Muitas vezes quando passeamos pela Avenida Paulista, um dos belos cartões postais da Cidade de São Paulo lamentamos os inúmeros casarões que foram demolidos nesta via.
O mais recente a sucumbir foi a residência de Dina Brandi Bianchi em 2011. Mesmo assim, alguns poucos casarões resistem à ganância sem fim das grandes construtoras.
O que nem sempre notamos é que na via paralela à Avenida Paulista, a Alameda Santos, também existem alguns poucos imóveis antigos, alguns deles centenários que também precisam ser preservados. Um deles, e que felizmente, está preservado e tem uma história interessante é o “Casarão dos Bocaina”.
MAS MOROU MESMO UM BARÃO ALI ?
Coloquei o nome “Casarão dos Bocaina” em aspas por uma razão simples. Não há evidências de que Francisco de Paula Vicente de Azevedo, o Barão da Bocaina, tenha residido neste imóvel. Na verdade, os indícios apontam que apenas um de seus filhos tenha vivido ali, cujo nome também foi Francisco de Paula Vicente de Azevedo, este por sua vez, sem título de nobreza.
Através de pesquisas detectamos que o Barão viveu no bairro de Campos Elíseos e não na região da Avenida Paulista. Aliás é uma lenda de que os casarões da paulista pertenceram aos Barões do Café.
Na Paulista residiam os empresários e industriais, a grande maioria imigrantes bem sucedidos. Apenas dois cafeicultores residiram na avenida, e apenas uma pessoa com título de nobreza imperial, a Baronesa de Arary. Vale lembrar que os Condes Rodolfo Crespi e Matarazzo não eram condes nomeados pelo império, eles eram condes papais.
Em 1911, quando a casa foi inaugurada, celebrou-se o casamento do filho Barão da Bocaina com Cecília Galvão, filha de Carlos Correa Galvão. Por ter sido no mesmo ano da inauguração da casa, é bem possível que a mesma nunca tenha abrigado um barão, apenas o filho dele. O Barão faleceu em 17 de outubro de 1938.
Portanto é bastante improvável – mas não impossível – que o Barão da Bocaina tenha residido ali. Prosseguiremos com as pesquisas.
OS MORADORES
O empresário Dr. Francisco de Paula Vicente de Azevedo residiu nesta casa a vida toda juntamente com sua esposa, Cecília Galvão Vicente de Azevedo, e sua filha única, Maria Cecília Vicente de Azevedo, e puderam acompanhar toda a transformação da região.
Ele, diplomado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, foi agricultor e industrial tendo sido um dos pioneiros da indústria de papel no Brasil como fundador da fábrica de Cubatão.
Foi também fundador da União dos Fabricantes de Papel e secretário da fazenda do Estado de São Paulo. A esposa morreu em 1974 e ele dois anos depois em 14 de agosto de 1976.
Após a morte dos pais, Maria Cecília Vicente de Azevedo respeitou o desejo do pai e manteve o casarão, não cedendo jamais a especulação imobiliária.
Ela viveria no casarão até falecer em 2007 aos 93 anos de idade. Como nunca casou-se e não possuia filhos, os bens pertecentes a ela foram dividos entre os demais familiares e o casarão, infelizmente, acabou vendido para uma incorporadora.
O CASARÃO:
A residência centenária é uma das mais belas construções a resistir na região da Avenida Paulista e arredores. Construção eclética possui dois pavimentos e uma bela entrada com colunas jônicas, além de um jardim encantador. A casa mantém ainda os muros e portões baixos originais e apresenta-se em excelente estado de conservação.
Esta construção de valor histórico incalculável para a Cidade de São Paulo correu em 2012 sério risco de vir abaixo. A proprietária do imóvel, a incorporadora Stan, entrou com pedido de demolição para erguer uma novo empreendimento no local, desprezando a história do imóvel e sua importância para a memória arquitetônica da cidade.
Porém felizmente não conseguiu a autorização necessária pois houve uma movimentação para pedir o tombamento do imóvel pela Sociedade dos Amigos e Moradores do Bairro de Cerqueira César (Samorc), além de outras entidades da sociedade civil e até o São Paulo Antiga.
