Sobrado – Avenida Pompeia

A Avenida Pompeia é uma das vias mais importantes da zona oeste da capital paulista. Além disso por ali é repleto de “sobradões” elegantes e casarões muito charmosos, boa parte deles já configurados para o uso comercial. A avenida inclusive tinha muito mais desses imóveis do que hoje em dia, porém vários infelizmente já foram demolidos.

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De todas as residências antigas da avenida, a que mais me agrada é esse lindo sobrado localizado no número 1280 da Avenida Pompeia, bem na esquina com a Rua Guiará. Observem que casa elegante e bem localizada que ela é.

Tudo nesta casa é de bom gosto e bem cuidado, a começar pela mureta baixa que permite uma ótima observação da casa. Sobre a mureta existe um pequeno gradil de ferro, e o charmoso portão também é feito do mesmo material.

A fachada não é poluída e tem poucos e interessantes detalhes como um destaque sobre o pórtico de entrada que lembra muito um tabuleiro de xadrez. Ele é confeccionado com vários azulejos nas cores branca e preta.

Na imagem destaque para a mureta, portão e a bela fachada da casa (clique para ampliar)

O adorno em estilo xadrez é exatamente no mesmo tamanho e formato da janela do banheiro do andar superior, que pode ser visto observado o lado direito da casa.

Aliás olhando a casa de lado conseguimos ver outros detalhes interessantíssimos, como o formato do janelão – que imita o da porta de entrada – e os adornos ao redor dela, tudo de muito bom gosto.

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Outra detalhe muito interessante e igualmente de bom gosto são os relevos que estão presentes em toda a fachada do imóvel. Eles podem ser visto bem facilmente na fotografia acima ou em outras na galeria que fecha o artigo.

No dia em que estávamos fotografando fomos informados por um senhor, morador da Rua Guiará, que essa casa e as demais vizinhas que são geminadas logo atrás dela nesta mesma rua, foram todas construídas e vendidas juntos por um mesmo construtor.

De fato observando as seis casas vizinhas ficamos com essa sensação, entretanto de todas elas apenas uma, no número 41, mantém ainda traços de semelhanças com esta da Avenida Pompeia.

Que esta casa permaneça por ali e não tenha o mesmo triste destino de vários outras da mesma via que deram lugar a edifícios.

Veja mais fotos (clique na miniatura para ampliar):

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11 respostas

  1. Bonito mesmo.  E vê-se logo que o ocupante se deu ao trabalho e custo de manter a pintura e os adereços arquitetônicos intactos.  O que nao e pouca coisa.

    Vai aqui uma anotação interessante….

      A “varandinha” na fachada frontal, e prumada lateral, no andar superior, não se chama varandinha ( mania do Brasileiro em botar inha em tudo ).  O nome certo ( e digamos técnico ) para aquilo é uma Varanda Julieta (  de Juliet Balcony ). O nome é inspirado na trama romântica de Romeu e Julieta, escrita por  William Shakespeare.  Pode anotar, e falar que voce nao cometera gafe.

    Se um arquiteto abrir a boca para mencionar este detalhe como  varandinha, referindo-se a aquele específico detalhe, puxe a orelha dele(a). Arquiteto bem treinado deve pelo menos ter uma noção de elementos de arquitetura e conhecê-los pelo nome correto (muito embora a maioria, para não passar forma, acaba virando decorador interno ).

    E fechando o tópico, eu aposto que a janela externa dos quartos e feita em peroba, algo praticamente impossível de se encontrar hoje em dia, so se obtendo no contrabando.

    Outra coisa que agrada muito no conjunto visual da fachada e laterais são as janelas  de Vitro arqueadas, algo raro hoje em dia, quando praticamente todas as esquadrias vem prontas para montar.  Aliás a casa inteira tem um excelente trabalho de serralheria.  Antigamente era assim que se fazia. Você queria algo especial, mandava fazer sob encomenda. E se você fosse realmente rico e abastado, não era tudo em serralheria. Detalhes como portões, escadarias, eram feitos  sob medida em ferro fundido, sob molde de areia, o que dava uma liberdade criativa maior com detalhes de ornamento.

    A casa realmente é imponente, certamente aproveitando bem o terreno de esquina, a elevação e o conjunto visual conferem tal imponencia.

    O detalhe do vidro estreito, que ilumina a escadaria de acesso, é outro detalhe difícil de se encontrar hoje em dia, porém muito em voga em edifícios verticais  ( residenciais ou comerciais ) e sobrados da época, e traz à tona outra caracterização importante….

      Hoje em dia, a maioria dos sobrados tem aquela escada apertada interna, saindo da sala, e edificações verticais usam escadaria de emergência  com câmera de compressão com a proverbial porta corta-fogo,  o que dá uma sensação de que você está atravessando os corredores de uma penitenciária de segurança máxima.  Imposição do Corpo de Bombeiros, especialmente para prédios coletivos, residenciais ou comerciais.    No entanto, a maneira antiga de se construir uma escada, de frente ou fundos, exigia largura, pe direito e exposição de luz natural por meio de grandes vitros.

