Fotografias e texto por Lucas Santoro em colaboração ao São Paulo Antiga
Ao passar pela rua Machado de Assis com um pouco mais de calma, indiferente à conturbada rotina da capital, é quase inevitável notar algumas belas construções oriundas da nossa Belle Époque paulistana, em uma via que há algumas décadas abrigou charmosos casarões.
Os desastrosos imóveis comerciais, disputando sua atenção com fachadas coloridas e acabamento grosseiro, sem quaisquer padrões, e os cada vez mais numerosos espigões podem distrair um pouco o olhar, mas ainda assim é possível contemplar algumas poucas preciosidades que restaram da primeira metade do século passado. Eis uma delas.
Localizado no número 150, este imóvel chama a atenção pelo bom estado de conservação e pelo capricho nos detalhes.
Os bem trabalhados capitéis das colunas, as madeiras do beiral – tão comuns antigamente – e as cores escolhidas para decorar as paredes e as partes de madeira chamam a atenção pelo bom gosto. A porta de ferro de folha dupla também satisfaz o olhar de quem por ventura torcer o pescoço ao passar por lá.
Porém, infelizmente, este casarão está com os dias contados. Com quase nenhuma descaracterização – exceto pela extensão feito ao gradil original, que arremata o muro baixinho (mas perdoável, vai!) – o casarão poderia fazer mais vista se não estivesse parcialmente encoberto por um grande cartaz trazendo as más novas.
Mais uma bela construção do passado que irá abaixo. Mas enquanto algum outro prédio de apartamentos feito às pressas não toma seu lugar, ainda é possível admirar seus belos e bem caprichados detalhes.
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Respostas de 20
Aqui no Rio também gourmetizaram os quarto-e-sala e quitinetes e importaram o francesismo “studio”.
Ah, sim, não sabia que, mesmo de dois andares, casa de centro de terreno se enquadrava como sobrado.
Não haveria nenhuma maneira de pedir tombamento como patrimônio arquitetônico representativo da Belle Époque paulistana, especialmente pelo bom estado de conservação da casa?
Olá Samuel, que saudade! Infelizmente o alvará já foi concedido e o imóvel não era tombado.
Que saudade, Douglas! Realmente uma pena. Uma bela casa.
Que tristeza. A chacina não pára sob o olhar indiferente da prefeitura, do governo estadual e de instituições como o IPHAN. Depois os brasileiros viajam para a Europa e ficam maravilhados com a arquitectura antiga …. O coronavirus do imobiliário chegou faz muito tempo em São Paulo.
Conheço esse sobrado e já sabia das “más novas”. Mais um que se vai…
Mais um casarão que se vai e leva consigo as lembranças de um passado, marcado pelas belas construções.
Infelizmente isso deixa o coração partido!!!Queria eu ter poder aquisitivo para impedir esse tipo de ação…Dói n’alma ver a ganância passar por cima da história,essa é verdadeira face do Brasil!!!
Fico pensando o porquê de demolirem uma construção em perfeitas condições. Vocês teriam alguma informação?
Creio que seja a maldita especulação imobiliária.
Concordo sim!!!!
Fácil, vão construir mais um espigão no seu lugar.
Poderiam fazer uso dele no condomínio tal como Salão de eventos, portaria administração etc…
Destruir uma coisa linda dessas pra construri um~verdadeiro pombal!!!É a ilógica do capitalismo e sanha imobiliária a destruir tudo e todos!
Realmente lamentável. Ainda bem que ficam os registros e a memória.
Uma época que jamais voltará. Triste épocas de vacas magras para manter uma casa nesse porte seja para morar ou alugar. Herdeiros que talvez encontrem na venda a única solução, uma vez que apoio de órgãos não há. Dificuldade para tombar e todo o custo posterior para manter esse belo imóvel nas características. Enfim… tudo muda é a realidade da nossa São Paulo. Casa suntuosa que reinou divinamente por todo esse tempo. O prédio que será construído jamais será admirado como essa casa.
Triste
Quem era o primeiro proprietário deste casarão? Quem era arquiteto? Aqui não diz nada. Já procurei no google e nada.
Quem era o primeiro dono do casarão e a família?
como estava em 02/24: https://maps.app.goo.gl/sywb8c5LphBiC8tG7