A demolição da rua da Assembleia

Na primeira vez que falei sobre os Arcos do Jânio aqui no São Paulo Antiga, não imagina que conseguiria tanto material exclusivo sobre o local para render uma nova matéria.

Entretanto com o acervo incrível fotografado na década de 1970 por Paulino Tarraf, tivemos acesso a história original dos arcos e também da rua Jandaia, que fica na parte superior do arco.

Agora você irá conhecer, também com exclusividade, o casario que existia diante do arcos e que foram demolidos em 1987  por ordem do então prefeito de São Paulo, Jânio Quadros:

Rua da Assembleia em 1987 (clique na foto para ampliar)
Rua da Assembleia em 1987 (clique na foto para ampliar)

Fotografada em 1987 e 1988 por Ronald Kyrmse, a rua da Assembleia dava seus últimos suspiros. Ela foi arrasada porque a prefeitura considerava o casario irrecuperável e alegava que, uma vez com boa parte dos imóveis transformada em cortiços, a área era insegura.

As fotos que mostram os imóveis já vazios apresentam uma imagem um pouco diferente daquela vislumbrada por Jânio Quadros. Todo o casario era recuperável, e a restauração daria mais dignidade a seus moradores. Entretanto, o que se viu foi uma ação mais higienista do que urbanística.

O surgimento destas fotografias, quase três décadas após a demolição, reabre o debate sobre os “Arcos do Jânio” com uma questão nova: O que dava mais valor a cidade ? O casario restaurado com seus moradores voltando ao local e vivendo com dignidade, ou os arcos como estão hoje ?

Auto Mecânica Furlan, na rua da Assembleia (clique para ampliar)
Auto Mecânica Furlan, na rua da Assembleia (clique para ampliar)

Algumas fotos, como esta acima, mostram que todo um ciclo de atividade existia por ali. Residências, estacionamentos, oficinas mecânicas, casas com costureiras etc. Tudo isso foi abaixo, separando amigos e famílias, destruindo lares e inviabilizando negócios de pessoas pobres em pleno centro de São Paulo.

Escavadeira entra em ação na rua da Assembleia em 1987 (clique na foto para ampliar)
Escavadeira entra em ação na rua da Assembleia em 1987 (clique na foto para ampliar)

Ao contrário do que podemos pensar quando ouvimos hoje em dia o nome “Arcos do Jânio” no noticiário, a descoberta dos arcos não foi algo planejado pela prefeitura naquela época. O ocorrido foi, na verdade, uma sortuda descoberta de algo que já havia desaparecido de nosso cotidiano.

clique na foto para ampliar
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Observar estas imagens atualmente, me vem uma certeza de que não devo continuar chamando os arcos pelo popular apelido de “Arcos do Jânio”.

Ao ver tudo isso desaparecendo, pensando na dor de famílias que foram alijadas de seu lar e também das construções que a cidade perdeu sem razão, creio que Jânio Quadros não merece essa deferência. Estes são os “Arcos dos Excluídos”.

Agradeço mais uma vez ao autor das fotos, Ronald Kyrmse, pela imensa contribuição para a nossa memória iconográfica. Abaixo, mais cinco fotos tiradas por ele entre 1987 e 1988:

Acervo São Paulo Antiga

Acervo São Paulo Antiga

Acervo São Paulo Antiga

Acervo São Paulo Antiga

E você o que acha que seria melhor para nossa cidade: Preservado e restaurado o casario demolido nas ruas Jandaia e da Assembleia, ou a demolição realizada por ali ? Comente!

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60 respostas

  1. Se a grande maioria da população fosse de respeito…com certeza teria que ser preservada.
    Como a realidade e outra…viva a demolição.. Infelizmente.

    1. O senhor contribuiria com a discussão se explicitasse a definição de “população de respeito” que seu comentário implica.

      1. Fosse passear à pé naquelas épocas naquela região que ficaria sabendo…e só uma observação, eu nasci e creci perto dali no Bixiga mas meus pais sempre evitavam passar daqueles lados…nem faço idéia o por quê!

  2. Matéria simplesmente sensacional. Passei a vida inteira falando sobre “como ficou bonito a região com os Arcos”, mas depois de ver essa e a matéria anterior, vou mudar de opinião. Imagina que sensacional seria ver esses casarões restaurados nos dias de hoje? É, mais um golaço de vocês. Parabéns!

