Bairro constantemente alvo de especulação imobiliária, a Vila Mariana ainda consegue preservar algumas de suas mais relevantes construções antigas. Duas delas, muito peculiares, apresento para vocês aqui.
Localizadas nos números 189 e 195 da rua Dona Inácia Uchoa são duas residências pequenas e geminadas construídas no estilo art nouveau, muito relevante e difundido na Europa no início do século 20 e que na cidade de São Paulo tiveram poucas (e boas) representações. Infelizmente boa parte delas já não existem mais.
Essas duas vizinhas, entretanto, sobreviveram e inclusive foram tombadas como patrimônio histórico paulistano, mesmo uma delas tendo sofrido algumas intervenções de gosto duvidoso (número 195), como pode ser visto na foto a seguir.
Acho que a alteração das janelas é até mais danosa do que a remoção do porão para a instalação das duas garagens. Embora eu particularmente jamais faria tal mudança, entendo que a pessoa muitas vezes precisa de um espaço para seu veículo, ainda mais na Vila Mariana onde estacionamentos mensalistas são caros e deixar carro “dormir” na rua é risco para ele seja roubado.
No caso das janelas foram feitas novas e em madeira, teria sido de muito mais bom gosto se o tamanho original fosse preservado. Além de ornar melhor com a fachada traria mais iluminação para os referidos cômodos.
Felizmente um fotógrafo passou por lá alguns anos antes desta alteração, em 2007, e registrou a fotografia da casa ainda com sua fachada original:
E você o que achou da alteração? Melhorou ou piorou a casa? Deixe um comentário.
Respostas de 6
Interessante que a casa que agora possui as garagens teve que ser erguida, por assim dizer. Repare na escada que leva à porta e nos níveis das janelas. Tiveram um trabalhão, hein?
Provavelmente o proprietário teve de demolir todo o interior da residência, mantendo apenas paredes externas e telhado, e reconstruir tudo praticamente do zero… Esse tipo de adaptação era bem comum (Os antigos hotéis da região central por exemplo, quando instalados em casarões centenários, via de regra faziam esse mesmo tipo de mudança de layout) e fazia com que um imóvel que originalmente possuía 1 andar com pé direito de 4,50m mais o porão de 0,50m, por exemplo, passasse a ter 2 andares com 2,50, sem o porão, aproveitando-se o telhado e as paredes externas. Certamente esse tipo de adaptação está bem longe de ser o ideal, mas pelo menos nesse caso o proprietário ainda teve o bom gosto de manter todos os ornamentos originais que foram possíveis de manter…
Patrick, você conseguiu interpretar muito bem o que aconteceu com esta casa. Ela estava abandonada há mais 20 anos, tirando a fachada nada se aproveitava. Foi construída uma nova casa que fosse compatível com as demandas atuais. E sim, precisava de garagem, pois com vários estabelecimentos comerciais e igrejas na rua seria difícil achar vaga para o carro ainda mais quando se tem dois bebês gêmeos.
Impossível manter a janela com a mesma altura, visto que o pé direito aumentou ou seja, nessa versão o peitoril está a 1m do piso. Os portões da garagem hoje são de madeira de demolição assim como as janelas e as portas. E sim, foi mantido tudo o que foi possível.
Original sempre é melhor, mantém o valor histórico.
O erro na 95 foi encurtar a altura das janelas. O detalhe sobre a janela ( spandrel), e proporcional ao tamanho antigo, e ficou estranho com janelas encolhidas. Quanto a garagem, bastava escavar rampa abaixo do nivel da rua ( se nao houver muita vazao d’agua e claro ), para nao sacrificar o conjunto.
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Algo peculiar nas antigas casas de porao paulistanas, e que estes nao eram sempre poroes funcionais e sim um respirador para eliminar o excesso de humidade. O assoalho do piso terreo era sempre escorado em vigas de madeira, e assolhos de madeira e contra piso de concreto nao sao compativeis ( empenam com o tempo ).
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O resultado da 189 ficou otimo, preservou-se caracteristicas originais que eram funcionais na epoca, e continuam o sendo. Forma segue funcao.
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Notem que a altura original das janelas frontais denotam pe direito alto. Repetindo o que ja disse por aqui, era um artificio arquitetonico para compensar o calor, pois na epoca nao havia a tecnologia do ar condicionado. Ar quente sobe, e quanto maior o pe direito e a vazao da area de janela, mais arejado fica o ambiente. Se alguem permancer dentro, mesmo em dia de calor, sentira que e sempre fresco dentro do comodo, nao obstante o que se sinta na rua.
como estava em 07/23: https://maps.app.goo.gl/RLNsdjJ2RxqymeTe8