Houve um tempo não muito distante que hospedar-se no centro de São Paulo era a primeira opção para turistas, viajantes a negócios etc. Contudo, este cenário foi se alterando à medida que o centro foi deixando de ser atraente, com o surgimento de áreas mais modernas e valorizadas, como região da Paulista, Faria Lima e Berrini.
Com isso, muitos dos vários hotéis da região central foram perdendo hóspedes e passaram a operar no prejuízo, tornando-se vários deles decadentes ou até fechando às portas. Foi o caso nomes conhecidos do ramo, como Hotel São Paulo, Hotel Brittânia (este reaberto recentemente), Hotel Pão de Açúcar, Othon Palace Hotel, o Hilton da avenida Ipiranga e também o Hotel Central.
Localizado na Avenida São João, colado ao Palácio dos Correios, o Hotel Central representou um marco na hotelaria de São Paulo no início do século passado.
Inaugurado na década de 1920, o Central destacava-se dos demais por ser o primeiro da cidade a ter quatro pavimentos. Construído em um estilo muito similar ao que encontramos em Paris, logo tornou-se não apenas em um ótimo hotel, sendo também um excelente local para reuniões e eventos, rivalizando com o antigo Salão Steinway, do outro lado da avenida.
Pouco depois deste hotel estabelecer-se por ali, vários outros foram chegando e deixando este trecho da São João bastante concorrido para o setor. Pouco depois chegou o Hotel São Bento (Prédio Martinelli), Hotel Britânnia e o Hotel Municipal.
A decadência do centro foi um dos principais fatores para que o Hotel Central perdesse clientela num período inicial. Os viajantes passaram a optar por hotéis mais modernos do centro, como o Othon Palace, Hilton e Excelsior, forçando que estabelecimentos mais antigos como o Central fosse baixando os preços e a qualidade de seus serviços.
A instalação do calçadão neste trecho da avenida São João talvez tenha sido o golpe final para o hotel fechar as portas, além da dificuldade de acesso para hóspedes, somado a falta de segurança e concorrência cada vez mais acirrada.
O Hotel Central fechou no final da década de 90 e desde então vive tempo de grandes incertezas quanto a seu destino. Por volta de 2008, no térreo, chegou a funcionar ali um casa de cultura de Angola mas não durou muito. Enquanto isso, as dependências do hotel em si, sofrem com constantes invasões de movimentos de moradia, que contribuem para a deterioração do prédio, que é tombado.
Seja novamente como hotel, moradia popular ou escritórios, o que importa é recuperarmos o edifício do antigo Hotel Central de uma vez por todas. Um patrimônio como este não pode ficar assim.
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