A população de São Paulo ficou sabendo recentemente, através da Secretaria Estadual da Educação, de uma drástica e polêmica mudança nas escolas de nosso Estado, que irá fechar escolas e realocar alunos, com a alegação de uma futura melhora no ensino público estadual.
Longe de ser uma unanimidade, a medida conseguiu desagradar pais, professores e alunos. Esses últimos, por sua vez, serão os mais prejudicados, uma vez que em muitos dos casos estudarão longe de suas casas e perderão vínculos de amizade.
A tal “melhora do ensino público” parece uma meta inalcançável nas escolas de São Paulo. Prédios mal cuidados, com problemas técnicos, carteiras ruins, falta de estrutura. Tudo isso é um grande problema, mas que não é de hoje.
Tivemos acesso exclusivo, ao até hoje desconhecido, dossiê feito a pedido do então diretor geral do Departamento de Educação (hoje Secretaria da Educação) para um levantamento dos então grupos escolares da capital e de algumas cidades próximas.
O documento traz dados alarmantes sobre a situação das prédios escolares e das condições de ensino de milhares de alunos em 68 unidades onde de todas elas, apenas 10 foram consideradas boas. O dossiê revisto atualmente, 70 anos depois de ser elaborado, confirma que o ensino público ainda é um dos maiores entraves para o progresso de São Paulo e do Brasil.
De toda os 68 grupos escolares mencionados no documento, escolhemos 20 deles para mostrar a vocês. Muitas destas escolas existem até hoje, estando em prédios novos ou mudadas para outros bairros.
Vamos a elas!
GRUPO ESCOLAR ALFREDO BRESSER (Pinheiros)
Existente até hoje e no mesmo endereço (a diferença é que atualmente a entrada se dá pela rua Sumidouro) a escola foi criticada no relatório por ser modesta demais para os padrões da cidade, mais parecendo do interior distante. Observando a foto encontramos de foto um prédio precário, decadente e com poucas condições de abrigar uma instituição de ensino.
GRUPO ESCOLAR ALMIRANTE BARROSO (Jabaquara)
Acha lotada uma escola estadual hoje com 40-45 alunos em uma sala de aula ? Imagine então como deveria ser complicado acomodar 1500 alunos em dois turnos em uma imóvel residencial adaptado para receber uma escola.
A ironia do autor do relatório deixa bem clara sua insatisfação com o que encontro ali. Esta escola também existe até hoje e está localizada na avenida Jabaquara.
GRUPO ESCOLAR JOÃO THEODORO (Vila Matilde)
Hoje um bairro populoso e com muitas escolas, entre ela o tradicional Colégio São José já abordado aqui no São Paulo Antiga, o bairro de Vila Matilde já foi uma paragem distante, com seus alunos sofrendo para ter acesso ao conhecimento. O primeiro prédio desta escola era tão ruim que levou o relator a ser dramático no documento.
GRUPO ESCOLAR MISS BROWNE (Pompéia)
Relacionada entre as escolas que irão ser fechadas pelo governo paulista, a Miss Browne é uma das mais antigas da zona oeste de São Paulo, estando atualmente em seu segundo endereço. Era assim que ela se apresentava em 1945:
Localizada atualmente na rua Padre Chico, 70 anos atrás ela estava neste imóvel acima no número 249 da avenida Pompéia. O texto do relator mostrado abaixo deixa claro que o lugar além de decadente era completamente insalubre a alunos e professores.
GRUPO ESCOLAR GABRIEL ORTIZ (Belém e depois Vila Granada)
Há décadas conhecida como uma excelente referência de ensino na zona leste de São Paulo, especificamente para estudantes dos bairros de Vila Granada e Vila Esperança, o Gabriel Ortiz já foi uma escola um tanto quanto distante dali, no Belém, em plena avenida Celso Garcia.
Nesta escola o relator critica o fato do prédio ser incompatível para ser usado como escola, uma vez que é o andar superior de um ponto comercial, inicialmente usado como residência do dono do estabelecimento e agora aproveitado como escola. Salas pequenas e claustrofóbicas que deveriam ter até 15 pessoas, mas que acomodavam de 40 a 43 alunos.
GRUPO ESCOLAR JOSÉ CARLOS DIAS (Casa Verde)
Escola que existe até hoje no bairro da Casa Verde teve um início bem difícil, sendo instalada como muitas das demais em antigas residências convertidas para receber unidades de ensino. O relatório mostra que roubos a escolas já ocorriam em 1945, só mudando o artigo que foi levado.
GRUPO ESCOLAR DUQUE DE CAXIAS
Não conseguimos dados para confirmar se esta escola era na capital ou na grande São Paulo, devido a grande quantidade de escolas com este nome. Porém, tratava-se de um prédio bem conservado onde aparentemente o grande problema era o mau cheiro.
GRUPO ESCOLAR JÚLIO PESTANA (Jaçanã)
Localizada até hoje no mesmo endereço na avenida Guapira, bairro do Jaçanã, o então grupo escolar parecia ser pequeno demais e inadequado para servir como escola. Como o prédio foi realmente erguido para este propósito, é possível que a urbanização da região, em boa parte auxiliada pelo Tramway da Cantareira, tenha deixado-a pequena em pouco tempo.
GRUPO ESCOLAR ARISTIDES DE CASTRO (Mooca)
GRUPO ESCOLAR VISCONDE DE TAUNAY (Bairro do Limão)
GRUPO ESCOLAR BENEDITO TOLOSA (Casa Verde)
GRUPO ESCOLAR PEDRO ALEXANDRINO (Vila Mazzei)
GRUPO ESCOLAR TOLEDO BARBOSA (Vila Guilherme)
GRUPO ESCOLAR PEDRO ARBUES (Vila Nova Manchester)
GRUPO ESCOLAR CÉSAR MARTINEZ (Moema)
GRUPO ESCOLAR REPÚBLICA DO PARAGUAY (Vila Prudente)
GRUPO ESCOLAR JOSÉ BONIFÁCIO
GRUPO ESCOLAR HUMBERTO DE CAMPOS
GRUPO ESCOLAR PEDRO VOSS (Mirandópolis)
GRUPO ESCOLAR NOSSA SENHORA APARECIDA (Vila Carioca)