Demorou mas aconteceu. Após anos e anos de abandono e descaso, a Fonte Monumental foi entregue restaurada à população na semana passada.
A Praça Júlio Mesquita, localizada na Avenida São João, finalmente tem um bom motivo para voltar a ser visitada. A recuperação da Fonte Monumental trouxe de volta à vida ao local, que há muito tempo havia deixado de ser frequentada por turistas, famílias e até por muitos de seus moradores vizinhos, assustados não só com o triste abandono da obra Nicolina Vaz, mas também com o risco de assaltos e a sempre enorme quantidade de lixo deixada pelo local.
A recuperação levou vários meses e trouxe de volta o brilho que esta região possuía na primeira metade do século 20. A pressão do site São Paulo Antiga, através de suas reportagens e denúncias contra o descaso ante este que é um dos mais belo monumentos da Cidade de São Paulo, foi fundamental para a recuperação da obra. Em 2009, moradores do entorno da praça procuraram o site São Paulo Antiga para denunciar uma pichação no mármore da fonte, que a prefeitura estava negligenciando. Após nossa reportagem visitar o local, a prefeitura removeu a pichação.
O restauro trouxe também de volta as famosas lagostas que adornavam o monumento originalmente (veja foto abaixo), mas que haviam sido retiradas após um furto.
A polêmica vidraça:
O ponte de maior discussão no restauro da Fonte Monumental é a polêmica vidraça que envolve o monumento. Apesar de protegê-la contra atos de vandalismo e eventuais roubos, a vidraça é um atestado de incompetência do poder público em proteger seus monumentos. Se o restauro foi feito com méritos, a vidraça escancara aos olhos de cidadãos e turistas a falência do Estado na proteção de nossas obras de arte espalhadas pela cidade.
Não podemos aceitar que nossos esculturas estejam aprisionadas e a população privada de um contato mais próximo com os monumentos públicos. Neste primeiro momento, talvez seja necessário manter a “cerca” mas gostaríamos de vê-la livre desta vergonhosa muralha transparente. Será que passado o calor da inauguração este vidro será limpado com frequência ? Iremos acompanhar.
O restauro da Fonte Monumental é um importante passo para a revitalização do combalido centro de São Paulo.
Veja mais fotos da Fonte Monumental (clique na imagem para ampliar):
Fotos e Agradecimentos: Zabarov
Respostas de 22
A cidade de São Paulo tem monumentos históricos belíssimos que merecem mais atenção da parte dos órgãos públicos, este atoa de proteção que fizeram neste monumento de primeiro momento eu acho que é necessário, mais eu também gostaria de ver esse monumento livre dessa proteção daqui alguns meses… Parabéns pela matéria…. Adorei o restauro da fonte…
Eu tambem achei um belo trabalho de restauracao, mas infelizmente a protecao em volta do monumento e’ o reflex da falta de educacao e civismo do povo brasileiro… Esta faltando muito cultura e amor `a nossa historia.
Nao duvido nada que um dia desses ate’ os vidros da protecao desaparecam….
Se tirar a vidraça. adeus proteção.
Para usufruirmos de bens públicos preservados precisamos exigir que as pessoas os preservem. Não podemos exigir tudo do governo. A prefeitura não é a mãe de todo mundo.
Se houver vandalização da praça, é sintoma de que alguma coisa faltou no processo. Quando se envolve a comunidade na preservação, elucidando a importância do bem, delega-se responsabilidade na conservação, desonera-se o Estado e empodera-se a população. Quem não sabe o valor das coisas, não respeita. Se o ciclo fosse todo feito, não seriam necessários os vidros. Só restaurar e entregar não é tudo, é 1/3 do trabalho.
Acontece que isso supõem uma educação sofisticada e consolidada, algo que leva séculos – e demanda a presença de uma autoridade que preserve valores elevados, algo que temos pouco, e o pouco que temos tratamos de desrespeitar. Enquanto não temos educação vamos recorrer ao policiamento e à restrição.
Durante muitos anos passei pela praça Julio Mesquita, passava ao lado desta fonte. Ia encontrar minha namorada no trabalho, depois alguns anos ia encontrar então minha noiva e alguns anos depois íamos juntos, na época já casados, jantar no restaurante La Farina, talharim a parisiense, o favorito dela, na rua Aurora… Após o jantar, nesta mesma praça, era o ponto do nosso ônibus e voltávamos pra casa cochilando ela no meu ombro. Que saudades!