Com isso a construtora não conseguiu demolir o imóvel mas acabou optando por uma saída honrosa para eles e, principalmente, para o patrimônio da cidade. O restante do lote teve autorização para ser colocado abaixo e com isso o prédio pode ser erguido, além disso o casarão passou por um amplo trabalho de restauro resgatando o esplendor de 1911.
Veja fotos do “Casarão dos Bocaina” após o restauro: (clique na miniatura para ampliar):
Veja fotos do “Casarão dos Bocaina” antes do restauro: (clique na miniatura para ampliar):
Curiosidades:
* O Imperador D. Pedro II concedeu o título de Barão da Bocaina a Francisco de Paula Vicente de Azevedo em 07/05/1887.
* Após a Proclamação da República o Barão da Bocaina retirou-se da vida política dedicando-se então apenas a lavoura e ao comércio.
* Falecido em 1938, o Barão da Bocaina foi o último titular do Império do Brasil a falecer.
* O outro filho do Barão e irmão de Francisco Vicente de Azevedo, o médico Geraldo de Vicente de Azevedo, residia em um casarão em Higienópolis. Existe até hoje e fica na rua Piauí, ele já foi catalogado pelo São Paulo Antiga, clique aqui para conhecer.
Bibliografia:
Correio Paulistano – Edição de 18/10/1938 pp 8
O Estado de S.Paulo – Edição de 16/09/1911 pp 6
O Estado de S.Paulo – Edição de 15/08/1976 pp 47
O Estado de S.Paulo – Edição de 04/09/2008 pp c10
Respostas de 58
Passei hoje na frente, e notei uns tapumes na frente de parte do terreno (mas não em frente à casa). Não consegui descobrir o porquê desses tapumes.
Há cerca de uma década, essa casa era usada por uma entidade beneficente e distribuía refeições para moradores de rua todas as manhãs, por meio de uma janelinha no muro que dá para a Alameda Santos.
@Alexandre
Na verdade não era uma entidade, era a própria dona do casarão que fazia essa obra de caridade.
Pra que todos saibam: Dona Maria Cecilia Vicente de Azevedo que realmente fazia essa obra de caridade. Ela ajudou muito a minha avó, Dona Antonia Pamio Pietrobom. Minha avõ trabalhou um tempo como cozinheira nessa casa e apos alguns anos, foi beneficiada com uma casa na Rua Braço do Sul, Vila Progredior(próximo ao Morumbi) A Dona Maria Cecilia mantinha uma obra social nessa Rua, Varias cazinhas ela mandou fazer para doar aos pobres. Fica aqui o meu registro de repudio e um pedido para que os órgãos revejam a demolição dessa casa.
Este fim de semana passei na frente do casarão e colocaram tapumes em toda a propriedade. Esta com uma placa dizendo que será reformada…
Oi Alexandre, como vai? Lhe digo que sim, existia esse movimento de alimentar os moradores de rua, só que não era uma instituição, era D. Maria Cecília, minha tia -avó que, junto com suas ajudantes, as moradoras da casa, que diariamente cozinhavam e serviam moradores de rua. Elas eram muito especiais.
Minha tia começou a trabalhar com a D. Cecilia aos 13 anos de idade. Viveu e morreu ao lada desta família. Tive o prazer de conhecer a D. Cecilia. O que não foi dito nesta matéria é que D. Cecilia fez voto de pobreza.
Para mim o mais certo seria derrubar o que destoa das casas e bosques do quarteirão…
Essa é história da minha família. Tio Mimi e Tia Cecília, tios da minha mãe. Eu não sei se é a cidade ou o Brasileiro que não quer ter memória. Muito triste mesmo…..
Meu pai trabalhou nesta casa com o Dr.Francisco cujo qual conheci e com D. Cecilia.Além disso, também trabalhou com D.Rosa Raquel , que pagou parte dos meus estudos.Eu fico muito chateado quando passo em frente ao casarão, e vejo as janelas abertas, como se não houvesse cuidado algum com sua preservação.Afinal de contas, ali moraram pessoas pelas quais tenho extremo carinho e em alta conta.O que vejo de comentários enaltecendo D.Cecilia e Dr.Francisco ainda não são suficientes face a bondade de ambos.
