A rua Adolf Hitler e outras que homenageavam alemães em São Paulo

Se você pegar um mapa da cidade de São Paulo de 100 anos atrás ou mais, irá ter muitas dificuldades de se locomover pela cidade, mesmo no centro histórico. Ruas que estão na mesma disposição há mais de um século ficam difíceis de serem encontradas pelo fato de que em São Paulo (e no Brasil como um todo) há um péssimo hábito de se mudar os nomes das ruas.

Quando o Império do Brasil deu lugar à República, várias vias da cidade que possuíam nomes que faziam alusão ao regime monárquico foram alteradas para nomes neutros ou republicanos. Com o tempo os vereadores de São Paulo entraram na folia, mudando nomes de ruas, avenidas e praças sem qualquer estudo técnico ou histórico, apenas seguindo os seus interesses eleitorais, destruindo boa parte da simbologia histórica na nomenclatura de nossas ruas.

Mas e se você soubesse que num passado não muito distante, algumas ruas de São Paulo faziam alusão a heróis alemães e até ao nazismo. Ficaria contra a mudança do nome das ruas ? Provavelmente não.

Pois saiba que nos bairros de Campo Belo e Santo Amaro existiram até a década de 30 as ruas Adolf Hitler, Conde Zeppelin e Hindenburg. Vamos falar um pouco sobre estas e outras ruas nestes dois bairros, e que mudaram de nome entre 1931 e 1950.

RUA ADOLF HITLER (até 1931)

A grande maioria dos moradores da pacata e arborizada rua Gil Eanes, no Campo Belo, sequer imagina que até o ano de 1931 a rua tinha seu nome associado ao chanceler alemão Adolf Hitler.  À época, a rua ainda fazia parte não da capital paulista, mas do município de Santo Amaro (1832-1935).

Grande foco de imigração alemã, a região parecia mais uma vila da Alemanha dado ao grande número de imigrantes daquele país. Era muito comum encontrar as pessoas falando o idioma germânico nas ruas ao invés de português. Algumas casas da rua Gil Eanes e adjacências ainda ostentam uma arquitetura similar à alemã (veja na galeria 1).

Uma das belas casas que existem na Rua Gil Eanes (ex-Adolf Hitler). Clique para ampliar.

Embora seja conhecido que a rua tenha sido chamada de Adolf Hitler por alguns anos, não se sabe quem tenha sido o autor desta homenagem. A desagradável honraria encerrou-se em 1931, quando várias ruas de Santo Amaro (ainda município) foram renomeadas para nomes nacionais ou menos polêmicos. Foi quando a Rua Adolf Hitler teve seu nome mudado para Rua Almirante Barroso.

Entretanto com a fusão de Santo Amaro à capital paulista no ano seguinte, muitos nomes de ruas da região eram iguais aos nomes de outras ruas paulistanas. A solução foi renomear novamente estas ruas em duplicidade para não confundir com as outras. Foi assim que finalmente nos anos 30 a rua Almirante Barroso (havia outra no Brás) foi nomeada para Rua Gil Eanes, permanecendo assim até hoje.

GALERIA 1 – Casas da Rua Gil Eanes e adjacências (clique na miniatura para ampliar):

RUA CONDE ZEPPELIN (até 1931)

Outra rua que tinha um nome bastante curioso, mas não tão polêmica como a anterior, era a então rua Conde Zeppelin. Diferente da primeira, que fica hoje no Campo Belo, esta ainda está em Santo Amaro. É a atual rua Conceição Marcondes Silva.

Herói alemão, Ferdinand von Zeppelin (1838-1917) ou simplesmente Conde Zeppelin, é mundialmente conhecido principalmente pelos seus famosos dirigíveis que sobrevoaram boa parte do mundo (inclusive o Brasil) nas primeiras décadas do século 20.

O fundador da Companhia Dirigível Zeppelin teria sido homenageado com um nome de rua em Santo Amaro no ano de seu falecimento, em 1917 . A homenagem permaneceu até 1931.

Uma das casas da rua Conceição Marcondes Silva (clique para ampliar).