    1. Acho que foi um total desrespeito `a nossa historia, demolir aqueles casaroes, que em seus dias aureos, foram maravilhosos. Como seria se destruicemos Roma, s’ pq e’ antiga ? O povo que cuida de seu passado com respeito, tem um future garantido e muita cultura. Quanto a pixacao dos arcos, outro exemplo de desrespeito ao nosso passado e historia. Vandalismo com aprovacao de um governo corrupto.

  3. Olha, dificilmente esses casarões seriam restaurados, pessoal, principalmente porque o paulistano médio gosta de “coisa nova” (se é correto, ou não, não sabemos).

  4. Lembro de quando era pequeno ter visto a matéria sobre a demolição no extinto Notícias Populares…

  5. Bem…sem qualquer dúvida, eu preferia que ali fossem mantidos os casarões. E isso não é “chover no molhado”, não.Mais uma vez, vem a questão: pra que servem os tais órgãos de proteção desses imóveis? Estrou falando, claro, do tal de Condephaat, que não apita nada!

  6. “Arcos dos Excluídos” :

    Achei as fotos simplesmente fantásticas, um registro de um segundo (ou seria milésimos de segundos ?) – no tempo que jamais voltará.
    Muitas vezes fico pensando se fico feliz pelos registro ou triste pelo que se perdeu … mas como explicar em palavras como era ? Apenas pelo registro de um fotógrafo inspirado e que queira registrar aquele segundo em especial saberemos, pois “Uma imagem vale mais que mil palavras”, como nos diria Confúcio … sábias palavras.

    As fotos da demolição são pesadas e chega a doer o coração de quem não concorda com o fim desonrado deste casario. Chocante de ver as máquinas derrubando, em minutos, anos de histórias de vida. Tudo virando pó.

    Não seria interessante entrevistar estas pessoas (se forem achadas) para ouvir suas histórias ? …. 😉

    Um grande abraço de um grande fã do “São Paulo Antiga”.

  7. Eu estava “passeando” pela Rua Assembleia (pelo Google Maps), para ver como está atualmente o local e localizar onde exatamente demoliram. Para eu entender melhor : a parte demolida é onde o Posto Petrobrás está ocupando o terreno ?

    Obrigado. Abraço !

    1. Oi Evandro, não… o posto é o final da Asdrubal do Nascimento e começo da rua Jandaia.
      A rua da Assembleia, que não existe mais, é hoje chamada Praça dos Artesãos Calabreses, diante dos arcos.
      A parede do fundo das casas demolidas eram os próprios arcos.

  8. Li o artigo anterior e não tive tempo para tecer um comentário que a mim parece pertinente: Conheci muitíissimo bem a Rua da Assembléia, pois lá tinha amigos e conhecidos aos quais frequentava quase todos os dias. Foi pois, com pesar e indignação que vimos a demolição dos prédios. Mas essa desventura, que a muitos pareceu atenuada com a descoberta dos arcos, suscitou outra igual ou pior, que foi a remoção dos moradores para o que seria o embrião da famigerada COHAB Adventista, cujo local era aprazível fazenda com criação de gato leiteiro, lavouras diversas e remanescentes de mata atlântica. Digo famigerada, evidentemente, não pelo povo que lá reside ou residiu, mas sim porque lá foi tudo erigido às pressas, sem a mínima infraestrutura para acomodar os moradores da demolição da Rua da Assembleia. As casinholas eram inacreditavelmente ridiculas; o tamanho era minúsculo (uns 15,00m2), o material empregado e o acabamento não é bom nem falar. Concluindo: A prefeitura cometeu aquela barbárie contra a cidade e povo, para dar início à favelização de outra área. Agora, depois disso tudo ter passado, vem o nosso Prefeito, dito “kid sulvinil” por alguns, a vandalizar ele próprio os arcos quer sorte estavam lá.

  9. Duas observações que considero pertinentes –
    A segunda foto mostra uma parede com uma inscrição, já bem esmaecida na época, que se referia a marcas de carros que em 1987 já não circulavam fazia muito tempo:
    AUTO MECANICA
    FURLAN
    SERVIÇOS
    HILLMAN
    VANGUARD
    AUSTIN
    E a terceira foto, dos três cidadãos na rua e um quarto junto à pá da escavadeira, recebeu de mim um título tipicamente paulistano: “Nóis fumo pro meio da rua apreciá a demolição”.