O nome de meu pai era Dorival (falecido em 2007).
No facebook-Laercio Mostarda*
Olá, por um acaso tem fotos antigas desse período da casa ou de entornos dela (av.Paulista)?
Boa tarde! Administro site de genealogia e gostaria de copletar os nomes que faltam com referência a família de sua mãe ligada ao ramo do Barão da Bocaina. Ficarei grato e feliz pela sua ajuda. Prof Aristeu
Que linda casa, gostaria de ter dinheiro para compra-la e restaurar totalmente.
Muito boa esta matéria ! Há anos que, quando passo pela Av. Paulista, dou um jeitinho de passar por esta esquina pra conferir como anda este casarão. Sempre quis saber sobre o seu passado, e torço muito pelo seu futuro. Valeu !
…e para variar, deixam as janelas abertas para que a a chuva e outros fatores climáticos acelerem a deterioração do imóvel, com a desculpa posterior de que a cara “desabou” por ser velha. Assim foi com a dos Matarazzo. Infelizmente não temos leis que protejam nosso patrimônio histótico. As leis que existem são apenas relativas e não absolutas, dando sempre uma brecha para que se possa fazer algo contra.
Tempos atrás cheguei a fotografar essa casa. O estado dela era muito boa, porém, com as fotos que vi neste site, está claro o abandono proposital, pois parece-me que a casa foi vendida e só estão esperando o tempo certo para começar a demolição, exatamente como foi feita com a residência na mesma rua demolida há uns 2 anos atrás, na calada.
É uma pena. cada dia um pouco da São Paulo de antigamente vai morrendo.
Segundo episódio do podcast e já estou aqui na pesquisa.
E se invadissemos a casa? Não para morar mas preservar, como um protesto, será que o poder público faria algo? Só uma idéia, ao menos chamaria a atenção.
NOssa eu com certeza participaria dessa heim! Esse casarão é minha paixão!
Alguém sabe como ela está??? Faz um tempo que não passo lá em frente…
Passei há pouco tempo pela Alameda Santos e vi que a casa, como em todos os casos, está abandonada e deixam tudo aberto para que deteriore mais rápido ainda para virem depois com aquela desculpa de que a casa “caiu” com as infiltrações…aquela balela de sempre. Assim caminha a nossa cultura, em que os órgãos públicos e a maioria dos cidadãos dão mais atenção ao que é de fora do país do que daqui dentro mesmo.
Aqui no Rio quando não podem demolir o imóvel a primeira providência e tirar o telhado e a chuva faz o trabalho. Fica só a fachada.
Aqui não fazem/fizeram diferente….vide mansão dos Matarazzo na Avenida Paulista. Após o pseudo-tombamento deixavam janelas e “buracos” nos telhados para que a chuva fosse minando as estruturas…..A explosão que ocorreu após o incentivo da Prefeitura em transformá-lo em museu foi suficiente para abalar a estrutura…a chuva fez o resto.
Triste mesmo. Ainda está de pé oo foi demolida realmente?
Já faz um tempinho que não passo pela Alameda Santos, mas da última vez que passei haviam demolido parcialmete a parte dos fundos e preservado parte da casa. Creio que foi por causa do projeto do prédio que estão construíndo no terreno. Talvez a parte que tenha sido demolida era a última parte da casa que haviam ampliado na sua última reforma/ampliação e não implicava no projeto original. Tive a sorte de entrar nela e fazer várias fotos dessa parte, além de filmar bastante pouco antes de fazerem essas obras. Hoje, realmente, não sei como está. Passei faz uns 5 meses por lá….e 5 meses faz uma diferença danada.
Eu participaria tb
Ficarei extremamente triste se demolirem esse casarão, passo os os dias na frente do casarão, e da pra notar, quem está lá não tem cuidado do local.
Na parte da alameda Santos, não existe mais jardim e sim uma selva.