Anos depois da incorporação de Santo Amaro à São Paulo a rua também foi renomeada, pelo fato de já haver outra rua com este nome na capital (no bairro do Paraíso). Seria nomeada definitivamente para Rua Conceição Marcondes Silva em meados dos anos 50.

GALERIA 2 – Fotos da Rua Conceição Marcondes Silva (clique na miniatura para ampliar):

RUA HINDENBURG (até 1931)

Quem poderia imaginar que o ex-presidente alemão, antecessor de Adolf Hitler, teve uma rua que levava seu nome em Santo Amaro?

Paul von Hindenburg(1847-1934) era bastante popular entre os alemães e foi o último presidente da República de Weimar (1919-1933). A homenagem foi feita em uma rua bem próxima a antiga rua Conde Zeppelin, e é atualmente conhecida como rua Ibituruna.

Uma das poucas casas antigas a resistir na via (clique para ampliar).

A homenagem foi desfeita também em 1931, e naquele momento foi colocado o nome de Rua Ibituruna. Como não havia nenhuma outra rua em São Paulo com o mesmo nome na época da fusão, a via permanece com o mesmo nome desde então.

GALERIA 3 – Fotos da Rua Ibituruna (clique na miniatura para ampliar):

OUTRAS RUAS DE SANTO AMARO E CAMPO BELO:

Conforme mencionados um pouco acima, 1931 foi um ano que muitas das ruas do então Município de Santo Amaro tiveram seus nomes trocados. Nem todas as ruas possuíam nomes tão polêmicos como as três ruas qua acabamos de apresentar.

Algumas ruas continham nomes apenas que foram incorporados por fazer referência ou a nomes de moradores da região ou de algumas colônias de imigrantes.

A planilha abaixo apresenta o nome de 12 ruas atuais da região de Campo Belo e Santo Amaro e seus nomes antigos que eram oficiais até 1931. Algumas ruas foram renomeadas mais uma vez após a fusão da antiga cidade à capital paulista.

clique para ampliar

Enfim se hoje não existe qualquer critério de parte de nossos vereadores para colocar ou retirar um nome de rua em nossa cidade, é reconfortante saber que no passado houve quem teve bom senso em remover nomes como Adolf Hitler das ruas de São Paulo. É bem provável que se a rua não tivesse sido renomeada em 1931, quando a guerra ainda não era uma realidade na Europa, teria sido renomeada com a chegada do conflito mundial.

Hoje as histórias deste nomes antigos de rua praticamente desapareceram.  Servem apenas de curiosidade histórica e, quem sabe, de lição para alguns vereadores que insistem em nomear as ruas apenas para agradar seu “curral eleitoral“. Afinal nunca sabemos se o homenageado de hoje pode ser a “persona non grata” de amanhã.

Nota:
*1 – Apenas fontes orais sobre o ano de 1917. Nos dados públicos consta apenas o ano da retirada da homenagem.
*2Na zona leste de São Paulo existiu, até 1980, uma rua que fazia homenagem ao ditador italiano Benito Mussolini, veja aqui.

Bibliografia consultada:

Maria A. Weber e Sérgio Weber – Campo Belo, Monografia de um bairro
João Netto Caldeira – Álbum de Santo Amaro (1935)
Planta Oficial do arruamento do Campo Belo (29/05/1931) / Planta 101

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Respostas de 69

    1. Realmente o Rio de Janeiro tem nomes muitos estranhos de ruas, bairros e praças, como por exemplo Praça Seca.

      1. A Praça Seca (realmente, o nome é esquisito) é corruptela de Praça Asseca, do barão de Asseca (tanto que tem Rua Barão e Rua Baronesa nas cercanias da praça), proprietário de terras no local.

      1. Almiro: essas são engraçadas porque dão margens a trocadilho. Quando eu era criança (e olha que moro na Zona Norte), a Bulhões de Carvalho era apelidada de Rua “Quase-Quase”…
        Mas… a Papai Noel… por si só o nome é pitoresco. Já pensou numa rua chamada Coelhinho da Páscoa???

    2. Parelheiros e Santo Amaro foi onde se fixaram imigrantes alemães no primeiro reinado.É natural que homenageassem um político austríaco Hitler, um aviador como Zepelin.No interior paulista havia homenagens a Mussolini.

