Um novo tempo para a Igreja da Consolação

Crédito: Douglas Nascimento - São Paulo Antiga / Clique para ampliar

Para quem observa a Igreja da Consolação apenas pelo seu exterior não imagina a quantidade de dificuldades que o templo vem passando nos últimos anos devido aos poucos recursos disponíveis para recuperação.

Por muito tempo o fiel que adentrava a igreja encontrava uma série de problemas por todo o espaço interno. Infiltrações de água, rachaduras, pinturas e afrescos descolorindo e colunas laterais faltando pedaços eram apenas alguns dos vários problemas que a construção iniciada em 1909 apresentava.

Capelas estavam sofrendo com desgaste (clique para ampliar).
Capelas estavam sofrendo com desgaste (clique para ampliar).

A dificuldade de se obter verba pública para o restauro ou mesmo de patrocinadores através de leis de incentivo, agravou a situação da igreja e retardou o início da recuperação, uma vez que dízimos e donativos são insuficientes. Felizmente, após vários anos sem expectativas, algumas doações vultosas de fiéis tornaram possível o início das obras de restauração da Igreja da Consolação que, devido a grandiosidade do tempo, está prevista para demorar vários anos.

Problemas não ofuscam a beleza da igreja (clique na foto para ampliar).
Problemas não ofuscam a beleza da igreja (clique na foto para ampliar).

Através de generosa doação da benfeitora Eunice Carvalho Diniz, as obras de restauro da Igreja da Consolação tornaram-se realidade. Os valores doados possibilitaram tirar do papel os projetos de recuperação que há anos aguardavam uma oportunidade. Realizadas pela Enger Engenharia, a primeira etapa do árduo e cuidadoso trabalho de restauro foram concluídas na semana passada e foi comemorada com a celebração de uma missa que contou com muitos fiéis no último dia 19 de abril.

Nesta primeira fase do processo de restauração foram entregues a cúpula central, a capela de São José e parte da nova iluminação interna da igreja. Na cúpula central toda a pintura foi entregue restaurada e os problemas estruturais do telhado sanados.

Recuperação da cúpula foi um trabalho primoroso (clique para ampliar).
Recuperação da cúpula foi um trabalho primoroso (clique para ampliar).

A bela Capela de São José também sofreu uma ampla intervenção, com sua estrutura totalmente recuperada em todos os seus detalhes e suas pinturas e afrescos restauradas e devolvidas a sua originalidade. Na fotografia abaixo, é possível conferir como ficou a capela após o minucioso trabalho de recuperação.

Crédito: Douglas Nascimento / São Paulo Antiga

Por fim, esta primeira fase de restauração também apresentou a nova iluminação da igreja, realizada pela empresa Mingrone Iluminação, onde o Engenheiro Antonio Carlos Mingrone, responsável por projetos em outras igrejas, como a Basílica Nossa Senhora Aparecida, doou o projeto de iluminação para a Consolação. Como resultado há uma iluminação mais bela e racional no templo que dá mais destaque aos belos afrescos e pinturas que existem no local.

A nova iluminação é um dos destaques do restauro (clique para ampliar).
A nova iluminação é um dos destaques do restauro (clique para ampliar).

Concluída a primeira etapa da restauração, a Igreja já estará recebendo novamente nos próximos dias, os andaimes e estruturas tubulares para a continuação do processo. Esta segunda etapa está prevista para durar cerca de 5 meses e já tem a verba necessária arrecadada. Entretanto, o Padre José Roberto Pereira, administrador paroquial, salienta que há outros trabalhos a serem feitos na Igreja da Consolação, e conclama aos interessados que visitam e frequentam o templo a continuar ajudando as atividades paroquiais.

Interessados em contribuir com as obras de restauração da Igreja da Consolação podem contatar a paróquia através do telefone (11) 3256-5356.

Breve história da Igreja da Consolação:

Crédito: Douglas Nascimento / São Paulo Antiga - Clique para ampliar.

