A Mansão inacabada da Rua Evans

Continuando a série de artigos que prometi sobre a querida Vila Esperança, irei abordar um imóvel que desde minha tenra idade desperta a minha curiosidade e está na Rua Evans.

Essa importante rua da mais esperançosa das vilas paulistanas liga a parte alta do bairro, compreendida principalmente pela Avenida Amador Bueno da Veiga até a parte mais baixa do bairro, onde está a junção das ruas Dr. Heládio e Alvinópolis.

Trafego por essa rua desde que me dou por gente e ela sempre foi caminho do meu ônibus de casa para o colégio, no caso o São José de Vila Matilde. Além disso ela era sempre caminho pro meu pai passar de carro, algo que acostumei a fazer e faço até hoje (um pouco menos agora que não moro mais nas imediações).

É já na parte baixa da rua que está um imóvel que sempre me intrigou e que desde criança acostumei a chama-lo de: A mansão inacabada da Rua Evans.

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Localizado na esquina com a Rua Dezenove de Maio, trata-se de uma enorme construção que ao menos desde a primeira metade da década de 1980 está na mesma situação, inacabada.

A mansão – se assim podemos dizer – parecia que quando pronta se transformaria na mais suntuosa construção de toda Vila Esperança e arredores. Entretanto por algum motivo ela jamais foi concluída.

Quando criança tinha alguns colegas de escola que moravam perto, na Rua Otília, e morríamos de medo de andar na calçada dessa casa pois acreditávamos que ela deveria ser mal assombrada ou algo do gênero. No entanto conforme fui crescendo a percepção que passei a ter é que algo mais real possa ter acontecido.

Torre da igreja Nossa Senhora da Esperança se confunde com o imóvel (clique para ampliar)

Teria seu proprietário falido ? Será que perdeu o emprego e não teve mais dinheiro para concluir ? O arquiteto fugiu e levou a planta consigo ? Desde que vi essa mansão pela primeira vez e até hoje perguntas como essa me passam pela cabeça, mas jamais encontrei alguma resposta.

De qualquer maneira, seja lá qual for o motivo que fez com que esta verdadeira mansão jamais fosse concluída, é inegável que seu idealizador sonhou alto ao decidir construí-la nesses padrões completamente acima dos estabelecidos neste bairro.

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Mesmo não concluída a casa tem sua elegância. O gradil baixo junto a calçada deixa o imóvel bem visível a todos que por ali passam. Na entrada do imóvel seis longas colunas dão a sustentação a uma sacada ousada que segue o andar superior do imóvel tanto na sua porção fronta quanto em suas laterais.

Ainda no piso térreo uma porta dupla de ferro serve de entrada principal para a residência. Sobre ela três grandes janelas idênticas denunciam o pé direito alto do que provavelmente são a sala de estar e de jantar.

No andar superior dois quartos bem grandes e bem iluminados por janelas grandes (na verdade em cada quarto são três janelas em tamanho padrão dispostas juntas), além de cada quarto possuir uma porta pra sacada, que sem gradil ou balaústres torna-se perigosa. A casa ainda tem uma edícula bem grande no fundo do terreno e também uma ampla garagem cujo acesso se dá pela rua ao lado.

Será que um dia saberemos a história detalhada dessa casa ? E será que ainda existem planos de concluir a propriedade ? Ao todo são mais de três décadas sem mudanças.

Caso você tenha alguma informação que possa complementar esse artigo entre em contato conosco!

Veja mais fotos (clique para ampliar):

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47 respostas

  1. Puxa vida, que legal, a moradora já viu a postagem. Por favor conte pra todos nós o que aconteceu. Essa casa realmente tem uma arquitetura muito linda