  10. excelente Douglas, Parabéns pela matéria.. Pelo menos temos uma boa notícia por estes dias: casarão dos Bocaina, um dos últimos dos Jardins- será preservado pela construtura que o comprou, com processo de restauração, em curso.

  11. Acho que foi bom apesar da perda histórica.
    Um exemplo é av são João ou rio branco não me lembro bem, para se fazer a mesma foi demolido muitos imóveis.
    é o preço para adaptar a cidade as necessidade, mas a muito patrimônio a ser preservado e deveria ter mais incentivos para isso de todas as autarquias.

  12. Nunca vou conseguir avaliar esse paradoxo. Um pouco de boa vontade e espírito inteligente teria conciliado a preservação dos imóveis e a revelação dos arcos. É um típico caso em que a decisão deveria ser híbrida. Mas vá lá, aqui não é a Itália.

    1. É um paradoxo de fato, Pedro. As decisões são multifacetadas. Infelizmente não são nem amadurecidas o bastante, nem embasadas em estudos realmente abrangentes. É sempre difícil conciliar o humano com o técnico…

  13. Sem demagogia, Douglas… não tenho nada a favor do Janio, mas “excluidos” é petista demais para mim. E demagógico. Deixe o Janio. Concordo que as casas não deveriam ser demolidas (mas teriam de ser restauradas), mas o arco salvou a pátria. Isso porque o Janio, como v. disse, não sabia que os arcos estavam ali.

  14. Sensacional matéria. Concordo com todo o tom adotado no artigo, e ‘Arcos dos Excluídos’ (ou ‘Arcos da Gentrificação’) é um ótimo nome (infelizmente)! Sim, os arcos são lindos, mas o preço pago foi caro demais. Tanto pelo casario, mas principalmente pelas pessoas, porque elas fazem a cidade.
    Apesar de bonitos, hoje aquele trecho da cidade ficou morto, somente um cenário para uma alça de acesso da 23 de maio.

  15. Eu vivi até os 25 anos em uma das subidas do morro de Santa Tereza no Rio de Janeiro, tendo ainda o privilégio de conviver com a minha bisavó que cresceu no mesmo local e dotada de uma memória excelente para me relatar detalhes das casas e pessoas do bairro em 1910 – quando tinha os seus 14 anos de idade. Quando vim para São Paulo e conheci o “arcos” sob essa explicação “desenvolvimentista” que “justificava” o benefício estético e a própria ‘intervenção urbana’ como fato consumado e “bom” em si mesmo. Voltei a morar em Sampa no centro e já estendi minhas caminhadas a regiões visitadas por esta página como o Pari – em todas elas enxergamos aquilo que é objeto principal dessa documentação – a “pressa” irrefletida, o argumento da picareta “progressista” e na maioria das vezes, sem uma consulta genuína à população, apenas esse traço cultural (que alguém se referiu acima) que é motivado não sei por qual intervenção da mídia ou sinergia inesperada da interação de tantos indivíduos que para aqui migraram e que acreditaram no conto da metrópoles progressista – que tal progresso é feito as custas da própria memória. Aqui em São Paulo se está sempre pronto a aceitar o ‘fato consumado’ da obra de engenharia ou da ‘solução viária’ – como se não houvesse alternativas.

