O descaso com o patrimônio histórico por parte do poder público é algo que abrange praticamente todo o território nacional. Difícil encontrar uma cidade ou região que não tenha algum tipo de abuso, desrespeito ou abandono com alguma construção histórica. E em Taubaté, na região do Vale do Paraíba, não é diferente.
A Vila Santo Aleixo, localizada na região central da cidade, é um bom exemplo de descaso com o patrimônio histórico. Construída aproximadamente em 1872, a vila foi erguida para ser residência do Senador Joaquim Lopes Chaves, grande figura política paulista que, entre outras realizações, foi um dos responsáveis pela construção do primeiro grupo escolar de Taubaté.
Com o passar dos anos por conta de suas atividades como político, Lopes Chaves mudou-se definitivamente para a Cidade de São Paulo e a casa passou a ser ocupada por outras autoridades e pessoas influentes da cidade até o ano de 1920. Foi neste ano que o imóvel foi adquirido pela Mitra Arquiepiscopal do Rio de Janeiro, para servir como residência de verão para Dom Joaquim Cavalcanti de Albuquerque Arcoverde, ou simplesmente Cardeal Arcoverde, primeiro cardeal brasileiro e latino-americano. Nesta época o imóvel foi renomeado para Vila Santo Aleixo, devido ao fato do então cardeal ser devoto do referido santo.
Em 1930, o Cardeal Arcoverde deixou o local definitivamente passando a ficar apenas no Rio de Janeiro, mais uma vez o imóvel ficou disponível sendo ocupado então pelo médico Dr. José Luis de Cembranelli, que ficou no local por um ano.
Em 1931, o imóvel seria adquirido pela família Nader que ficou com a propriedade do imóvel até o ano de 1996, quando seria adquirido pela Universidade de Taubaté (Unitau) com o propósito de ser sua fundação musical.
Quando passou para a Unitau o estado de abandono do imóvel atingiu seu ápice, causando revolta entre os defensores do patrimônio histórico de Taubaté, que passaram a pressionar a universidade e o poder público para que a Vila Santo Aleixo, uma das mais importantes construções históricas da cidade fosse preservada.
Após a mobilização dos cidadãos, o Ministério Público e a Defensoria Pública entraram no caso e o fato levou a Prefeitura e a Instituição de Ensino a fecharem um acordo, em 2009, para salvar o imóvel. A partir desta formalização, a Vila Santo Aleixo deixou de pertencer a Unitau e passou ao poder municipal, que por sua vez cedeu a universidade o prédio onde funciona a unidade de fisioterapia, que pertencia ao município.
Desde então algumas obras emergenciais foram feitas, mas segundo moradores locais que contataram o São Paulo Antiga, as obras parecem estar paralizadas.
Estivemos no local e constatamos um certo abandono não só da obra, como dos materias de construção que estão deixados no quintal da residência (veja mais na galeria no final desta matéria). No dia que visitamos a vila, o portão estava aberto e algumas pessoas levaram alguns tijolos e madeiramentos do terreno, sem preocupar-se com a equipe de reportagem. Um vizinho diz que não é raro pessoas estranhas entrarem e se esconderem na no imóvel.
Será que finalmente um dia veremos a Vila Santo Aleixo totalmente preservada ? Estamos acompanhando a situação do imóvel.
Dados:
- Vila Santo Aleixo
- Construção: 1872 (data aproximada)
- Estilo: Eclético
- Área total: 2357m²
- Área construída: 332m²
- Estado de conservação atual: Regular
Reportagem da TV Bandeirantes sobre a Vila:
Veja outras fotografias da Vila Santo Aleixo (clique na miniatura para ampliar):
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