  2. Olá Douglas Nascimento, para colaborar com sua postagem e responder algumas perguntas que foram formuladas por voce nesta publicação, venho te contar alguns detalhes desta casa. Esta casa comecou a ser construída em meados do ano de 1961 por um próspero comerciante chamado Miguel Giarletta, que por acasião do início da construção, possuía um mercadinho, um armazém, como era chamado este tipo de comércio na época, ele era casado com a Sra Izabel Munhoz Giarletta, que também trabalhava com ele no comércio e os anos eram bons e ele então decidiu iniciar a construção do imóvel em questão. O casal possuía 3 filhos, Marlene Munhoz Giarletta, Adalberto Munhoz Giarletta e Ronaldo Munhoz Giarletta, este último que lhe escreve no momento. A casa realmente era suntuosa para os padrões da época, e pretendia ele que fosse de fino acabamento e conforto para abrigar a família, porém, como não havia financiamento fácil naquele tempo, a casa foi construída com recursos próprios que eram excedentes de capital e assim, levou quase 9 anos para que ele conseguisse terminar a parte interna da casa, que ficou pronta em meados de 1971. Fomos então morar na casa, mesmo que inacabada, neste momento, minha irma já havia se casado com o Sr Manuel Fernandes Moreira e já não morava mais conosco. Os anos passaram e o comércio ja não ia tão bem e então ele desistiu de terminar a casa por fora, já que o dinheiro dispensado seria muito alto para aqueles anos difíceis que vivíamos então. E moramos lá por muito tempo e nossa família foi muito feliz alí. Em 1995, o Sr Miguel Giarletta faleceu e a casa nunca mais foi terminada. Hoje ela ainda é habitada pela minha irmã, a Sra Marlene Giarletta Moreira que mora lá com sua família. Muitos mito e fantasias foram criados sobre a “mansão” da rua evans, mas garanto a você que é apenas uma residência comum que nasceu do sonho de um grande homem. Abraço.

    1. Ronaldo, muito obrigada por sua simpatia e solicitude. Mais compreensivo que pessoas que comentaram no grupo da Penha, no qual compartilhei sem maldade, apenas porque sei que o casarão faz parte da memória afetiva de muita gente. Eu mesma, há mais de 20 anos tenho morado em varias partes do Brasil, porém, assim que vi a matéria me lembrei logo do casarão com muito carinho.
      Seu pai certamente foi como muitos comerciantes de São Paulo: estrangeiro, ou filho de estrangeiros, que trabalhavam muito de domingo a domingo para poderem, após muitos anos, desfrutar um pouco de conforto com a família. São Paulo não seria a mesma sem esses empreendedores incansáveis. Parabéns a seus pais pelo conjunto da obra e a você por sua compreensão com o impacto que o querido casarão causa.

    2. Que legal ler o relato de alguém que acompanhou de perto a construção da casa e todos os detalhes. Obrigado por compartilhar um pouco dessa história

    3. Eu sempre tive curiosidade para saber a história da casa. Obrigada Ronaldo por nos contar!

    4. Que legal! Já morei na Rua Eva Oins e sempre tive curiosidade em conhecer a família e sua história.

    5. Romaldo, se não for pedir mto, por favor mos mostre algumas fotografias do interior da casa, ou oq ainda tem da época da construção… Sou apaixonada por ela! Perfeita como esta!

  3. Gostaria que fosse mais profundo este artigo, com pesquisa e não só o que se pode observar a olho nú.

  4. Achei que viria aqui para ler a história da casa… Mas me decepcionei.
    Excelente jornalismo ! Chamar as pessoas para fazer seu trabalho… hahahaha

    1. O site é colaborativo, desde o princípio trabalho assim. E assim já conseguimos catalogar e até tombar casas que ninguém sabia que existia. Mas se você pode fazer melhor não perca tempo, faça!

      1. É levantando questionamentos e dúvidas que se chega a bons resultados. Essa é uma maneira excelente de reviver a história: buscando informação com quem viveu o momento. Parabéns pelo seu trabalho!!! E se não fosse por certos espiritos de porco talvez a história não fosse tão interessante. rs.

      2. Eu adorei saber sobre a casa!! Apesar da falta de acabamento, ela é imponente…
        Uma vez fiquei sabendo que, as pessoas que moram ali, tem algum vínculo com aquele restaurante Chico, da Ponte Rasa…
        Abraços
        ” Eu adoro essas histórias, fico imaginando como era tudo nessas épocas “

  5. Saudade da minha infância quanto corri por essas ruas, a sessenta anos mudei daí mas hoje recordo os bons tempos de infância. Lembro do lixeiro,leiteiro,verdureiro e outros mais passando com suas carroças , os jogos de varzea e o carnaval e que carnaval!!!

  6. Lembro bem desta casa.. realmente chamava a atenção da gente… Será que está desabitada? Nenhum Visinho sabe da história?? Não deve ser difícil descobrir.

  7. Bom dia essa casa era do Tio da minha Cunhada, que faleceram os dois, ai esta na mão de filhos até hj, se quiser entre em detalhe com a filha que mora lá talvez possa dar mais detalhes, Marlene abs

  8. Boa tarde, eu sou neto do idealizador desta casa e teria prazer em lhe falar tudo sobre ela

  9. O nome do proprietário era Miguel. Uma filha reside no local e pode dar todas as informações necessárias.
    Não lembro o sobrenome, mas ele tinha um pequeno comércio pouco mais abaixo, na Rua Evans, em frente onde hoje é o Village.