    Hoje é comum reclamar-se dos problemas causados pelo aeroporto – mas ninguém discute as irregularidades, o provável rastro de corrupção, que permitiu que o entorno daquela área ficasse densamente povoada e cheia de prédios acima do gabarito originalmente determinado por normas de segurança – o Ibirapuera deveria ter prédios até 6 andares de altura, o prédio do falido Banco Santos junto ao Pinheiros tem outros tantos andares acima do limite… Isso sem falarmos nas grandes ‘soluções’ de engenharia como o Minhocão – e em ponto pequeno – o viaduto que ‘resolveu’ as Porteiras do Brás; a mudança da estação rodoviária abordada em outro ponto do blog – a “linearização” do curso de 52 km do Tietê para 15 km urbanos, sem os meandros, tudo quase sempre prejudicando um número grande de moradores locais, sob um suposto benefício genérico à coletividade e muito específico lucro para um conjunto de especuladores, empresários e provavelmente fiscais, vereadores e sabe-se lá quantos “laranjas”… Seria uma obra de investigação fiscal muito interessante traçar o surgimento dessas fortunas privadas a custa da memória coletiva, utilizando os instrumentos do poder público… Pena que as manchetes sempre duram pouco, quando há uma mudança de governo, o que sugere que os interesses são maiores e mais espalhados em seus contatos e mais influentes do que o “valor” de uma manchete ou uma boa reportagem… logo o tema arrefece e vem o usual ‘silêncio’ que permite conter qualquer possível indignação da população, enquanto a especulação imobiliária prossegue em seu processo de “renovação” de áreas de investimento e intervenções na paisagem urbana – o paulistano pode ter muitos benefícios por morar nessa cidade menos “cidadania” no sentido de uma influencia real nas diretrizes da cidade em que habita…

    1. Paulo, parebéns pela clareza das ideias expostas. Concordo contigo, nas ideias e na frustração. Gostei da expressão ‘fortunas privadas a custa da memória coletiva’, vou usá-la! rs
      Um arquiteto colombiano em SP disse uma vez que se alguém quisesse fazer um experimento de como seria uma cidade sem regras de planejamento teria feito SP. As regras escritas e ignoradas por tanta corrupção, enterradas por tantas anistias, e influenciadas pela ‘picareta progressista’ moldarm esse espaço público (e privado porque não) ausente de memória, de pessoas agressivas umas com as outras pois não enxergam nenhum vínculo que as una, nenhum vínculo histórico ou espacial.

    1. Pois eles ficam na Avenida Vinte e Três de Maio sentido Aeroporto, logo após a Curva da Ferradura, próximo do Viaduto Jaceguai.

  16. Ou não. Os casarões certamente tinham proprietários, e no interior do Bixiga ainda hoje existem ruas residenciais com casarios semelhantes a estes. Como bem definiu o Douglas, foi muito mais uma medida higienista do que urbanística, de enxotar a população mais carente para a periferia.

  17. Luiz Tadeu, poderia me explicar qual é a sensação de defecar pelo teclado sabendo-se que quem ficou sem teto da noite para o dia não foi você ou a sua genitora?

  18. Jânio Quadros era um velho gagá e esclerosado, que em muitos de seus delírios na prefeitura mandou pintar os ônibus da CMTC de vermelho e mandou fabricar outros da mesma cor e de dois andares, como se aqui fosse Londres. As razões pelas quais mandou demolir a Rua da Assembleia carregou consigo para o caixão (e espero, para o inferno), mas muito provavelmente num ataque de fúria aos pobres deu ordem para que estes fossem demolidos, enxotando a população mais simples para os extremos da periferia, uma atitude preconceituosa e higienista. O centro da cidade somente será recuperado se ele for repovoado por pessoas de todas as camadas sociais, e há prédios vagos para todos os gostos e bolsos.

  19. Apesar dos 9 anos de diferença, pude observar alguns pontos comuns entre minhas fotos e o vídeo de Paulino Tarraf que mostra a “Rua das Casinhas”, na postagem anterior sobre o mesmo tema . Os tempos abaixo referem-se ao vídeo –
    2:11min – Vê-se a estrutura da placa “Eliane” que aparece pela primeira vez em 0:11min e na panorâmica em 0:57min. Essa placa encobre (nas cenas anteriores) a série de casas do lado ímpar da R. da Assembléia;
    2:15min – A casa onde ficava o anúncio da Auto Mecanica Furlan (minha 2ª foto), a 2ª casa daquele lado da rua;
    5:58min – Uma varanda característica, pertencente à casa do lado par que aparece já parcialmente demolida em minha 3ª e 4ª foto, com a escavadeira junto a ela;
    6:05min – Casa com janelas em arco e venezianas vermelhas e azuis, que aparece com destaque em minha 1ª foto, mas também na 3ª e na 4ª;
    6:11min – Cena de fachadas, bastante semelhante à minha 1ª foto, se bem que com perspectiva ligeiramente diferente; é a casa nº 300, que fica em cena até 6:24min.