      1. Como vai Fernando , tudo bem ? Sim , natural mesmo , muitíssimo obrigado ! Ai , independentemente de seu eu seria contra ou a favor , da mudança dos nomes das ruas , de qual deveriam ser os parâmetros para isso , se rígidos provavelmente , eu faço o advogado do Diabo , e trago a questão de se deve-se ou não apagar a Historia , quando e por que ? ! Como a estatua do Chefe do Governo da Republica Socialista Federativa Soviética da Russia Vladimir Ilyich Ulyanov , mais conhecido como Lenin , que foi retirada de Berlin , ou como o projeto de retirada da estatua do General Confederado Robert Edward Lee , de uma Praça de Charlottsville ? Se demoniza , e se santifica , pessoas publicas ? Se faz , ou são de foto , algumas pessoas completamente monstros ? O contexto de um tempo e espaço , de onde vieram e estavam essas pessoas , é compreendido , e levado em conta ? Ou nada disso importa ? Tudo era somente bom de um lado e terrível de outro , ou existem nuances , que podem não serem interessantes para alguém ? Os Lideres do passado , perdem a sua importância , força e todo o contexto do qual vieram e representam, que explica a nossa Historia e a nós mesmos , nos nossos prazeres e nas nossas dores , por serem considerados maus , ou não maus , pela visão ideológica desse ou daquele ? Eu não estou afirmando nada aqui , mas trazendo , dentre outras coisas a nossa dificuldade humana , em ver nuances , por exemplo ., Por que isso é muito mais difícil , do que enxergar só a cor preta , ou só a cor branca , mas na verdade vos digo que é o essencial para a nossa evolução . Um abraço , Rubens David , O Ulsteriano .

  1. Então, isso é polêmico. Os nomes foram trocados não por ocasião da guerra e nem do pós guerra, mas é de conhecido público que Vargas e o Brasil, mesmo sendo neutro, simpatizava com o Eixo. Mas tantos heróis de hoje como Mao-Tsé-Tung, Fidel Castro, Stálin, dentre outros, qualquer pessoa que não seja ignorante sabe que foram bem piores que Hitler e AINDA TEMOS políticos piores que ele só que ainda não sabemos o que eles fazem atrás dos bastidores……

    1. Pois e’, Vargas era simpatizante com o Eixo, no entanto mandou muitos brasileiros pra Italia, pra lutar no Monte Cassino contra os alemaes. Muitos perderam suas vidas la. Vai entender…. Agora so falta dar nome `as nossas rua de Hugo Chaves, Fidel Castro, Che Guevara e outros amiguinhos do PT.

      1. Na realidade Getulio foi pressionado pelo governo americano, devido as suas reservas minerais. Os americanos não queria perder por nada essa riqueza, como já aconteceu na guerra fria, durante a ditadura.
        Os políticos daquela época fizeram a coisa certa de mudar esses nomes, principalmente de AH.

      2. Getúlio nunca foi aceito por São Paulo. A única rua de São Paulo – SP que teve o nome do Getúlio teve o nome rejeitado e trocado há muito tempo. Hoje tem uma pequena rua com seu nome em um bairro distante: http://goo.gl/maps/3eHm5.

        1. Remato,

          Há também a Passarela Getúlio Vargas, que fica sobre a Avenida 9 de Julho.
          Não deixa de ser irônico a passarela com o nome de Getúlio passar por cima da avenida cujo nome é relacionado ao movimento de 1932.

          1. Acho que a passarela tá na 9 de Julho por conta da FGV mesmo, não é ali perto?

        2. Caraca, outra rua Getúlio e em outro bairro próximo ao Rodoanel? Aqui no distrito Anhanguera também uma Rua Getúlio Vargas, próxima a Rua Carlos Marighella (esse tem uma rua em cada esquina kkkkk).

    2. O pior é que tem ruas com nome destes genocidas. Em Campinas tem rua Che guevara se não me engano. NO ABC não sei qual cidade com vila Lenin ou stalin sei lá, estes absurdos tem aos montes pq as pessoas de bem tem uma preguiça danada, enquanto as mal intencionadas dedicam muito do seu tempo para fazer o que sabem de melhor.