Hoje passei por lá e tinha um vigia da empresa lá, entrei e fui conversar com ele e perguntei se ele sabia o que estava sendo feito e perguntei se realmente seria demolida e ele me respondeu que somente a parte de trás seria demolida, o casarão seria restaurado, eu pedi para entrar e ele me disse que não pode pq está tombada e talz, aí eu dei uma forçadinha e ele me disse que tinha uma equipe lá dentro olhando a situação do casarão e talz, e ainda me disse que ontem passou por lá uma equipe americana de sei lá o que! rs tinha algumas marcações numeradas nas paredes e retirada de pequenos pedaços de pintura, como se fosse pra analisar material, sei lá! O quintal, o jardim está muito cheio de mato, uma coisa bem largada mesmo.A única coisa que me deixou mais triste ainda foi não ter sequer lembrado de tentar tirar algumas fotos…
Julia Ferreira
Estou profundamente triste por ver o casarão onde morei durante parte da minha infância e durante toda minha adolescência caindo aos pedaços, isso dói muito. Tenho doces lembranças dessa casa maravilhosa e da dona Cici, pois era assim que chamávamos a dona Maria Cecilia Vicente de Azevedo , uma santa mulher que viveu e dedicou sua vida em fazer o bem e ajudar os necessitado. Todos os dias na hora do almoço ela mesma fazia as quentinhas e dávamos para os necessitados na portinha do muro na Alameda Santos, 1978, e muitas outras ajudas que ela proporcionava aos mais necessitados. Fico indignada com o descaso, pois nós brasileiros temos o costume de irmos à outros países para apreciarmos suas historias e memórias enquanto esquecemos e destruímos as que ainda restam em nossas cidades.
Júlia Ferreira
Apenas fazendo uma correção Dr. Francisco de Paula Vicente de Azevedo, casado com Cecilia Galvão Vicente de Azevedo, são parentes do nosso amado Frei Galvão, isso mesmo. A correção que deixo é que o casal não tinha apenas como filha única Maria Cecilia Vicente de Azevedo ela é a filha mais velha, porém tem Dr. João da Cruz Vicente de Azevedo, Dr. Francisco de Paula Vicente de Azevedo, Dr. Pedro de Alcântara Vicente de Azevedo, Dr. Carlos Vicente de Azevedo, Rosa Raquel Galvão Vicente de Azevedo e ( Arnaldo Vicente de Azevedo faleceu criança), todos eram casados, porém quem permaneceu no casarão solteira após o falecimento dos pais foi Maria Cecilia Vicente de Azevedo que faleceu no dia 27.07.2007. Eis parte da história dos Galvão Vicente de Azevedo.
Francisco de Paula Vicente de Azevedo, primeiro e único barão de Bocaina (Lorena, 8 de outubro de 1856 — São Paulo, 17 de outubro de 1938), foi um fazendeiro e funcionário público brasileiro.
Filho de José Vicente de Azevedo e de Angelina Moreira de Castro Lima, irmã de Joaquim José Moreira Lima, conde de Moreira Lima, e de Antônio Moreira de Castro Lima, barão de Castro Lima, e filha de Carlota Moreira de Castro Lima, viscondessa de Castro Lima.
Casou-se com Rosa Bueno Lopes de Oliveira, com a qual teve quatro filhos: Francisco de Paula Vicente de Azevedo, casado com Cecília Galvão Vicente de Azevedo; Lavínia Vicente de Azevedo, solteira e religiosa; José Armando Vicente de Azevedo, solteiro; e o médico dr.Geraldo Vicente de Azevedo, casado com Maria de Lourdes Danso Vicente de Azevedo.
Foi comendador da Imperial Ordem da Rosa em 27 de maio de 1884 e agraciado com o título de barão por decreto de 7 de maio de 1887.
Fundou o Engenho Central de Lorena, foi diretor da Estrada de Ferro São Paulo-Rio de Janeiro e do Banco Comercial de São Paulo.Em 1901, doou ao Governo da República os terrenos para as construções da Fábrica de Pólvora de Piquete, hoje Fábrica Presidente Vargas, e do Sanatório Militar em Lavrinhas.