  20. Que isso….?!?..repovoando o centro de São Paulo com todas camadas sociais…São Paulo alias…nosso Estado..a tempos esta sem identidade..muitos lugares você não sabe se esta em outros estados ou esta no inferno…

  21. Em 1987 me transferi de Sempla para o DPH. Na época, a Seção de Critica e Tombamento era chefiada pela arquiteta Myrthes Baffi. Os técnicos da seção na ocasião defendiam a preservação desse conjunto de sobrados, mas ainda não existia o conselho municipal de tombamento. O prefeito era personalista, entendeu que deveria mandar demolir tudo. Só depois descobriu o muro de arrimo de tijolos e mandou reconstruí-lo.Nós do DPH sabíamos da existência desse muro, mas eramos de opinião que as construções residenciais não só tinham valor arquitetônico, mas também interesse social, já que serviam de moradia para famílias de baixa renda. Não fomos ouvidos. Recentemente o Compresp concordou com a vandalização oficial dos arcos reconstituídos. Um erro segue outro. E a cidade, como sempre, saiu perdendo.
    arq. Eudes Campos

  22. Que sensacional! Passo por ali e sempre imaginava o que seriam os arcos….. agora, sei que infelizmente, toda uma história foi destruída de maneira equivocada para que eles aparecessem, e o “progresso” chegasse mais rápido….

  23. Seria a restauração dos casarões da Rua Jandaia que foram demolidos pelo terrível Jânio Quadros.

  24. O posto de gasolina que tem hoje, antigamente dava lugar a um bar com nome de Bar e Lanches Alfer cujo dono era um senhor gordo que era apelidado de “Birico”

    1. Luiz, tudo bem? Por acaso encontrei esse texto sobre a demolição dos sobrados situados na Rua Assembleia. Sobre o que você escreveu do Bar e Lanches Alfer o dito senhor gordo apelidado de “Birico” foi meu tio, ele já faleceu faz tempo. Eu trabalhei neste bar com ele nos anos 70 tinha uns 15 anos de idade. Conheci e muito a Rua da Assembleia, eu ia a pé fazer compras para meu tio lá na Rua Liberdade no Mercado Gonçalves Sé que nem existe mais. Atravessava no meio do mato, pois não existia aquela avenida que vai lá sentido Consolação, as vezes tinha que dar a volta pela Rua Jandaia, passar ao lado do Hospital Pérola Byington pois quando chovia era um lamaçal danado. Trabalhei no bar dele até por volta de 1976 quando depois entrei no Unibanco que era na Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 1035 . São muitas recordações daquele lugar. Naquela época o viaduto da ferradura ainda estava em obras e os trabalhadores iam no bar do meu tio almoçar e tomar umas “biritas” naquele tempo era 3 Fazendas, Tatuzinho, Rio Pedrense e muitas outras cachaças bravas. Mas as lembranças não são esquecidas, né verdade? Se vc. é daquela época dá um alô, pois pode ser que eu lhe conhecia, tá legal? Grande Abraço!

  25. Eu penso que foram cometidos dois erros naquela área: o primeiro, terem construído os casarões bem à frente dos arcos, que têm um belo visual. E o segundo, terem demolido os casarões; afinal, já estavam ocupados e, além de terem condições de restauro, também formavam um belo conjunto arquitetônico. Enfim, coisas das sucessivas gestões políticas brasileiras, que não respeitam absolutamente nada além de seus próprios interesses.

    1. Olá Ricardo! Entao, eu morei 8 anos no Bixiga e observei, nesse curto intervalo de tempo, que ele é o retrato do deslocamento populacional em Sao Paulo. Eu digo, as pessoas foram “acomodadas” nessa cidade de qualquer jeito. Nao houve qualquer planejamento efetivo para absorver o contingente que veio para cá. Isso gerou um “contrói-demole” (inventei essa palavra agora hahahah) que reultou nesse monstrengo que virou a cidade. O que acontece: as pessoas passam a ver o espaco público como “território de ninguém”, pois nao conseguem se entender como parte constituinte dele, já que ele nao tem a cara de ninguém (é uma análise criada agora, posso estar errado, claro!) Uma pena! Vale a pena assistir um documentário chamado “Entre Rios”. Foi feito por alguns estudantes da FAU e está disponível no Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=DrITdOscioQ). Vamos lembrar da praca Marechal Deodoro. Aquilo parecia uma praca parisiense, linda (https://br.pinterest.com/pin/471541023463234185/). Daí, veio o Maluf e contruiu um viaduto em cima (Minhocao). Simplesmente destruiu tudo, degradou os prédios na avenida. Tudo em nome de algo que eles pensam ser progresso. Eu vejo as fotos antigas do Rio de Janeiro, a Cinelândia, av. Rio Branco (https://diariodorio.com/historia-da-avenida-rio-branco/) e sempre penso: se tivéssemos preservado tudo aquilo, aliado a um planejaento urbano competente e moderno, teríamos uma Paris tropical à beira-mar. É triste demais….