  2. Acho bem estranho em 1931, quando Hitler nem era chanceler na Alemanha (que ocorreu em 1933), existir uma rua com nome dele aqui. Esta certo mesmo essa data ??

    1. Olá Norton, como vai ?
      Está certíssima, está nas fontes no final do texto.
      Embora ainda não fosse chanceler ele já era bastante popular por aqueles lados e o Partido Nazista já era uma realidade.

  3. meu deus quem em sua inteligencia mental deu nome desse deste ai mesmo monstro as nossas ruas deve ser pior que ele …mas que horror…ainda bem alguem de muita sabedoria desfez isto.

    1. Suela, quando o nome foi dado a rua, Hitler ainda não tinha se tornado um “monstro”, com você diz, na verdade ele ainda não havia se tornado, sequer, chanceler da Alemanha, portanto, não seja precipitada em julgar quem propôs esse nome. Além do mais, a despeito dos horrores que seus anos de governo produziram, ele, enquanto gestor público, teve grande exito ao reerguer a Alemanha, que, ao final da primeira guerra mundial, estava “quebrada”, tornando-a tão grande e poderosa que ele foi capaz de promover a 2ª GG e todos aqueles horrores.

      Veja esse comercial e entenda um pouco melhor isso e o poder que a as empresas de mídia e os governos vitoriosos tem de construírem imagens que sirvam aos seus interesses; https://www.youtube.com/watch?v=6N38InRN8q0

      1. Querida Algade , como é bom encontrar pessoas cultas , mas mais ainda inteligentes , o que é uma raridade .
        Meus parabéns pelo o que você escreveu , provavelmente conversar com você deve ser um privilégio .
        Tudo de bom para você , e muito obrigado , O Ulsteriano .

  4. Não sabia da mudança de nome dessas ruas. Muito interessante. Mas parece que essas mudanças não se limitaram apenas aos nomes das ruas. Na Rua Direita havia uma loja de alta costura, chamada Casa Alemã. Durante a Segunda Guerra ela teve seu nome mudado para Galeria Paulista. Devem ter havido outras mudanças semelhantes.

    1. Aqui no Rio há o Bar Luiz.
      O nome original era Bar Adolf, porque um dos proprietários, alemão, se chamava Adolf Rumjaneck. Foi depredado no temp o da Guerra por acharem ser em homenagem ao Führer. Virou Bar Luiz, por conta do nome do outro sócio Ludwig (Luiz em alemão) Vöit.

    2. Sim, aconteceram coisas desse tipo. O Palestra Itália foi obrigado a mudar o nome para Palmeiras em 1942 se não me engano, por fazer alusão a um país do Eixo. O Clube Germânia teve sua sede perdida para o São Paulo Futebol Clube, por pertencer a “inimigos”. O mesmo São Paulo Futebol Clube tentou tomar da mesma forma o Palestra Itália, mas sem sucesso. Nomes e sobrenomes italianos foram aportuguesados, por exemplo, nomes e sobrenomes terminados em “i” passaram a ser grafados com final “e”. Meu avô teve que mudar sua documentação toda por causa disso e corrigí-la um bom tempo depois.

      1. Coisas do ditador Vargas, hoje ninguém se lembra de seu lado sombrio encarnado em Filinto Muller, de suas manipulações mesquinhas, da circular secreta antisemita.

      2. Alberto, o Germania continuou existindo como um clube associado ao São Paulo FC por alguns anos, só depois foi integrado ao clube E essa história do palestra não é verdade, isso surgiu muito tempo depois pois desde a fundação do SP ele desafiava o sistema estabelecido, o que incomodava um pouco por isso surgiu esta história.

      3. E o Sport Club Germânia, campeão paulista de futebol, depois da II Guerra, passou pelo mesmo fenômeno do Palestra Itália/Palmeiras. Virou Esporte Clube Pinheiros, o maior clube poliesportivo da América Latina. Sobre a presença italiana, há na Lapa (bairro mais italiano de SP, a despeito dos húngaros e eslavos), ruas remetentes ao Império Romano: Catão, Scipião, Faustolo, etc.