Respeito a nossa historia esta acima de tudo, e cada um de nos somos responsaveis `a preservacao dessa historia.
Na Europa nao existe esse tipo de problema. Isso se chama cultura.
Não procede a tal “falha” das autoridades” em proteger o monumento..
A falha é de caráter do nosso povo! Gente que em sua imensa maioria não pertence a esta cidade. Não tem laços nem pé fincado por aqui. Predadores alienígenas que fugidos de suas terras miseráveis e aqui bem acolhidos, não reconhecem São Paulo como seu novo lar. Já assisti a cenas absurdas de vandalismo com “trilha sonora vocal” bem nordestina!…Ódio aqui, injustamente, manifestado que não souberam fazê-lo em suas terras. COVARDES! VÂNDALOS!
Concordo, mas é um tema melindroso. Experimente falar isso em público e provavelmente você será preso, sem direito à fiança. Enquanto isso a Virada Cultural terá um palco exclusivo para musica nordestina, não na zona leste mas na praça do Patriarca. Já a música caipira, mais uma vez foi esquecida. É nisso que dá nomear um baiano para a secretaria da cultura.
Você toca em um ponto importante embora seja proibido falar nesse assunto.
A população nordestina que imigrou e vive em São Paulo não tem qualquer compromisso com a cidade, seus monumentos, valores e costumes. Como a memória afetiva ficou para trás preferem trazer suas próprias lembranças na bagagem, junto com a absoluta falta de educação. Como agravante alguns paulistanos tem o péssimo hábito de falar mal de São Paulo. Pior: o fazem na frente das crianças.
Como se não bastasse São Paulo sofre de rejeição perante os brasileiros graças a décadas de imagem negativa construída pela televisão (Globo) ao superdimensionar o noticiário policial local. Alguém viu a TV noticiando em rede nacional a restauração da praça Júlio Mesquita, uma jóia inestimável da cidade? E a Virada Cultural, a maior e mais importante manifestação artística atual deste país terá algum destaque na mídia em nível nacional? Não. Mas o Rock in Rio Rio com certeza será assunto do Bom Dia Brasil, JN e do Fantástico. Com transmissão ao vivo e tudo.
Erram vocês ao generalizar e afirmar que toda a população nordestina que imigrou e vivem em SP não tem qualquer compromisso com a cidade e blablablá. Meus pais migraram há mais de 40 anos para cá e são tão preocupados com a degradação e conservação da cidade quanto vocês e eu. Eles viram o que muitos de vocês não viram: uma cidade limpa e florescente e são também são nostálgicos. Que eu saiba, os próprios paulistanos (como vocês e eu) junto com imigrantes de todos os lugares do mundo (judeus, turcos, italianos e descendentes, etc) é que estão destruindo a cidade pouco a pouco.
É muito fácil apontar o culpado quanto se é omisso.
Então presumo que encontramos um paulistano quatrocentão por aqui? São Paulo é aberta a todos, mas infelizmente a cabeça de todos definitivamente não é tão aberta…
Mas se fossem europeus d´olhos azuis, ah! Com certeza esses cidadãos os abraçariam para conhecer a cidade e comentar acerca de cultura, arte, etc.
Assim, desta maneira, a quem se erigem tais monumentos? Aos vencedores do Brasil?
Uma das coisas mais tristes pra mim, uma pessoa que se interessa muito por patrimônio histórico edificado, é ter que me deparar com comentários desse tipo, que poluem a maioria dos espaços de discussão sobre o assunto pela internet. É de um anacronismo assustador. Mas pensando bem, talvez seja um dos motivos da dificuldade atual que temos em pensar soluções para a preservação e incorporação do patrimônio histórico no cotidiano da cidade – a resistência de algumas pessoas interessadas no assunto em aceitar que o patrimônio faz parte de uma cidade mutável e renovável, e parte desse processo de mutação é aceitar e receber pessoas “de fora”. Lembrando que a ideia de ser “de fora” em São Paulo nem muito sentido faz.
Uma pena, de verdade.
Douglas
Não se esqueça que o roubo das lagostas foi tema de uma das músicas composta por Adoniran Barbosa. Esse é lado cômico, do triste fato.
Alberto Pedrini
Eis a letra desta música:
Roubaram a lagosta (Adoniran Barbosa)
Na praça Júlio Mesquita
Tem a estátua da lagosta
Quem passa de longe enxerga
Quem passa de perto gosta
E a lagosta de bronze
Fica esperando bom dia
Mas tem gente distraída
Que nem para ela espia.
