Casas Demolidas – Rua Pelotas, 450 a 486

Sempre que nos deparamos com mais residências antigas sendo demolidas, ficamos aborrecidos com mais um pequeno pedaço de nossa memória que se vai. Junto com uma demolição, não se vão apenas tijolos, mas também histórias de um bairro, de famílias e, evidentemente, da cidade. E ficamos muito tristes ao sermos informados pela leitora Gabriela Gonçalves que seis residências vizinhas na Rua Pelotas, entre os números 450 a 486 foram abaixo. Vamos conhecê-las ?

Rua Pelotas 450 e 456

clique na foto para ampliar

As duas residências acima, nos números 450 e 456, foram as primeiras a serem demolidas. O imóvel do lado direito já estava completamente descaracterizado e funcionava de residência na parte superior e um pequeno estabelecimento comercial no nível da calçada. Já o sobrado à esquerda, era o imóvel mais antigo deste trecho da rua, entretanto já estava completamente abandonado há mais 5 anos e sequer tinha telhado.

Rua Pelotas 464

O sobrado do número 464 era o mais moderno entre as construções que foram demolidas. Erguido nos anos 60, o imóvel há alguns anos funcionava como um ponto comercial. Era endereço da Stepan Química, que mudou-se para outro local.

Rua Pelotas 472 e 480

clique na foto para ampliar

De todas as casas demolidas, as residências vizinhas no número 472 e 480 eram as mais bonitas. Eram duas casas térreas antigas que estavam muito bem conservadas até irem abaixo, alé de amplas e confortáveis.

Abaixo, fotografias da leitora Gabriela Gonçalves dos dois imóveis já parcialmente demolidos (clique nas fotografias para ampliar).

Rua Pelotas 486

clique na foto para ampliar

Por fim, a última casa demolida, no número 486. Tratava-se de um sobrado antigo de linhas simples mas também bastante amplo e confortável. Era usado como residência e ainda possuía, no canto esquerdo, um pequeno portão que dava acesso a uma pequena residência aos fundos. Chamava a atenção, tanto nela como na residência do número 480, o piso e muro feito de caquinhos, muito comum nas casas paulistanas antigas.

Mais um novo prédio com um nome cafona:

Sejam históricas ou não, são mais seis casas que desapareceram para dar lugar a um novos empreendimento. A Vila Mariana está cada vez mais saturada, com prédios enormes em ruas estreitas.  Não muito distante desta demolição, na Rua Amâncio de Carvalho, um quarteirão inteiro foi demolido no início de 2012.

Mesmo com tantas demolições e tantos prédios novos surgindo nesta região, nenhum melhoramento viário ou urbano foi feito por ai. A falta de planejamento urbano em São Paulo parece que chegou junto com o Padre Anchieta e pelo visto não irá mudar tão cedo. O nome do novo prédio que irá subir ali é bem cafona, praxe dos novos edifícios atuais: Storia.

Compartilhe este texto em suas redes sociais:
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn
Siga nossas redes sociais:
pesquise em nosso site:
Cadastre-se para receber nossa newsletter semanal e fique sabendo de nossas publicações, passeios, eventos etc:
ouça a nossa playlist:

Casarão – Rua Honduras, 616

Imóvel encantador no número 616 da Rua Honduras foi isolado por grades. O que será que vai acontecer com este belo imóvel ? Leia a reportagem e veja mais fotografias.

Leia mais »

18 respostas

    1. Mas afinal os “pombais de luxo” tem de ter esses nomes, afinal quem compra quer o “gramú” de morar num lugar com nome “chique’.

  1. Perdemos casas velhas caindo aos pedacos.
    E a cidade ganha empregos e modernidade; e como uma reciclagem, novo ciclo de vida que nasce… Isto tambem ocorre na natureza.

    Tambem acho puro egoismo umas casecas como estas ocupando um espaco super nobre onde diversas familias poderiam morar… Cheio de infra-estrutura…

    1. Desculpe Miguel mas se você observar direito vai ver que apenas duas – de seis – estavam ruim. As outras eram todas ótimas casas, e com certeza muito melhores do que os prédios caros e vagabundos que serão erguidos ali. E o espaço “super nobre” não precisa ser de prédios, pode ser de casas.