Uma das mais belas e emblemáticas igrejas de São Paulo, a atual construção da Igreja Nossa Senhora da Consolação é a sua terceira edificação. A primeira, é datada do final do século 18, no ano de 1799 e foi erigida pelos seus devotos, à margem do Caminho de Pinheiros, hoje denominada Rua da Consolação. A região na época era uma área muito remota da cidade e bastante problemática, com pântano, lama e muito água estagnada.

Em 1840, este velho templo foi reformado e ampliado tornando-se uma segunda fase da igreja.  Em 1855 seria instituída ali a Irmandade de Nossa Senhora da Consolação e São João Batista.

Em 1907 o templo antigo foi demolido para dar espaço às obras da futura nova Igreja da Consolação, cujos trabalhos se iniciaram em 1909. A construção é obra do arquiteto Maximilian Hehl, o mesmo que projetou a Catedral Metropolitana de São Paulo.

O altar-mor, de carvalho, veio de Paris (clique para ampliar).
O altar-mor, de carvalho, veio de Paris (clique para ampliar).

Construída em estilo revivalista neo-românico, sua fachada principal apresenta um portal com arquivoltas, rosácea e uma torre de 75 metros de altura com relógio.

A igreja também é espaço de variadas pinturas artísticas, feitas pelos maiores artistas da época de sua construção. Edmundo Cagni, decorou boa parte do templo. Oscar Pereira da Silva é autor das telas “A natividade”, “Apresentação do Senhor” e “Visita de Santa Isabel”. Já Benedito Calixto tem seis telas na Capela do Santíssimo, as de São Tarciso, São Tomás de Aquino, São Boaventura, Santa Tereza e duas cenas dos discípulos de Emaus, entre outras obras.

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23 respostas

  1. Parabéns aos responsáveis pela restauração e a à São Paulo Antiga por nos revelar essas maravilhas. Fiz minha primeira comunhão nessa igreja e sempre a achei linda.

  2. sem palavras dessa obra maravilhosa. PARABÉNS Á TODA EQUIPE E AO PADRE QUE SE EMPENHOU DESSA GRANDE OBRA.

  3. Belíssimo! Primoroso trabalho de restauração. sempre tive vontade de fazer um curso de restauração, mas na minha cidade não tem.

    1. onde vc mora ângela? Aqui em Sampa eu conheço ótimos restauradores de afrescos em catedrais que fizeram grandiosos trabalhos em inúmeras igrejas e matrizes.

      São eles: Anchieta e Mariana Giurno … não sei se vc já os conhece, ao menos de nome.

  4. Claro que não teve verbas públicas. E nem deveria. Alguém aqui ainda acha que num estado laico o poder público pode dispender dinheiro do povo em templos religiosos particulares???

    1. Bem acredito que todo monumento histórico, deva ter algum auxílio do governo para que a nossa história não se perca.
      Não impor tanto se é apenas uma prédio tombado, um estádio de futebol, um museu ou uma igreja. Tudo isso faz parte da nossa história e deve ser respeitada em todos sentidos.

      1. Querido Eduardo. Sou ferrenho defensor da preservação e restauração das obras de arte, monumentos, edificações históricas em geral, afinal povo que não preserva sua história está fadado a não ter futuro também. Assim como fiquei muito satisfeito com a reconstrução do prédio da Igreja Nossa Senhora das Mercês em São Luiz do Paraitinga que foi dissolvido nas águas da enchente de 2010.
        O IPHAN cdolkocou uma verba para sua reconstrução e a restaurou de forma impecável, porém… como foi usada verba pública, agora aquela edificação passou a ser administrada por uma fundação que deu uma destinação laica ao prédio… Portanto, nada contra a verba pública para restaurar prédios religiosos, porém, como se trata de verba pública, inclusive a minha que sequer sou religioso, eu acho que deve ser cumprida a lei, destinando o loocal para uso laico e público, independente de administrações religiosas, AFINAL VIVEMOS NUM ESTADO LAICO

  5. Linda igreja.
    Ainda bem que esse monumento historico esta sobre a protecao de doadores.
    Deveriam aproveitar a vinda do Papa ao Brasil para fazer uma visitinha la. Quem sabe ele se anima em dar uma bela doacao para acabar com restauracao.
    Se essa igreja estivesse na Europa, estaria em perfeito estado de conservacao.