Parabéns. Como membro da família, pois sou casado com a dra. Thereza Christina Vicente de Azevedo Fontes Garcia, filha de Carlão Galvão vejo com alegria que alguém escreveu certo a Historia dos Vicente de Azevedo, por isso meu muito obrigado. Na Wikipédia escrevam que o Barão da Bocaina morou na casa da rua Piauí onde hoje mora sua neta Margarida Bonetti o que é um GRANDE engodo , já que a ultima morada foi numa bela casa na Rua do Carmo , onde, alias, faleceu a Baronesa da Bocaina em 1954, sendo ela a ultima titular do Império viva na década de cinquenta do seculo XX. Morava com a Baronesa o engenheiro José Armado, seu filho solteiro. A Baronesa nasceu Rosa Bueno Lopes de Oliveira, em Sorocaba a 7 de outubro de 1870, filha de Manoel Lopes de Oliveira e de Francisca de Assis Bueno Lopes de Oliveira. O Barão da Bocaina faleceu em um Hospital localizado na Vila Mariana, o Hospital Santa Rita, em 17 de outubro de 1938. Essa Casa, sem os adendos feitos pelo dr. Azevedo, fez parte do Dote de Dona Cecilia Galvão e existe até documento que prova esse fato. + uma vez OBRIGADO. Jorge Eduardo AF Garcia
Júlia,
Por favor, você tem fotos dessa residência de quando era criança?
é muito triste saber que o destino da casa esta na mão de uma pessoa que não entende o valor que este casarão tem para os paulistanos. Passo todo dia em frente o casarão pois trabalho na Alameda, e sempre tive curiosidade de saber o que era esta casa e a quem pertenceu. Hoje estou me sentindo triste pois descobri através desta reportagem que a casa pode vir a ser demolida. Mas vamos torcer para que não seja feita esta crueldade sem tamanho.
Está no site da Stan, na seção “futuros lançamentos”
JARDINS
ENDEREÇO:
Rua Pe. João Manoel X Alameda Santos
TIPO DO EMPREENDIMENTO:
Comercial
ÁREA DO TERRENO:
2.152m²
NÚMERO DE TORRES:
1
METRAGENS:
40m² a 80m²
PROJETO ARQUITETÔNICO:
Botti Rubin
REALIZAÇÃO:
Stan
Trabalho na segurança do Casarão, estamos ali para preservar o local para que não seja invadido por moradores de rua. O imóvel pertence a construtora Stan,que aguarda a autorização para o início das obras de restauração. Foi comprado por 17 milhões há cerca de 5 anos.
Sr,
Infelizmente não é isso que diz o site da Stan. Se fosse para restaurar não o deixariam chegar ao estado de abandono que está hoje. Fariam um trabalho de manutenção para depois restaurá-lo e não é esse o procedimento correto que estão executando, deteriorar para em seguida restaurar, seria um absurdo sem tamanho, pois o restauro sairia muito mais caro. Não há sentido nisso. Estão colocando panos quentes para depois executar a demolição.
A maior probabilidade é de derrubá-lo, não há dúvidas, pois há muito dinheiro investido e como se sabe órgãos como CONDEPHAAT – cujo critérios para avaliação de uma obra é bastante defasado e duvidoso, pois abre brecha para “N” interpretações, acaba por quase sempre impedir um tombamento ou algo similar. Nunca houve estudo sequer para incentivar a preservação de imóveis em São Paulo e com isso os proprietários acabam vendendo para incorporadoras ou construtoras de obras e estas com o corpo jurídico que tem conseguem o alvará para demolição etc -, inclusive a prefeitura de São Paulo (que nunca vê nada) são omissos em boa parte do patrimônio público e histórico e morosos em resolver tais problemas (todos se aproveitam desses vícios para deitar e rolar). Vimos como os fiscais de obras agiram em São Paulo e os que foram pegos não são os únicos inseridos nesse problema crônico. Por isso não vejo com muito entusiasmo o futuro dessa residência. Será apenas mais uma que tombará mediante o poder do dinheiro. Se não o fosse, aquela casa, na Avenida Paulista, em frente ao hospital Santa Catarina, não teria sido demolida e nem a outra, perto da FIESP também.
