Quando pensamos na Rua 25 de Março e região imediatamente nos lembramos do quanto esse pedacinho de São Paulo foi e ainda é influenciada pelos imigrantes do Oriente Médio. Não são poucos os estabelecimentos comerciais já tradicionais nas mãos de sírios, libaneses e também armênios. Por mais que a região esteja cada vez mais repleta de comerciantes chineses a influência árabe jamais desaparecerá dali.
E entre todos os nomes daqueles mascates que vieram de tão longe entre o final do Século XIX e início do Século XX, um com certeza se destaca entre todos eles: Rizkallah Jorge Tahan.
Ele fez fortuna no início do século passado vendendo em seu estabelecimento comercial na Rua Florêncio de Abreu, a Casa da Bóia, materiais hidráulicos em uma cidade que começava a crescer como nunca e cada vez mais se via carente daqueles produtos que ali se vendia. Eram tempos de saneamento precário e todos queriam melhorar suas condições de sobrevivência.
E essa fortuna permitiu a Rizkallah Jorge expandir seus negócios para outras áreas e foi na construção civil que ele ergueu alguns ícones paulistanos e um deles falaremos aqui hoje: o Palacete São Jorge.
Localizado na Rua Carlos de Sousa Nazaré (anteriormente chamada de Rua Anhangabaú) esta construção colossal foi inaugurada em 1930 e é um importante patrimônio histórico de São Paulo, tendo sido tombado no ano de 2016 (nível P-3 fachadas).
A arquitetura do edifício reflete as características de sua época e também o estilo eclético que muitas vezes permeiam o padrão arquitetônico paulistano das primeiras décadas do Século XX. Apesar de não ser exatamente um arranha-céu, pois possui apenas cinco andares, sua área ocupa um grande lote retangular que impressiona pelo tamanho e chama muito a atenção dos pedestres que passam por ali.
Nem todas as unidades do Palacete São Jorge foram colocadas imediatamente à venda por Riskallah Jorge, sendo que muitas foram alugadas para fazer renda (algumas unidades inclusive até hoje estão em nome de seus descendentes) e à época algumas outras unidades foram cedidas para abrigar familiares e amigos (os patrícios) que vinham da Síria e Líbano.
De uso misto o edifício possui estabelecimentos comerciais no térreo e apartamentos nos andares superiores. São apartamentos amplos e bastante confortáveis e de acordo com um morador que nos deu depoimento o prédio é tão robusto que lá dentro nem se tem a sensação de estar em uma das regiões mais movimentas e ruidosas da capital paulista.
O Palacete São Jorge não é o único edifício erguido pelo espírito empreendedor de Rizkallah Jorge. Além dele e notadamente a Casa da Bóia (um ícone arte nouveau de São Paulo), Jorge ergueu um grande palacete na Avenida Paulista esquina com a Rua Bela Cintra, onde residiu até o fim da sua vida, e também o Palacete Paraízo (com Z mesmo) outro grande edifício residencial que fica em frente ao São Jorge e que falaremos aqui no site em breve. Ele também contribuiu com a compra do terreno e a construção da Igreja Apostólica Armênia de São Paulo, cuja história já contamos aqui.
Veja mais fotos do Palacete São Jorge (clique na miniatura para ampliar):
Respostas de 9
Lindíssimo
Orra meu!!!!
Este sim!!!
eu tenho que visitar-lo. Vou descobrir tudo .
Uma arquitetura incrível.
Quer dizer que há apartamentos residenciais nesse palacete?
Tem ideia do valor desses apartamentos?
Cuide bem São Paulo porque a prefeitura além de não se preocupar, os investidores gananciosos muito menos.
Valores eu nao, sei exatamente. Se baseando no valor vigente por metro quadrado da regiao ( e fazendo-se assim injustica as caracteristicas arquitetonicas e construitivas sui generis ), o valor de compra na regiao oscila entre R$ 2.500/m² a R$ 5.000,00/m². Os apartamentos vao desde 54m² a 127m² em area util. Estamos falando em medias ponderadas, o que pode nao significar nada.
O valor negociado dependera na disponibilidade e motivacao do proprietario vendedor. Ha aproximadamente 50 apartamentos no edificio , a maioria absoluta em nome de proprietarios pessoa fisica.
O estado de conservacao da fachada, em alvenaria e pedra, esta impecavel, o que signifca que os proprietarios cotizam regularmente para a manutencao do edificio. Trocando em miudos, nao se compra pelo valor referencia mais baixo . Ninguem esta entregando a roca a toa.
Apesar de estar na Varzea do Tamanduatei, nao me parece que a rua seja atingida por enchentes ( tirando o eventual problema com bocas de lobo erntupidas, muito comum na regiao ), pois a rua sobe da Rua da Cantareira para a Avenida Prestes Maia com ligeiro aclive
Para quem quer apostar, e comprar barato, ali e certamento um logradouro interessante. O tombamento da rua e envoltorio, o que pode significar nao se construir nada que conflite com as caracteristicas arquitetonicas do logradouro, e / ou limitando edificacoes novas, possivelmente nao mais do que 25 metros, ou 8 andares. Ou seja, nenhum incorporadora ira levantar uma monstruosidade Eurotrash pos moderna.
Ótima informação a respeito desta memória. Parabéns.
“Da garoinha fria, fininha,
Escorregando pela vidraça.
Do sabugueiro grande e cheiroso,
Lá no quintal da rua da Graça. “
Prédios que são uma verdadeira obra de arte !