Por uma razão muito forte
Ela em bronze foi lembrada
Inauguração na praça
Uma fita foi cortada,
Teve discurso, foguetes,
Teve churrasco e bebidas,
Teve mágicos e palhaços,
Futebol, flerte e corrida.
Mas isso ficou para trás
Não sei que forma que tinha
Essas coisas não se faz
Agulha não vai sem linha
Deixe a lagosta em paz
Muito bom ficar sozinha
Mas é melhor ficar seca ou molhada
Do que ser derretida ou roubada.
Muito me feilcitou esta reportagem,parabéns ao SãoPauloAntiga pela iniciativa e a esta vitória..sou mineira de Poços de Caldas,mas admiro muito a cidade de São Paulo.Ainda ontem nela estive e fiquei refletindo enquanto passava por suas ruas sobre o pelo menos um século de descaso que as autoridades sempre tiveram em relação a sua história e patrimônio…deixando que tantos monumentos padeçam à deriva pedindo socorro mas quase sempre com o certo destino do desaparecimento…
Muito bom, mas por quanto tempo essa vidraça e o monumento resistirão?
a prefeitura tem sua culpa sim. Pois abandonou seus monumentos, seu centro, e outros pontos culturais da cidade. Por outro lado, sempre me lembro do Cristovão Buarque, que dizia na campanha presidencial, que todo o problema do brasil se resolve, com educação. A prefeitura tinha que colocar a guarda municipal 24hs para cumprir seu papel constitucional que é proteger monumentos e parques.
É interessante ler neste canal de comunicação entre tantas declarações interessantes uma declaração absolutamente preconceituosa de uma pessoa que não deve conhecer o povo nordestino num todo e muito menos o nordeste.Sou nordestino,moro nesta cidade a muitos anos,reconheço que a muitos nordestinos que não sabem se comportar,mas nunca devemos generalizar.Isto me faz lembrar os milhares de protugueses que vieram para o Brasil e principalmente de uma região que se chama Trás-os-Montes onde até hoje a um pré-conceito dentro de Portugal em relação a esta região,fazendo uma analogia é o nordeste deles.Pelo que vemos o pré-conceito é inerente ao ser humano e a ignorancia tambem,um é irmão gemeo do outro.Acho que tenho alguma autoridade para falar,pois em 1978 tomava onibus para ir trabalhar na Barra Funda nesta Pça,moro desde 1996 nesta Pça e resido no centro desta mega cidade desde 1980.Sei muito bem de sua degradação e os culpados:leia-se população de todas as origens (viu seu preconceituoso) e esta classe de seres que a cada dia que passa me sinto mais enojado que se chama POLITICO.Para finalizar gostaria de declarar da minha felicidade ao ver este patrimonio da nossa cidade (nossa viu seu preconceituoso) restaurado e reformado.Quanto tempo vai durar não sabemos,queira Deus muito tempo.Talves esteja sendo inocente…
É de conhecimento de todos que o Brasil é um “país sem lei”.A proteção envolvendo o monumento se justifica,pois,caso algum bandido (sim,bandido!) seja pego por violar a obra de arte,ele será preso e…solto no dia seguinte!
Na verdade,a polícia não sabe bem o que fazer.É prender na hora,mas…e depois?Será que não percebem que o que tem que mudar antes é a nossa política,nossas leis? Será que não percebem que,enquanto não tivermos leis mais rígidas contra os vândalos(pichadores,depredadores,etc) nada vai mudar? Precisamos de Lei sim,e,além disso,não devemos(a sociedade em geral) ter dó de bandidos que não têm nada para fazer e saem destruindo a cidade,com a certeza de que nada de mais vai acontecer com eles.Penso que o nosso Estado de São Paulo deveria ter suas próprias leis,mas fazê-las valer,sem piedade!Somente assim nossa São Paulo será como sonhamos!
Lembrança da minha infância, morava no Ed. Século XX. A praça era meu quintal. Na banca vendia amendoim, que minha avó comprava e eu dava aos pombos. Diziam que não era um bom lugar para se morar, mas eu fui muito feliz ali.
Se for ver hoje 1 ano e pouco depois desse post sou capaz de apostar que a vidraça em volta da fonte já foi pro saco e a fonte está sem nenhuma gota d’água… e sou capaz de apostar isso e ganhar.