  6. O pessoal da igreja já trocou essa iluminação bonita por umas lâmpadas fluorescentes vagabundas; passei lá hoje. Uma pena – qualquer trabalho bem feito dura pouco em São Paulo.

      1. Se no final ficar como nessa 5ª foto, vai ficar muito boa mesmo. Sendo assim vou esperar pra ver.

  7. E várias colunas dessa Igreja são pintadas como imitação ao invés de serem de marmore verdadeiro. É incrível como nada no Brasil – inclusive em São Paulo – é realmente bem feito, de bom gosto. Tudo meio podrinho comparado com outros países… Infelizmente é verdade, não estou pixando… gostaria que fosse diferente.
    E grande parte das coisas nessas Igrejas vem da Europa mesmo: móveis, obras de arte… Com tanta madeira boa, bons pigmentos no Brasil, nem isso a gente consegue fazer… e o que vêm de importado fica tão descolado da nossa realidade que, mesmo que seja bonito, parece feio pela falta de autenticidade no contexto… A história da nossa Arte é bem lamentável.

    1. A RESTAURAÇÃO DA IGREJA DA CONSOLAÇÃO não teve verbas públicas E NEM DEVERIA TER MESMO.

      O Brasil é um estado LAICO , portanto não pode e nem deve investir verbas públicas em obras e eventos religiosos.

      Cada vez que o Estado investe verbas públicas em atividades ou em obras de cunho religioso, está DESCUMPRINDO A LEI. Mesmo que este imóvel tenha valor histórico, pois a partir do momento que o Estado investe em imóveis religiosos, este passa automatocamente a ser um imóvel público , com atividades populares desvinculadas de qualquer atividade religiosa.

      Vide o restauro da igreja Nossa Senhora das Merces em São Luiz do Paraitinga que teve verbas públicas para seu restauro e que AGORA, EMBORA AINDA TENHA A APARENCIA E OS ELEMENTOS DE UMA IGREJA, (inclusive com altar e santos, agora é um teatro municipal de uso público para apresentações artisticas DE TODA ORDEM. E eu particularmente acho muito bom que assim seja.

  8. Vizinhei com esta linda Igreja durante muitos anos! Ela passou por toda a obra da construção da Pça. Roosevelt. Devido a obra o seu sino ficou rouco e por muito tempo o substituiu um sino eletrônico, muito feio, por sinal. Muitas vivências naquela Igreja, inclusive a Missa de Requiem pela morte da grande pianista que sempre que vinha ao Brasil se apresentava no Cultura Artística com a Osesp sob a regência do Eleazar da Carvalho. Não estou conseguindo lembrar o seu nome. Foi contemporânea da Guiomar Novaes.

  9. Ola Douglas, tenho uma dúvida com relação a esta Igreja. Você saberia me dizer que financiou a re-construção dela a partir de 1909? O terreno foi doado por Dona Veridiana, isto eu sei, mas estou falando de toda a reestruturação que ela teve a partir do seculo 20. Se não me engado, foi a família de um dos escritores mais famosos da literatura brasileira.

    Será que você teria essa informação?

    Obrigada,

    Carla
    carla.hollanda.sp@gmail.com

  10. Fantástico!!! Memórias como essa não podem ser apagadas pelo tempo! Parabéns a todos envolvidos na restauração e que Deus os abençoe, imenso orgulho de ser Brasileiro!

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