Se há uma avenida que mudou muito nas últimas décadas na zona oeste da capital, esta via é a avenida Pompéia. Majoritariamente residencial até meados da segunda metade do século 20, era o endereço de muito comerciantes, empresários e também industriais.
Com o tempo, muitas das casas passaram a ter destinação comercial e várias foram demolidas ou descaracterizadas. Apesar disso, podemos ainda encontrar alguns casarões bastante preservados por ali, como este a seguir:
Localizada no número 972 da avenida Pompéia, este magnífico casarão da primeira metade do século 20 hoje possui destinação comercial, mas no passado pertenceu ao empresário de origem armênia Camilo Siufi.
Ele mantinha bem perto dali, no número 930 rua Raul Pompéia, a tradicional Fábrica de Linhas Pavão que encerrou suas atividades aproximadamente em 2001. No local hoje há um edifício com um desses nomes bobos que usam estrangeirismos: “Princeton”. Eu, teria dado o nome “Pavão” ou mesmo “Camilo Siufi”, mas me parece que homenagear alguém que merece não é o forte de nossas construtoras.
Voltando ao casarão, não posso afirmar com toda certeza de que Siufi morou ou se teria trabalhado ali, mas aposto mais na primeira opção. Era bastante comum que os patrões morassem perto de suas fábricas. Em 1961 este endereço tinha em nome de Camilo Siufi um telefone com número 62-4363.
O imóvel está em excelente estado de conservação e é um dos mais preservados da avenida Pompéia. Apenas o muro e portões originais (baixos) não existem mais, algo compreensível tendo em vista que atualmente funciona um estabelecimento comercial.
O nível de preservação da porção exterior do casarão é bem satisfatório. Colunas, detalhes, balaústres, telhado, janelas e adornos da fachada estão impecáveis. A cor da pintura do imóvel é também bastante apropriada, deixando-o belo e discreto.
O imóvel é sede do Buffet Finesse, que é tradicional e considerado um dos melhores deste ramo por clientes e fornecedores. A empresa está de parabéns quanto a preservação do imóvel, que é, sem dúvida, um belo cartão de visitas da empresa.
Nossa legislação de imóveis históricos, bastante arcaica, deveria prever que empresários que optassem por manter estabelecimentos comerciais em construções antigas preservadas recebessem algum estímulo fiscal, seja com desconto em ISS ou IPTU. Seria uma ótima maneira de estimular empresários a preservar nosso patrimônio.
Enquanto isso não acontece aqui em São Paulo por parte do poder público, cabe a nós paulistanos prestigiar empresários que preservam construções antigas, frequentando seus estabelecimentos e indicando-os aos amigos e familiares. Uma troca justa pelo bem de nossa cidade.
Veja mais fotos do imóvel (clique na foto para ampliar):
Saiba mais, veja outros imóveis que visitamos na Avenida Pompéia:
- Casarão – Avenida Pompéia, 929
- Casarão Demolido – Avenida Pompéia, 634
- Sobrado – Avenida Pompéia, 193
- Sobrado – Avenida Pompéia, 157
Conhece algum outro estabelecimento que mantém o imóvel preservado ? Diga para nós aqui nos comentários !
Respostas de 14
maravilhoso !!!!!!
Que bacana, minha festa de casamento foi no salão que funciona atrás dessa fachada linda. Escolhemos justamente pela localização, e só depois nos demos conta de que a fachada ficou perfeita para as fotos.
Derrubar uma construção dessas para construir um edifício, é um crime.
Magnífico!
Olá Douglas, admiro demais o seu trabalho e sempre estou atenta a todos seus artigos e imagens. Parabéns! Acabo de fazer um livro sobre a história de São Paulo através das vitrinas, desde 1890 até hoje, com imagens de vitrinas. Vc vai gostar… veja no meu face ou instagram. Sylvia Demetresco
Quando criança ia ao Hospital São Camilo , havia muitos casarões na Avenida Pompéia, hoje quase não existe mais, uma pena.
Parabéns, Douglas, pelo belo trabalho, fruto do olhar amoroso com que você observa a nossa Paulicéia, nem tão desvairada, afinal!
Espero que esta aí dure por muito tempo deste jeito em que se encontra e, caso necessário, com a devida manutenção e preservação.
Lindissimo!
Parabéns pelas fotos maravilhosas e da pesquisa tbm.
Eu sempre ADOREI ver fotos dos antigos casarões .É admirável de ver o que usavam e traziam da Europa em material.
O QUE mais me deixava no imaginário, era a parte interna.
OBRIGADA
ANGÉLICA
Olá! Era apenas moradia!
Douglas, espero que voce ainda monitore este blog. Eu estou pesquisando a história de minha familia há anos. Os meus pais se encontraram na fabrica de linhas em 1935 e casaram-se em 1946. Minha mae trabalhou estes 9 anos lá. Meu pai parte disso. Tenho fotos deles na fabrica nesta época, ams estou prucrando mais dados e fotos da fábrica. Eu nao cheguei a conhecer o Seu Camilo, mas conheci o filho dele,(nao me lembro o nome), quando minha mae foi visita-lo para pegar uns papeis para aposentadoria por volta de 1969. Eu me lembro a alegria dele em reencontrar minha mãe e conversar sobre as meninas todas que trabalharam lá. Se voce quiser mais informações, me cotnate neste email. Terei prazer em ajudar.
Douglas, bom dia!
Meu pai, Emílio Tosin, trabalhou na fábrica de linhas Pavão por mais de 40 anos. Conheceu minha mãe lá, Odette Nicolette Tosin. Eu e meus dois irmãos crescemos na fábrica, pois meu pai e minha mãe moravam lá após o casamento.
Saímos de lá em 1979, se não me engano.
Você está correto na afirmação, Sr Camilo Siuffi, proprietário da fábrica, morava no casarão da Av Pompéia.
A fábrica infelizmente deu lugar a um edifício e parte da história da Pompéia se perdeu. Aquela construção deveria ser preservada, uma pena!
Abraço
Sérgio Tosin
Bom dia Délio!
Meus pais trabalharam na fábrica. Meu pai por mais de 40 anos.
Morei lá até os 15 anos.
Boas histórias!!