    3. Que tristes absurdos da ignorância , todas essas mudanças , da Casa Alemã , do Bar Adolf , do Palestra Itália , do Club Germania , das mudanças na terminação e traduções de sobrenomes , mas se um Grande Povo da Antiguidade , que eram os Fenícios ( e Politeístas ) , que depois o Povo que sobrou deles , que se tornaram o Povo da região de Monte Líbano , que foram uns dos primeiros Cristãos ( Maronitas ) , foram em parte estuprados , arabizados brutalmente e estão sendo finalmente sordidamente islamizados , resumindo , vai ser o total extermínio , de uma cultura , e de um Povo na sua real identidade , eu não preciso dizer mais nada . Palmas para a podridão , para o descaso e para a ignorância ! Rubens David , O Ulsteriano .

    4. Bom dia,

      Vou falar de S.Paulo Capital.

      Todos os colégios, hospitais, e outras entidades criadas por “imigrantes alemães, italianos e japoneses” foram obrigados por lei a trocarem imediatamente seus nomes para retirar a alusão aos paizes de origem, e impedidos de receberem recursos financeiros oriundos desses paises.
      Ai surgiram o Colegio São Luiz, Hospital São Joaquim, Hospital Oswaldo Cruz, etc…

    1. Essa e muitas outras. Rua Almirante Barroso, Avenida Conselheiro Rodrigues Alves (atual Vereador José Dinis). Foi Olavo Setúbal quem mais fez troca de nomes de ruas. A Estrada dos Zavuvus virou Avenida Yervant Kissajikian, apesar de todos os protestos dos moradores, que tinham dificuldades para pronunciar o novo nome. Um mapa antigo mostra quantos outros nomes eram repetidos. Lembro que minha tia morava na Rua Prudente de Morais, que se tornou Antonio de Macedo Soares.

  5. Lendo os comentários eu me lembrei de uma história de família. Na verdade, contraparente, mudou-se no início dos anos setenta para a periferia de São Paulo. Um lugar inóspito com ruelas sem calçamento, etc. E sua rua simplesmente não tinha nome. Era um problema, não chegava correspondências, contas, etc. Ele então foi reivindicar um nome para sua rua e o fez, em peregrinações sucessivas na Câmera em “conferências” (SIC) com vereadores. Ninguém tomou qualquer providência. Ele então se cansou: mandou pintar uma tabuleta com seu próprio nome – esdrúxulo, diga-se de passagem – Sete Caramaschi. E assim ficou. Ao que parece até hoje a rua tem seu nome, cep, placa de rua oficial, etc.

  6. Nomes colocados em ruas por pessoas que não sabem o que estão fazendo é comum na periferia de São Paulo. No Grajaú, por exemplo, existe a Vila Natal, onde todas as ruas tem nomes de frutas brasileiras (belas homenagens) seguidos da palavra Natal. Ex.: Rua Abacaxi Natal, Manga Natal., Tangerina Natal, e por aí vai.

  7. Qualquer um que pretenda ser sensato e não se guiar pela imoral história oficial dos ‘aliados’ – que mobilizaram o mundo para destruir um país democrático, sem desigualdade social, que despontava como a VANGUARDA tecnológica e MORAL da humanidade, para defender um regime déspota e sanguinário que não respeitava a liberdade religiosa, a propriedade privada e a liberdade de imprensa VIDE CAPÍTULO III http://vho.org/aaargh/fran/livres9/BORREGOdermund.pdf – pode aproveitar o que ainda resta de liberdade para promover o que não aparece na mídia: COERÊNCIA = FUNDAMENTO DA VERDADE – PILAR DA ÉTICA, BERÇO DA JUSTIÇA – PAZ – E ORDEM SOCIAL.

  8. Desde que Honoré de Balzac afirmou “Existirem dois tipos de história mundial: uma – a oficial, mentirosa, própria para as salas de aula; a outra – a história secreta, que esconde a verdadeira causa dos acontecimentos”, quase nada mudou.

    Pesquisa é como garimpo, exige algum conhecimento do que se busca,TEMPO, muito empenho, até se chegar às substâncias raras e de valor,visto que:

    QUEM DÁ VOZ À HISTORIA É QUEM ACEITA, OU NÃO – AS MENTIRAS ESTABELECIDAS PELO PODER ECONÔMICO.

