A cada passeio pelo interior, costumo visitar as estações ferroviárias de cada cidade que visito. Mesmo que em 95% dos casos elas estejam desativadas e deixadas no ostracismo, sempre são construções que impressionam pela beleza de seus traços arquitetônicos, apesar de geralmente se encontrarem em completo estado de abandono.
Ao menos em Itapira, se o trem não dá mais as caras por lá, a estação está bastante preservada.
O atual prédio da estação não é o primeiro. A história do ramal de Itapira começa ainda no século 19, em 1882, ainda no Brasil império, quando a cidade ainda era chamada de Penha do Rio do Peixe.
Embora seja mais conhecida por pertencer à Mogiana, foi construída pela E.F. Sapucaí, sendo encampada pouco tempo depois pela primeira, que não apreciou outra companhia em sua área de atuação.
O primeiro prédio era bastante rudimentar e sobreviveu poucos anos, até 1891. Neste ano além da mudança do prédio da estação, houve a mudança do nome da cidade para a sua versão indígena, Itapira.

A segunda estação em foto dos anos 1910.
A nova estação também não era das maiores e logo ficou pequena para o movimento da cidade, tanto de passageiros como de produtos transportados, especialmente o café. Há muitos relatos na década de 1920 sobre o pouco espaço disponível para os passageiros na estação, que eram obrigados a dividir o diminuto espaço com pilhas e pilhas de sacas de café.
A pressão por uma nova estação surtiria efeito, mas ela só seria entregue para a população no final da década seguinte, em 1939. O fato da região de Itapira ter sido um dos focos de combate da Revolução Constitucionalista de 1932 (leia mais sobre isso aqui), pode ter também contribuído para a demora na entrega do novo prédio ferroviário.
A inauguração da nova estação ferroviária foi um grande marco para a cidade de Itapira, que finalmente tinha uma parada digna do tamanho e riqueza da cidade. O novo imóvel da ferrovia apresentava linhas modernas para a época, em art déco, entrada de passageiros separada do setor de cargas, um belo saguão de entrada, dotado de azulejos hidráulicos e uma decoração de muito bom gosto.
A estação, como praticamente todas as demais espalhadas por São Paulo e boa parte do país, acabou sendo desativada. No caso de Itapira a desativação ocorreu em meados dos anos 1980, com a remoção dos trilhos que segundo os políticos da cidade “atrapalhavam o desenvolvimento de Itapira” no ano de 1990. O curioso é que o Brasil deve ser o único país do mundo onde o transporte ferroviário “atrapalha”.
O local ficou fechado e sem função alguma por anos, até que acabou sendo destinado para fins culturais o que ocorre até os dias de hoje. Felizmente, ao contrário de muitas outras antigas estações paulistas, esta se encontra bastante preservada em sua arquitetura.
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