    Naquele tempo,  em sobrados, classe media, ou abastada, era comum haver  um pequeno Foyer que permitia a escada iniciar em uma área de passagem e terminando, andar acima, em um corredor ou pequeno hall.  O percurso da escadaria era sempre iluminado por Vitros, excecao apenas se o sobrado fosse conjugado, e em rua plana.
     
    A guarnição dos muros com pedras, e também algo raro. Porém vê-se ali, o trabalho esmerado do mestre ou pedreiro. Aliás, sendo esta casa em terreno de plano inclinado, eu suporia, sem ter certeza, que houve escoramento com pedra de granito para evitar deslizamentos com chuvas. 

    Acima estao varias das razoes porque deve-se preservar imoveis antigos, e porque e praticamente impossivel, adquirir-se algo de valor e agradavel de viver usando-se os padroes construtivos contemporaneos. Hoje em dia, troca-se qualidade de moradia por marketing babaca de estilo que as incorporadoras insistem em empurrar para cima do comprador incauto.

    1. Comentário riquíssimo em conhecimento, você trabalhou com construção nessa época, estudou arquitetura ou algo do tipo?
      Vendo tudo isso que foi colocado aqui, principalmente a questão de materiais utilizados (Excetuando-se talvez a esquadria do quarto, que era um modelo bastante comum na época), tudo era muito artesanal, trabalho muito esmerado, será que isso já era caro na época ou era algo mais acessível?
      Isso comentando apenas os materiais, se for levar em conta o cuidado estético aplicado nessas casas, a conversa pode ir bem mais longe.
      Quando tento imaginar os primeiros moradores desse tipo de casa, não imagino pessoas ricas (A valorização dessa região é algo bem recente, até uma certa época essa região era um bairro comum de SP e há mais alguns anos, era a “periferia” de SP), imagino as pessoas que hoje seriam chamadas de “classe média baixa”, pessoas que talvez pegassem um trem ou um bonde e fossem trabalhar em algum dos escritórios do então centro financeiro. Então construir dessa forma era acessível nessa época?
      Me pergunto porque, hoje em dia, reproduzir uma casa dessas em algum condomínio fechado ou loteamento que seja tem um custo vergonhoso, proibitivo, o que aconteceu de lá pra cá para que os costumes mudassem tanto? É interessante ver como esse tipo de coisa acabou influenciando na arquitetura que encontramos hoje não só em SP, mas em todo o Brasil.
      E de fato, tudo isso apenas reforça a necessidade de preservação de imóveis como este, além de seu valor estético e arquitetônico, o valor de demonstrar uma forma de construir que não existe mais.

  2. Sobrado com sabor de São Paulo antiga, dos tempos da garoa fininha e insistente, do céu sempre fechado e carrancudo com raras aberturas de sol, dos antigos trólebus da CMTC cor creme e faixas azul marinho, com suas frentes em capelinha, farois redondos, rodas raiadas e portas sanfonadas que gemiam pelas ruas, dos bolinhos de chuva e café com leite que faziam a alegria da criançada no final da tarde, na Água Rasa haviam muitos sobrados como este, hoje o bairro está mutilado, porque dizer que está descaracterizado seria gentileza da minha parte, os espigões tomaram conta da paisagem, saudades de tempos mais humanos e fraternos.

  3. Infelizmente, como muitos outros da cidade, todo o bairro da Pompeia está em obras — demolições, construções, inclusive de estação de metrô. Todo dia que se passa lá (e eu passo ao menos uma vez por semana) se vê destruição totalmente descontrolada, e construção de prédios absurdamente altos para os padrões até de bairros com essência comercial/empresarial. E assim o bairro vai perdendo seu charme, parte da história e fica com trânsito cada vez mais difícil. Bem ali perto, na Rua Crasso, na Lapa, entre Guaicurus e Fáustolo, também estão acabando com os sobradinhos e construindo (também nos arredores) enormes condomínios.

  4. O que me sempre chama minha ateção são as janelas e portas que muitas vezes dão direto a rua, algo que não se vê hoje em dia.

    1. Eu acho essas construções charmosas assim como aquelas com muros baixos, resquícios de tempos mais tranquilos e fraternos.

  5. Estou admirado com a beleza dessa casa,o bairro da Pompéia é cheio desses sobrados, mesmo que a maioria tenha sido demolido boa parte está de pé e bem conservado!! Parabéns ao proprietário(a)!!

  6. Douglas Nascimento gostaria de falar com você, como faço para entrar em contato (Whatsapp, Conta do Face ou email)?

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