  26. Como diz o ditado, “há males que vêm para o bem…” É uma situação paradoxal – como a maior parte da existência humana – lamentável pela perda dos moradores, mas sou mais pela existência dos arcos. São lindos, nostálgicos, poéticos. Eles eram anteriores ao casario, e o errado foi construírem sobre eles escondendo-os. (Já pensou se escondessem os arcos da Lapa, no Rio??) A situação das famílias seria facilmente reparada com um contrapartida social adequada. Não sei se o fizeram (provavelmente não, como sempre…) Se a redescoberta dos arcos foi um golpe de sorte, um viva à sorte – que nos legou um pouquinho do sabor da velha e doce Itália. São essas raras ocasiões que tornam as descobertas arqueológicas momentos fascinantes e nós, daqui do novo mundo, temos muito poucas dessas oportunidades.

  27. Totalmente favorável à demolição. Os casarões não deveriam nem sequer construídos!

    Li hoje uma notícia de que o Doria determinou a restauração dos arcos (vandalizados na gestão do petralha anterior).

    Faz muito bem o Dória. E acho que poderia rebatizá-los para “Arcos do Império”, uma vez que foram construídos na época do nosso magnifico Império do Brasil.

  28. A escavadeira aparece como um monstro ávido pela destruição sumária dum patrimônio artístico e histórico incálculável. O problema maior é que as autoridades, como gozam de foro privilegiado, permanecem impunes em atos desta natureza. Embora não nascido em Brasília, cito dois imóveis históricos destruídos aqui no início do governo do Joaquim Roriz: a Escola Classe 1 da Vila Planalto (primeira escola pública local) e a Igreja da Vila Planalto, esta toda feita de madeira e destruída num incêndio criminoso.

  29. Seria bom a restauração dos sobrados sem duvida nenhuma, mas a descoberta dos arcos tambem foi muito boa pra cidade, perdemos os sobrados mas ganhamos os arcos.

  30. Pois é… Resolvi visitar novamente este post para lamentar mais um pouco por São Paulo. Jânio fez algumas barbaridades. Essa foi uma delas. Vê-se pela demolição que a preocupação com as construções foi zero. Nem mesmo o rico “entulho” pode ser aplicado em algum outro lugar? Como o Jânio gostava de importar ideias (como o caso dos ônibus de dois andares…vermelhos… como em Londres?), deveria ter importado a ideia de transferir construções históricas do lugar.

    1. Pois é, um construção histórica cobrindo outra construção também histórica…a questão é : qual delas conservar, ou qual é a mais importante?

  31. Muito interessante a matéria!
    Tendo a ser muito mais favorável à demolição das casas do que pela preservação das mesmas, pelos seguintes motivos:
    1) As casas poderiam ser um patrimônio cultural de relevância, porém os arcos são mais antigos, devem ter presciência na preservação da memória,
    2) Casarões como aqueles há aos montes na Bela Vista e Glicério. Em ambos, estão sofrendo com as mesmas mazelas da degradação urbana que as casas na rua da Assembleia de outrora. Hoje poderiam preservar a memória daquelas casas demolidas ao preservar estas casas localizadas em outros endereços,
    3) A demolição ocorreu para adequação das obras da Av. 23 de Maio, projetada para ser via expressa da cidade. Me parece bastante perigoso qualquer domicílio naquelas imediações, como não há em toda a extensão da avenida,
    4) A cidade, embora tendo sua memória e sua história, as quais devem ser preservadas, também tem sua necessidade de modernização e evolução. A 23 de maio é a avenida mais moderna da cidade em sua forma e concepção. A memória pode e deve ser enfatizada em outros locais mais propícios conforme citei no item 2.