      Não acho que tudo tenha que ser preservado, mas discordo com o argumento de emprego e modernidade. Não há modernidade nenhuma nos prédios residenciais que estas construtoras andam fazendo por aqui, são feios e um igual ao outro. Nunca se fez tanto prédio feio em São Paulo, e nunca se viu corretor prometendo tantas coisas impossíveis para os compradores como hoje.

      Infra-estrutura tem que ser pública e isso é obrigação do estado. Não dentro do prédio, isolado e para poucos.

      1. Há várias questões embutidas aí. Quantas famílias cabem em um prédio construído onde antes havia uma casa? Quantos prédios cabem um um bairro? E na cidade e região mais populosa do país, quantas pessoas ainda cabem?

        De Campinas ao Rio de Janeiro, passando pela baixada Santista e Vale do Paraíba, o cenário é desolador. São 35 milhões de seres humanos espremidos em pouco espaço na luta pela sobrevivência. O objetivo de todos é o sonho de consumo vendido pela propaganda: vida nova em um prédio de péssima qualidade, apartamentos minúsculos, nome horroroso e longe, cada vez mais longe. Um autêntico campo de concentração vertical. Enquanto isso, a mata atlântica geme a cada árvore que é derrubada para construção de mais barracos que darão início ao surgimento de novos bairros onde futuramente serão erguidos mais prédios.

        A falência do modelo americano de cidades está aí para todo mundo ver. Ao lado dos automóveis e barracos, os prédios são os responsáveis pelo caos urbano que nos metemos.

        Planejamento urbano são palavras exaustivamente repetidas como a salvação das cidades. Novas questões porém colocam-se antes do planejamento: como vamos alojar tanta gente vivendo em tão pouco espaço? E o meio ambiente arrasado, como fica? Onde vamos arrumar espaço para criação daquilo que a metrópole paulista mais precisa, as preciosas áreas verdes e permeáveis? Mas ainda que seja possível compactar e empilhar pessoas em apartamentos cada vez menores, isso não funciona como um aceno para que mais e mais pessoas deixem suas pequenas cidades e venham para São Paulo? E quando o racionamento de água chegar, faremos a transposição do rio Amazonas para o sudeste?

        Com a palavra o governo federal.

        1. As pessoas acham que qualidade de vída é moram num conjugado ou quarto e sala em algum bairro “nobre” em detrimento daquela magnífica chácara nos arredores das cidades, com pomar e rede na varanda.

          O conceito americano de subúrbio não é tão pejorativo quanto o conceito brasileiro, em New York aqueles que não tinham dinheiro para morar defronte ao Central Park descobriram nos anos 70 que era mais negócio morar a 1 hora de carro do local de trabalho do que nos bairros mais humildes e mais próximos (Harlem, etc).

          Por isto construiram casas amplas e confortáveis nos subúrbios.

        2. Será que o plano diretor urbano de São Paulo foi modificado? Segundo a Lei ão se pode sair por ai levantando prédios, prédios, prédios, porque isso implica em lotar ainda mais a malha viária, aumenta o aglomerado humano,exige-se mais atendimento escolar, hospitalar, e tudo mais. Isso acontece debaixo do nosso nariz porque a corrupção está desenfreada. Com a palavra a corrupta e obsoleta prefeitura de São Paulo…….

    2. A cidade ganha novos “pombais” de luxo, aumentando o consumo de eletricidade e a poluição visual da cidade, em prédios cada vez mais altos, cada vez mais feios e cada vem mais impessoais.

      Especulação imobiliária não é progresso assim como estádios de futebol não significam progresso de um povo se falta transporte coletivo de qualidade e leitos em hospitais.

      Parabólicas nas favelas é sinônimo de progresso?

      Prédios feios e impessoais no lugar de casas bucólicas também não é!

