão que remetesse aos estilos comuns em seus países de origem, ou que trouxesse lembrança das terras distantes de onde vieram.
E é esta influência que faz de nossa cidade uma das mais peculiares do mundo quando o assunto é arquitetura. Diferente de outras grandes cidades do mundo, como Boston ou Londres por exemplo, São Paulo não tem uma arquitetura padronizada.

Nestas outras cidades é comum ver bairros ou ruas inteiras com residências em um único estilo arquitetônico, contudo esta tendência não se reflete no cotidiano paulistano, onde uma mesma rua pode apresentar em seus imóveis uma variedade enorme de estilos.
Por muitos anos o Palacete Mourisco esteve ocupado por uma filial do Instituto Embelezze, escola que forma cabeleireiros, maquiadores e diversos outros profissionais.
Desde o ano de 2018 este palacete, bem como vários outros imóveis nas proximidades são tombados como patrimônio histórico paulistano. Atualmente funciona um hostel no local.
Veja mais fotos do Palacete Mourisco quando ele ainda estava com a cor anterior (clique na foto para ampliar):
* Artigo atualizado em 27/05/2020 – Adição de imagens antigas datadas do ano de 1926 e novas referências bibliográficas.
* Artigo atualizado em 06/05/2020 – Adição de novas imagens e atualização dos atuais inquilinos do palacete.
Bibliografia consultada:
* Correio Paulistano – Edição 21.495 – 13/05/1923 pp 8
* Correio Paulistano – Edição 23.052 – 04/10/1927 pp 11
* Revista “Ariel” – Edição 36 / Junho de 1926
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