    “Em tempos de embustes universais, dizer a verdade se torna um ato revolucionário”George Orwell

  9. Ha época da mudança do nome Estrada dos Zavuvus para Yervant Kssajkian uma comissão de vários bairros da zona sul foi ao prefeito reclamar contra a mudança. Não deu em nada. Porém, o fato é que até hoje, não ha diabo que faça a imensa maioria do povo pronunciar o nome correto. Passou a ser somente “Iervanti” e assim deve continuar até o juízo final. Entretanto, ao menos uma dessas mudanças esquisitas não prosperou: mudaram o nome da Estrada de Itapecerica, para um nome que nem me recordo mais. Acho que um mês depois voltaram atraz. Outra até hoje inexplicável e a mudança do nome do Largo São Sebastião (próximo ao Largo Treze) para Largo Boneville. Se perguntar a alguém que lá trabalha ou passa por alí todos os dias, nem assim vão saber onde fica o tal Largo Boneville.

    1. Olá Jorge, tenho feito um trabalho no córrego zavuvus e queria saber a origem da palavra “zavuvus”. Você sabe?

  10. E eu residi 20 anos na Almirante Barroso 133, Campo Belo, e não sabia disso! mas sou obrigado a dizer que passei anos felizes no Campo Belo, estudava no Colégio Meninópolis, no Brooklin Paulista ao lado da Igreja do Morumbi.

  11. Meu pai veio para o Brasil em 1938, escapando da perseguição aos judeus. A sua primeira casa própria foi adquirida na rua Gil Eanes (antiga Almirante Barroso). Quem diria que um judeu fugitivo da perseguição nazista moraria em uma rua que ate 1931 se chamada Adolf Hitler?

  12. Na minha cidade (Três Lagoas-MS) há ruas como Nelson da Capitinga e Rolando Lero rs…
    O negócio é o carteiro achar nossa residência, o resto é detalhe.

  13. Nomes mais antigos eram mais legais, gostaria mais de um adolf hitler que de uns deputado que nunca ouvi falar na vida que devem ser tudo ruralista entreguista, ao contrario do líder alemão

  14. Demonizar o Hitler faz com que jamais a história do mesmo venha à tona, pois é notório que a vida desse homem está propositalmente escurecida. Parece que fizeram de propósito, pois assim ninguém ousa ir atrás de informações imparciais. Simplesmente o acusam de reencarnação de Lúcifer como se uma pessoa sozinha tivesse o poder para fazer tudo o que foi feito, sendo mal ou bom.

    1. Bravo ! Propositalmente ? Imagine ! E por quem ( risada ) ? Um abraço , Rubens David , O Ulsteriano .

  15. (Emeric Lévay)

    Corria o mês de janeiro de 1906, quando São Paulo possuía, no então denominado Largo Municipal, hoje Praça João Mendes, o senado e a câmara de deputados, à semelhança do Congresso Nacional.

    Francisco de Assis Peixoto Gomide, político de grande prestígio, nos primórdios da República, ocupava a presidência da Câmara Alta, chegando a exercer, na condição de Vice-Presidente do Estado a chefia do governo estadual, várias vezes, tanto na administração de Bernardino De Campos, como na de Campos Sales.

    A carreira brilhante do senador foi brutalmente interrompida por uma tragédia, na ante véspera do casamento de sua filha Sofia, de 22 anos, com o poeta Manuel Baptista Cepelos, assassinada pelo próprio pai, em sua residência na rua Benjamin Constant, no centro da cidade.

    O crime ocorreu por volta das duas horas da tarde, segundo o noticiário dos jornais, quando a moça costurava peças de seu enxoval na sala de jantar, segundo narração feita por Guido Fonseca em seu livro “Crimes, Criminosos e Criminalidade em São Paulo (pg. 113).

    Repentinamente, e sem motivo aparente, o senador saca de revolver e dispara um tiro na testa da filha, transfigurando-lhe o crânio. Em seguida, com a mesma arma, suicida-se com o tiro na própria cabeça, sem tempo de receber qualquer auxílio médico, apesar da imediata chegada ao local dos delegados de polícia João Baptista de Souza e Theophilo Nóbrega, acompanhados do legista Marcondes Machado.