  2. Desde criança acho demolições algo desolador com atmosfera de luto…Parece que as pessoas que construiram estas casas morreram de novo e sua época enfim sucumbiu num monte de entulhos e poeira…

  3. Adoro este site,acho uma pena essas casas sendo destruidas para dar lugar a predios,sei bem o que e isso minha familia morava em um casarao no interior de sao paulo,que foi demolido no comeco de 2009 para dar lugar a dois saloes,pior que ainda foi demolido por um dos herdeiros no caso meu tio,nao sei como essas pessoas destroem a casa de sua propria familia como no caso da familia lotaif e os matarazzo,

  4. A demolição destas casas foi simplesmente um crime. Destroi a memória da cidade em detrimento á construções vagabundas revestidas de modernidade apenas em nome da ganância e da especulação imobiliária. Para se ter qualidade de vida pode-se muito bem morar em casas das décadas passadas, que eram aconchegantes e bem construídas. Empanturrar a cidade com prédios não significa modernidade, observe Los Angeles ou San Francisco: possuem imensos bairros de casas das décadas de 30 , 40, 50, 60, todos reformados e maravilhosos.

  5. Gostaria de deixar registrada aqui uma história curiosa sobre as casas em questão.

    Em uma delas afixaram uma mensagem impressa em um computador (tenho a foto) e o morador deixou ela lá, eternizada com os dizeres que estão entre parêntesis…:

    Prezado Sr. Morador e proprietário destes 05 cães!

    Na sua vizinhança existem muitos idosos (QUEM?) assim como o Sr, além de muitas crianças pequenas e bebês, e também adultos que trabalham a noite e precisam DORMIR até mais tarde e DESCANSAR durante os finais de semana e feriados.

    Porém isto tem se tornado IMPOSSÍVEL devido aos latidos de seus 05 cães, todos os dias já as 8:00h da manhã, e muitas vezes ao longo do dia TODO!!!

    Pedimos educadamente (ameaçamos educadamente) ao Sr que segure seus cães no seu quintal (frente também é quintal) pelo menos até as 9h da manhã TODOS os dias, ou então o máximo que puder ao longo do dia inteiro, pois está cada vez mais difícil de ser seu vizinho (mude-se) e AGUENTAR os latidos do seus 05 cães!!!

    A sua liberdade e livre arbítrio termina quando começa o nosso, ou seja, todos tem direitos iguais de respeitar e ser respeitado, em todos os sentidos!!!
    Portanto não gostaríamos de tomar atitudes mais drásticas como “denunciá-lo” as (falta acento grave) autoridades ou “dar veneno” (assassino) aos seus 05 cães para termos SOSSEGO!!!

    Contamos com sua colaboração e educação, consideração e respeito!!!

    Seus vizinhos (QUEM? Não posso respeitar anúncios anônimos)

    Enfim, uma legítima peça de falta de tolerância de nossa cidade, curiosamente registrada no local indicado por vocês…

    PS: Na Dr. Amâncio de Carvalho, mais um bloco de casas (em frente aquele que vocês já postaram aqui) desapareceu.

  6. Foi uma pena, sou moradora da Pelotas e o edifício construído descaracterizou totalmente o quarteirão, além do nome e arquitetura duvidosa.
    O casarão sem teto estava a mais de 30 anos vazio e era constantemente invadido, o outro ao lado foi transformado em cortiço, essa casa era bem antiga pq ela tinha porão alto ( local do pequeno comércio) e piso de madeira (sem laje).
    Tive a oportunidade de entrar em duas dessas casas e todas estavam muito bem conservadas, exceto a abandonada claro.
    Agora passo na rua e tenho vista para um pirulito branco gigante, mal implantado no terreno e que contribui com a feiura pq entrega para rua mais um muro horrendo como fachada.

  7. São Paulo acabou, podem enterrar. Fui para Cotia – SP, e ao voltar, a Av. Rebouças, cada vez mais tenebrosa, muitos antigos casarões deram lugares a edifícios horrendos. A Av. Brasil, por onde passei, parece melhor, mas vamos ver. Em lugares em que o poder econômico manda mais, não sei se muitas casas históricas antigas se salvarão. Só o tempo dirá. Mas que é triste ver o que SP e Grande SP estão virando, isso é. E somos apenas pessoas comuns, não temos como interferir muito, por maior que seja nosso amor à memória arquitetônica. Não que eu saiba, porque se descobrir um meio, vou procurar preservar mais a memória das cidades, sem dúvida.

    1. O que mantém as casas da região da Avenida Brasil em pé é o congelamento do bairro para a construção de grandes edifícios (Que é o que também acontece no Pacaembu), não fosse por isso essa região já teria virado um paliteiro como os bairros ao redor o são…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *