Sabemos que o cenário urbano paulistano sofre bastante mudanças com o passar dos anos. No entanto, alguns lugares da cidade, parecem praticamente inalterados, mesmo já quase um século depois. Um bom exemplo é este aqui:
Instalada no início do século 20 na Mooca, a extinta Casa Vanorden, localizada na rua Borges de Figueiredo, foi uma das mais importantes tipografias de São Paulo, fornecendo materiais paras as principais repartições públicas estaduais e municipais, além das estradas de ferro.
A foto acima, bastante rara por sinal, é do ano de 1922 e mostra um trecho da Borges de Figueiredo que permanece, neste ângulo, praticamente inalterada. A Borges de Figueiredo é a que tem os trilhos de bonde na foto, enquanto onde está a carroça é a rua Monsenhor João Felipo, uma travessa curta e sem saída que dá para uma das entradas da Estação Mooca da CPTM.
Na ponta direita da foto, aparece uma chaminé que é da Antarctica Paulista, do outro lado da via férrea, na avenida Presidente Wilson.
Agora vamos observar a fotografia abaixo, que é a atual:
Pouco ou quase nada mudou no cenário, passado mais de 9 décadas. Bombardeado durante a revolução de 1924, o prédio sofreu algumas mudanças visuais pequenas. O andar superior ganhou um pouco mais de espaço tanto na parte do imóvel que está na Borges de Figueiredo, como na travessa do lado direito.
A área aberta a direita, na rua Monsenhor João Felipo, ganhou um galpão que por anos pertenceu a ferrovia Santos-Jundiaí, e que hoje opera uma locadora de veículos. Já o paralelepípedo por sua vez deu lugar ao asfalto. Um dos postes, diante da antiga tipografia está na mesma posição até hoje. A chaminé da Antarctica está por lá ainda. Por fim, chama a atenção na fotografia atual a enorme poluição visual causada pela fiação aérea…
Por quantos ainda este belo cenário parado no tempo irá sobreviver ? Bem diante da velha Vanorden, ficava o Açúcar União que deu lugar a um condomínio residencial. Da velha refinaria sobrou apenas a chaminé.
Abaixo uma vitrine com produtos da Casa Vanorden em 1919:
Respostas de 22
Bem a cara da Mooca.
Tem até a marca do trilho no asfalto! Loko hein!
Acho que aquilo ali é a famosa marca do lixeiro. Que vai espremendo o lixo no caminhão, para compactar e o chorume cai no asfalto. Mas o trilho deve sim de estar embaixo ali do asfalto.
Houve um ano que cheguei a ver os trilhos do bonde lá na Avenida São João.
Puts foi emocionante, pena que só eu pude apreciar na época. Não via ninguém se interessando em saber de onde saiu aquilo…
aumentaram o segundo andar. Fzer um loft aí seria legal (mantendo a fachada e as janelas, claro)
Gostaria que a Prefeitura tivesse a mesma visão que o site……
Tb fica visivel o estrago promovido pelas empresas de iluminação ao longo do tempo com a instalação sem critério dos seus postes (como de resto em toda cidade).
Amei a matéria. Saudades – na minha adolescência (final da década de 70) trabalhei na referida Companhia União do Refinadores Açucar e Café (ótima empresa).
Legal a história,impressionante ele estar praticamente intacto por quase um século! A melhor utilidade para um prédio desses depois de restaurado seria um centro de comércio e serviços, com lojas, restaurante, etc pois tem muitos codomínios em volta do local sem falar da estação do lado.
Seria ótimo também se a fábrica da Antártica passasse por um retrofit interno e virasse um prédio de escritórios, acabaria com o marasmo da estação da Mooca, hoje sub-aproveitada.
Verdade, bem a cara da Mooca.
Parece que ainda exista uma atividade no terreo, o que é que está funcionando por aí?
Seria otima uma recuperaçao do predio e dos demais vestigios industriais que ainda resistem naquele pedaço de Sampa.
Uma cidade que quer ter um futuro (e com ela a sociedade que nela vive) tem que enfrentar o dilema da perda de funçoes tipicamente urbanas que nao estejam unicamente voltadas ao amplo setor dos “servicios”, como, por exemplo, as funçoes produtivas. Uma revitalizaçao das velhas industrias com atividades artesanais seria um otimo começo para reverter a desertificaçao produtiva da cidade.
Sei que o assunto é por muitos dificil de se entender, mas é questao bem em pauta onde vivo e resido.
Um abraço
Douglas, você sabe se esse prédio é ocupado atualmente???
Sim, funciona uma empresa e um estacionamento.
Obrigado, valeu. 🙂 🙂 🙂 🙂
Douglas os passeios por Sao Paulo Antiga esta acontecendo gostaria de receber informação
Olá Pedro, como vai ? No momento não, eles retornam a partir de abril próximo.
Abraços
Ótima matéria, passei muito por ali o tem que trabalhei numa gráfica e nunca havia reparado no detalhe.
Muito bom! Você tem referências de onde tirou estas informações? Seria muito útil pra minha pesquisa envolvendo as gráficas paulistanas do século passado.
Obrigada, Jade
Os dados da Casa Vanorden eu retirei de uma revista de 1922 chamada “A Ilustração Brasileira”. Edição alusiva ao centenário da independência do Brasil.
Douglas, estou fazendo um trabalho acadêmico sobre a região. Poderia me passar a fonte sobre o bombardeio da casa na revolução de 1924?
Olá. É possível utilizar essa foto antiga pra ilustrar uma capa de livro? Se sim, tem que pagar algum valor? Obrigado
consulte pelo email: contato@saopauloantiga.com.br
Muito importante essas informações, a Mooca me surpreende cada vez mais e isso me faz Amar mais e mais essa minha República Federativa da Mooca.
Oi, Douglas. Tudo bem? Sempre acompanho suas postagens neste blog e esta em particular é uma das minha favoritas. Você lembra onde encontrou a foto da vitrine da Casa Vanorden de 1919? Procuro ela há um tempo, mas nunca descobri onde está o original. abrs
Antiga linha de Bondes da CMTC, que foi extinta na Moóca em 30 de Outubro de 1958 a pedidos da EFSJ, sendo substituído por uma linha de trólebus que fazia o mesmo percurso. Um caso no mínimo curioso, a linha foi suprimida sem aviso prévio, pegando quem usava a linha de surpresa.