  32. Acompanho o trabalho de Douglas desde o início. Volto aqui depois de ter localizado um “pin” desta matéria no Pinterest. Respeito o ponto de vista de quem já se manifestou aqui.,E afirmo que, a nós cabe julgar o nosso “Estado” que muitas vezes age a serviço da classe “do bem” e não ha toda população, por isso devemos sempre participar das políticas públicas de nossa cidade. Jânio não deveria ter agido como o ocorrido na demolição dos casarões, ele na minha opinião errou. (Depois a história nos mostra que ele mesmo não foi para a cadeia porque morreu antes.) Douglas, gostei do nome que você deu aos arcos na época desta matéria. “Arcos dos Excluídos”, abraço.

  33. Eu nasci em 76 no pérola Baytown, morei nesta rua até os 3 anos de idade. Tenho poucas recordações, mas tenho e minha avó continuou morando ali eu visitava eventualmente. Não sei dizer se restauração seria possível em função das condições dos cortiços, mas sem duvidas seria um belo ponto próximo a 23 de maio, que daria um belo postal.
    Ha dias fui a praça pérola Baytown e da tristeza o descaso da prefeitura de Sao Paulo. Se não tivesse sido Jânio, seria outro destes políticos que não se importam com a cidade.

  34. Adorei o artigo. É realmente uma decisão difícil resolver quais construções deveriam ter sido preservadas. Cheguei aqui atrás de informações sobre a Rua Assembleia enquanto pesquisava fotos antigas de São Paulo. Pode confirmar se essa é a mesma rua em que durante alguns anos o fotógrafo Vincenzo Pastore viveu e teve seu estúdio?

  35. Achei bastante interessante a segunda foto mostrando um antigo anuncio da ”Auto Mecânica Furlan” com os nomes abaixo: Hillman ,Vanguard ,Austin – que eram marcas/modelos de carros ingleses fabricados entre os anos de 1940 e 50 que fizeram sucesso no Brasil quando novos! Muito legal ver esse vestígio de uma antiga ”auto oficina” especializada nestes modelos ja com uns 30 anos depois de terem sido trazidos aqui pro Brasil. Meu pai quando jovem teve muitos desses carrinhos ingleses!

  36. Bom dia Luciano

    Sim, é a mesma rua. O seu atelie ficava no numero 12 no começo dos anos 1900. A propriedade da minha avó era do outro lado da rua, uma grande chácara com muitas arvores frutiferas, começando no numero 33 e ia até o numero 107 na esquina com Rua Asdrubal do Nascimento que antes era conhecida como rua de São Francisco.

  37. Eu acho desrespeitoso tanto a construção dos sobrados de fronte aos arcos, como também na administração Haddad, permitir o grafite. Estes arcos trazem originalmente o trabalho de imigrantes italianos na construção deste monumento e; o encobrimento da arte é o desrespeito. Ainda que “sem querer”, Jânio trouxe à tona a beleza desta obra que até os dias de hoje pode ser contenplada.

  38. Eu me lembro da destruicao das casas, na prefeitura do Jânio. Era adolescente na época e me lembro quando os moradores foram retirados. Para onde foram, eu nao faco ideia, apenas suponho… Os arcos sao um patrimônio, assim como as casas. Será que nao tinha um jeito de preservar as casas e deixar à vista uma parte dos arcos? Nao sei se seria possível, apenas especulo. Na época, havia um cara chamado Hugo Takahashi, que fazia implosoes na cidade. Ele implodiu o prédio ao lado do Center 3, na Paulista. Algúem se lembra dele?
    Eu tenho a impressao de que, com especulacao imobiliária e a desordem urbana aqui em SP, os espacos parecem competir um com o outro. Na cidade de Frankfurt, por exemplo, pode-se observar uma preservacao de quase todas as construcoes históricas (ainda que reconstruidas depois da guerra) e elas dialogam com os prédios gigantes e modernos do setor Leste, a chamada Mainhattan (em referência ao rio Main e à condicao de centro financeiro europeu). Eu creio que, de certa forma, viver em uma cidade acolhedora faz parte de uma política que esemboca na saúde pública, na medida em que contribui para o bem-estar. Obrigacao do Estado!
    Obrigado, Douglas, pelo artigo e pelas fotos. Eu adorei revisitar esse momento.

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