Adoraria estar errado, mas os próximos dias dirão.
Não pertenço a nenhum grupo de preservação ou algo similar (sou admirador do que é bonito e bem feito e que já está escasso na cidade), mas também não sou tão ingênuo em acreditar em tal notícia de restauração, até poque não acreditaria que um segurança, contratado pela atual proprietária (acredito que realmente seja para que não haja invasão), fosse se envolver com tal questão. Desculpe a sinceridade, mas vemos esse tipo de situação ocorrer a todo momento. Virou clichê.
respeitosamente
Paulo
Olá meu caro, agradeço suas explicações, talvez eu esteja mesmo otimista em relação a tais questões, não sei mesmo o que realmente se passa por trás dos bastidores da construtora e muito menos da Prefeitura de São Paulo, de fato há muito dinheiro envolvido e isso é um fator que corrompe o ser humano. Se estão com intenções de demolir o casarão é lamentável, e estão encenando muito pra isso, pois aqui já estiveram várias empresas de restauros para fazerem orçamentos e avaliações…
Estou torcendo também pela preservação do local.
Muito grato pelas explicações
Carlos,
Peço desculpas da forma que expressei-me, mas foi de pura sinceridade.
Não sou dono da verdade, apenas expus meu modo de pensar no assunto em questão. Gostaria muito que realmente o imóvel fosse preservado, até porque tal obra (prédio) acabaria ainda mais impactando o já sofrível trânsito na Alameda Santos. Hoje esses laudos de impacto de trânsito são uma verdadeira “balela”, servem apenas para “maquear” as informações para viabilizar a aprovação da obra.
Pelos inúmeros caso semelhantes a esse é que se leva a pensar que o imóvel terá o mesmo destino de muitos que tombaram por pura negligência dos poderes públicos e lentidão no andamento do processos. Muitas vezes para as construtoras vale mais a pena enfrentar os órgãos públicos quando demolem uma residência e terem que pagar uma sansão/multa ou sei lá o que mais a que esses órgãos impeçam a demolição, pois uma vez no chão não há muito o que se fazer. Por isso muitas dessas demolições ainda são feitas em toque de caixa para que não chame a atenção da mídia podendo gerar assim um problema de mobilização da sociedade. Enfim, os dias virão e assim teremos a certeza do que acontecerá.
É uma pena, pois não apenas a residência que conta, mas os jardins da residência, o conjunto total da obra. É mais uma pequena área verde que se vai….
Torço pela preservação, mas sem otimismo.
att,.
Paulo
Carlos, diga-me uma coisa, haveria a possibilidade de eu tirar algumas fotos dessa casa antes dela ruir?
Gostaria de ter uma lembrança dela mais detalhada…
Como disse anteriormente, não faço parte de nenhum grupo ou associação. Não sou jornalista e nem blogueiro…apenas gosto dessas coisas.
att,
Paulo
Sim, claro, eu tenho umas 55 fotos da parte interna e um vídeo q eu fiz ontem e que já está no you tube, assista lá:
https://www.youtube.com/watch?v=pAvBZaDNQPQ
Se quiser pode anexar no seu blog, ok…
Não, eu não sou blogueiro! Não tenho isso não!
O que eu gostaria é de poder tirar alguma fotos da casa, com minha câmera pau-véio !
Por isso queria ver essa possibilidade!
Estarei no local neste domingo, ok?
…acabei indo buscar a minha sogra na praia e acabei de chegar… Poderia ser no sábado que vem?
Pode sim…estarei no local
Ok, procurarei ir o mais cedo possível. Até sábado então e grato pela oportunidade única!
Paulo
Carlos, bom dia!
Há algum horário em especial para ir aí ou pode ser logo cedo no sábado? A partir de que horas estará no local?
