Costumo dizer que o bairro de Penha de França, na Zona Leste da capital, é uma região à parte e com ares de uma pequena cidade. Seus moradores, os penhenses, especialmente os mais antigos, são ferrenhos apaixonados pelo bairro e não trocam ali por lugar nenhum.
Mesmo com a recente especulação imobiliária que atinge a Penha, ainda é possível encontrar muitas casas antigas e algumas delas são bastante interessantes como esta abaixo que localizamos na Rua Carlos Meira:
Esse trecho final desta rua é muito acessado por pessoas que chegam ao bairro vindo de Guarulhos ou da Avenida Assis Ribeiro, através da Avenida Gabriela Mistral, pois na altura da Rua Mario de Castro a Gabriela Mistral fica de mão única, obrigando a passar por esta via e, consequentemente, em frente a este sobrado.
Embora não esteja na melhor de sua forma, o imóvel é realmente muito interessante e de longe o mais bonito da região. O entorno desta casa, infelizmente, deteriorou muito nos últimos dez anos, especialmente após uma favela ter surgido em um terreno baldio bem aos fundos desta casa, já na Avenida Gabriela Mistral.
Essa região, aliás, há anos é negligenciada pelo poder municipal com imóveis por ai desvalorizando muito. Um morador da região que conversei quando fazia as fotos me disse o seguinte “O mercado municipal da Penha é a fronteira entre o céu e o inferno da Penha”, e pensando bem ele tem razão no que diz.
Contudo admirar essa residência é acreditar que um dia veremos tanto ela como seu entorno em melhor forma. Afinal, sonhar não custa nada! Veja abaixo mais algumas imagens do sobrado:
Respostas de 14
So pede manutenção
Acho que o comentário poderia ser… só pede educação! Parem de estragar as coisas bonitas.
Um sobrado muito lindo.
Bonito deveras, porém há um problema sério……
Há vandalismo na fachada, basta ver a pichação nas pedras da mureta de alvenaria. Basicamente você é forçado a morar numa redoma, se quiser manter a integridade construtiva e arquitetonica..E erguer um muro alto seria o equivalente a cobrir a Monalisa em um Hábito de Freira.
Aliás, a fachada, sendo um lote de esquina, a cumeeira do telhado, o adorno branco sob a esquadria na janela de baía ( a janela de quina arredondada ), confere ao sobrado um aspecto único, em meio a um mar de construções homogeneizadas e sem graça ou inspiração, lançados por incorporadoras com seu marketing estéril.
Em qualquer outro local do mundo esta casa seria um motivo para se gabar em conversa de cocktail. E acredite, eu encontrei tipos como estes, que nao se cansam de falar dos detalhes de sua casa ( uma vez eu aturei um gerente de hotel que gastou os tubos em sua casa de 1890, e me torrou uma hora do meu tempo no projeto de recuperacao da lareira ) Enquanto isto, por aqui, os parvos adoram papagair que moram em um prédio de lazer comum, feito por incorporadora tal e tal, bairro tal, bla,bla.bla.
Este sobrado é o tipo de casa feita quica por algum comerciante ou mercador local, que melhorou suas fortunas. Quando você entrava, a sua casa tinha que ser diferente, especial. E na Zona Leste, espéculo, nao faltava a excelente e abundante mão de obra saída do barco no Porto de Santos, pós guerra. Espanhóis, Portugueses, Italianos que sabiam mexer com tijolo e massa corrida, formados no sistema de aprendizado com mestria, tão comum no Velho Continente. Havia um certo orgulho em mostrar algo feito com suas próprias mãos.
O pórtico da varanda de entrada ( colunas terminando no arco superior ) dão uma pista que este imovel pode ter sido erguido por um descendente Arabe, ou Portugues do Continente ( Mourisco ). Há um pequeno exaustor no telhado ( quica uma lareira ou chaminé ), algo que não se vê mais hoje em dia.
Entre a parede vertical e a calha do telhado, o tom branco contrasta levemente com o rosa claro. Quem quer que tenha erguido este sobrado, tinha um bom olho.
Note-se também, as esquadrias largas de janelas, algo raro hoje em dia. Como se o construtor de hoje quisesse economizar no material.
Essa casa era dos meus avós.
Meu avô descendente de libaneses e minha avó descendentes de italianos.
Lá eles criaram boa parte da vida dos 4 filhos.
Ele tinha uma fábrica de molduras.
Essa casa tem muitas peculiaridades. Não possui lareira. Essa chaminé foi incluída após a sua venda.
Seu porão era incrível. Os arcos separando os cômodos eram únicos e a escada para o segundo andar, um detalhe excepcional.
Fui uma criança extremamente feliz nessa casa. Tenho recordações maravilhosas de lá. E me lembro do último dia em que a adentrei.
Só agradeço à Deus e aos meus avós, que Deus os tenham, por terem nos proporcionados dias tão memoráveis nessa casa.
Um achado essa casa hein Douglas, seus arcos na porta principal me lembram os do Castelinho da Rua Apa…
Aliás, estou atrás de umas fotos de uma casa que tb se parecia com um castelinho e ficava no Brooklin, especificamente no cruzamento das ruas Gabrielle D’Annunzio com a Princesa Isabel. Provavelmente essa casa foi demolida em meados dos anos 80 para dar lugar a um condomínio.
Alguma dica de onde eu poderia encontrar alguma foto dela? Grato.
Consta que o ex-futebolista Julinho Botelho(aquele que deu uma lição na torcida carioca no Maracanã em 1959), além de morador, era apaixonado pela Penha. Inclusive, salvo engano, ele foi um dos fundadores do Rio Branco, um time local.
Há outros bairros em São Paulo que despertam esse amor incondicional em seus moradores, como o Ipiranga, a Vila Maria, Santana, Tucuruvi, Vila Madalena, Cambuci, etc. E mencionar a Mooca é chover no molhado…
A varanda curva faz o diferencial.
Casarão muito bonito, porém falta um trato!
Olá ! Sou da Penha!!! Eu AMo a Penha! Passo em frente essa casa todos os dias ! Realmente ela é linda.
Linda casa. Realmente lembra o castelinho da rua Apa. Seu trabalho e muito bom.
Lindo sobrado. Realmente lembra o castelinho da rua Apa. Douglas seu trabalho é muito bom.
Essa casa era dos meus avós.
Minha mãe morou lá por muitos anos e passei boa parte da minha infância nela.
Ela é incrível por dentro, com um porão digno de uma casa desse porte.
Meu avô que tinha uma fábrica de molduras criou parte da vida de seus filhos nessa residência.
Lá tivemos os melhores Natais e os melhores almoços de domingo.
Sentimos muito qdo foi vendida e o coração chega a doer ver o que deixaram acontecer com ela.
Oi Thais.
Você sabe mais ou menos quando o casarão foi construído e quando seus avós venderam?
Obrigado.