  10. Douglas Nascimento da uma forcinha pra essa matéria chegar até o Luciano Huck pra reformar essa mansão histórica ela é muito bonita e tem muita história mesmo é muito conhecida . Daria uma bela e interessante matéria depois de reformada. Por favor da uma força!! Quem deu a ideia foi a própria dona da casa e eu achei o máximo.

  11. Sou arquiteta moradora do bairro e sempre me encantei por essa casa, seria um grande prazer restaura-lá!
    Adorei conhecer um pouco mais de sua história!

  12. Essa construção não é inacabada, é apenas muito antiga.
    Há aproximadamente 20 anos entrei nesta casa, pois nela morava uma costureira que confeccionou uma de minhas fantasias para apresentação na escola.

  13. Adorei a reportagem e ainda mais a resposta do antigo morador Ronaldo Giarletta. Parabéns!

  14. Morei na Evans de 71 a 2006. Tive a oportunidade de entrar nesta casa uma vez, não lembro o motivo, mas por dentro era linda.
    Estou curioso também. Sempre houve muita especulação sobre a decoração externa.

  15. Que linda História!!! Moro na Vila Esperança a 40 anos, estudei no Colégio Olivetano e hoje é meu filho que estuda lá, e essa casa sempre está no nosso caminho e sempre, sempre, sempre comentamos dela!!! O que teria acontecido? Por que não havia sido acabada? Que casa linda seria…Fiquei muito tocada com o depoimento do Ronaldo Giarletta, que vivenciou toda a história da casa!!! Muito Obrigada por nos contar Ronaldo! Aqui em casa foi nossos pais que construíram nossa casa também e foram anos…e anos de construção (uns 25 anos), até a linha de telefone foi vendida na época pra pagar uma das lajes, épocas difíceis também!!! Mas aqui conseguimos terminar!!! Super apoio essa história ter um final mega feliz com a “Mansão” finalizada!!!

  16. Conheci bem essa casa, pois nasci nessa rua e meus vizinhos eram parentes da dona Marlene e do Sr Miguel! Brinquei muito com o filho deles, o Adalberto. Um de meus vizinhos foi morar nessa cada, então, era muito gostoso brincar aí porque a casa era muito espaçosa e nós corríamos muito em volta e dentro dessa casa, linda e imponente! SDS desse lugar que marcou muito a minha doce infância!

  17. Mais uma marcante matéria. Parabéns, Douglas, achei interessantíssima a história da casa. Uma pena que ela não tenha sido concluída, tal como planejado. Se eu pudesse, contribuiria para completar o acabamento dessa exótica e bela moradia. Eu vivi no Ipiranga, e os anos de 1970, para nossa família e meu pai, que era construtor autônomo, foram melhores do que a década de 1980, tempos mais adversos. Ansiei muito com melhorias na casa que eu adorei viver, pois até hoje sonho com ela. Em 1990, infelizmente, meu pai acabou falecendo, e eu não segui a carreira de construtor ou engenheiro civil para assim, poder efetivamente favorecer a arquitetura da cidade, visando sobretudo a manutenção da parte histórica. Torço para que pessoas bem intencionadas o façam.

  18. Que bom que ainda se conserve assim! Não atiraram pedras nos vidros, não fizeram aquela ‘arte’ costumeira de rabiscos só compreensíveis para os ‘iniciados’… está, em termos relativos, conservada. Tomara alguém se manifeste sobre sua história -e que terminem a construção!

  19. Parabéns Douglas pela bela matéria, obrigado Ronaldo Giarletta por matar minha curiosidade de anos, moro na Guilhermina e sempre passo por ali, e me perco imaginando a casa concluída, mais uma vez obrigado.

  20. Sou nascido e criado na vila esperanca meu avô uns dos pioneiros chegou em 1925 na rua Maria carrota
    Lembro que ao lado do viaduto da vila Matilde existia uma torre conhecida como de um centro espírita, como sugestão achoj que seria um ótimo tema

  21. Oii,sua matéria é maravilhosa e sou estudante da escola são José e me interesso muito por jornalismo e ver sua matéria foi maravilhoso e queria perguntar-lhe se quem vai até a mansão se pode entrar nela?

  22. Eu acompanhei o início da construção dessa casa, ele tinha uma venda um pouco maiss pra baixo da construção, ele faleceu ficou parado….muito a anos depois resolveram morar lá do geito que estava….e nao fizeram nada até hoje….me esqueci o dono da venda

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