Outra coisa, há lugar para estacionar aí ou terei que deixar o carro em outro lugar. Dependendo, vou de ônibus mesmo!
grato
Paulo
Pode ser pela manhã, n dá pra entrar no local com o carro, na rua só é liberado depois das 13 h.
Passei hoje pela manhã na frente desta casa e vi que ela está cercada de placa de ferro. Fiquei muito feliz em ver uma placa onde informava o restauro do imóvel!!
A Casa fez parte do Dote de Dona Cecilia Galvão, dado por seu pai, Carlos Correa Galvão, existindo ainda a carta de doação em posse de sua neta e bisneta, dra. Thereza Christina Vicente de Azevedo Fontes Garcia.
Pessoas de má fé para evitar a venda da propriedade através de tombamento afirmaram que o Barão da Bocaina ali residiu, uma grande de uma mentira e elas não ganharam nada com isso, graças a Deus, pois a casa foi vendida para Stan, conforme era desejo dos verdadeiros proprietários .
Meu pai trabalhou para a familia por muitos anos.Nesta casa ,ele fez muitos serviços de conservação. Me chateia o fato de vê-la “abandonada” e a beira da demolição. Afinal de contas,a bondade das pessoas que ali moraram é dificil de descrever em poucas linhas, sem contar o fato de que toda vez que passo em frente a esta casa lembro-me de meu pai ali trabalhando com alegria, pois a familia o respeitava muito e NOS tratava muito bem.Posteriormente, tive condições de dar uma vida melhor a meu pai, mas mesmo assim, ele negava-se a largar a familia,o que não lhe tirava a razão.
Com certeza, face a bondade deles, Deus lhes reservou um lugar especial.
Saudades de passar na frente do meu casarão, há meses não passo por lá, alguém tem alguma notícia???
só uma pena terem colocado abaixo a parte que informa o ‘não estacione dia e noite’
tinha passado pra clicar, e foi-se.
Alguém sabe quem é o autor do projeto desta casa?
Caro Sr Douglas: Gostei de acessar essa sua matéria aqui na Internet, que fala sobre meu bisavô, o Barão da Bocaina. Poderia colaborar com algumas pequenas correções, se me permite.. O casarão da foto realmente nunca foi do Barão. Foi, sim, presente de núpcias recebido pela minha avó, Cecilia Galvão, ao se casar com meu avô Francisco de Paula Vicente de Azevedo. Nesse casarão o casal morou a vida toda, Tiveram 6 filhos:. Maria Cecilia, a mais velha, que permaneceu vivendo na casa até sua morte, aos 95 anos. Os outros eram: Francisco de Paula (meu pai), Rosa Rachel, Carlos, Arnaldo (que faleceu aos 4 anos) João da Cruz e Pedro.
Sensacional o complemento. Que história maravilhosa!!
Oi, Cecilia! Sabe precisar a ordem de nascimento deles?
Douglas, primeiro quero lhe dar parabéns pelo seu blog você está fazendo um trabalho muito interessante e excelente para a cidade. Eu também gostaria de contribuir para a história dessa casa, porque no momento me encontro aqui tomando um chá, junto com minha mulher. Faz poucos dias abriu aqui um restaurante, após ter sido feita uma reforma no imóvel. A casa foi bem restaurada, foi mantida toda original, e o jardim também está muito bonito. Apenas lamento que tenham construído um prédio alto na parte de trás do terreno, mas talvez esse seja o preço que teve de ser pago para que a casa fosse restaurada
O restaurante não é o Gula Gula, que também há no Rio?
O casarão foi restaurado e agora é um belíssimo restaurante. Uma graça! Vale a pena visitar!
Muito bacana a história deste local! Sempre tive muita curiosidade. Trabalhei na Al. Santos e de manhã via serem distribuídos pães a moradores de rua nesta casa, então sempre tive curiosidade em saber sobre quem morava lá. Obrigada!
O Casarão dos Bocaina está em evidência novamente. Graças ao Podcast do Jornalista Chico Felitti “A Mulher da casa abandonada”, sabemos agora quem é a misteriosa mulher que vive no casarão da rua Piauí, que tem parentesco com os Bocaina.