    Aventou-se, então, à míngua da melhor explicação, que o gesto do suicida deveu-se ao preconceito que ele nutria em relação ao futuro genro, o qual, além de poeta, era promotor público na comarca de Itapetininga, e ex soldado do Corpo Municipal Permanente, depois transformado na gloriosa Força Pública do Estado, onde o festejado vate, alcançara o posto de capitão, à época em que freqüentava o curso jurídico do Largo de São Francisco (1885-1901).

    O acadêmico René Thiolioer, que privava de sua amizade, confirma tal preconceito (cf. “Episódios de minha vida”, pág. 29) aduzindo que o epíteto “poeta” apresentava uma conotação mais pejorativa do que o de soldado da polícia.

    O segundo ato da tragédia

    Baptista Cepelos, devido ao bárbaro assassinato da noiva, resolve licenciar-se do cargo que ocupava na promotoria pública, para tratamento da saúde abalada (fevereiro de 1906), requerendo nova licença, após breve retorno a Itapetininga, a fim de participar das reuniões preparatórias da fundação da Academia Paulista de Letras (1907), cujo afastamento se prolongou até julho de 1908, quando veio a lume a 2ª edição de seu livro “Os Bandeirantes” prefaciado por Olavo Bilac ao mesmo tempo que iniciava a colaboração no jornal “Comércio de São Paulo”.

    Contudo, o indeferimento de nova licença, por mais um ano, levou-o a pedir exoneração do cargo de promotor, em 30 de julho de 1909, época em que tentou candidatar-se à uma cadeira da Academia Brasileira de Letras, na vaga de Artur Azevedo, perdendo-a para o poeta Vicente de Carvalho, sem levar um único voto no escrutínio, o mesmo acontecendo numa segunda tentativa, quando almejava o lugar deixado por Raimundo Correia, preenchido por Osvaldo Cruz (1913)

    Posteriormente, por empenho do deputado federal Martim Francisco junto ao governador fluminense Nilo Peçanha, Baptista Cepelos viu-se nomeado promotor público de Cantagalo (1915), ao mesmo tempo em que recebia os aplausos da platéia do Teatro Trianon, na capital da República, por seu drama-sacro “Maria Magdalena”, cuja reapresentação fora projetada por amigos, em caráter beneficente, em prol do autor da peça.

    O espetáculo, marcado para o dia 9 de maio não se realizou porque na véspera da reapresentação, o corpo do poeta foi encontrado bastante desfigurado no sopé de uma pedreira, de 80 metros de altura, no bairro do Catete, nos fundos de um quintal de uma residência, à rua Pedro Américo.
    O comissário da Polícia, dr. Thibau, do 6º Distrito, que presidiu o inquérito, optou pela hipótese de suicídio, aliás admitido pelo próprio amigo do morto, René Thiolier (op..cit. Pág.47), embora outras pessoas, como Francisco de Castro Lagreca, tivessem aventado outra causa, de natureza acidental, sem maior consistência fática, visto que não se mostrava razoável, que Cepelos fosse àquele local, altas horas da noite, por caminhos de penoso acesso, como registrado por seu biógrafo Mello Nóbrega (“Baptista Cepelos”, pag. 39), de maneira a prevalecer a tese de suicídio premeditado, também abonada por dois outros amigos do morto, Marco Vilalva e Augusto Saraiva.

    O cadáver do malogrado poeta, como anota Erich Gemeinder numa caprichada cronologia biográfica acrescida ao folheto editado pelo livreiro carioca Carlos Ribeiro, com texto do referido escritor Melo Nóbrega, fora sepultado no cemitério de São Francisco Xavier, no dia imediato ao suicídio, porém, quando da reforma da necrópole, seus restos mortais acabaram sendo transferidos para a vala comum (9 de junho de 1915), onde se perderam irremediavelmente!

    Uma versão temerária

    Humberto de Campos ao receber em seu gabinete, anos depois (13 de agosto de 1933), o escritor Melo Nóbrega, que pretendia colher um autógrafo num exemplar de suas “Memórias”, registrou, com alguns equívocos acerca do famigerado filicídio, a seguinte nota em seu “Diário Secreto”:

    “…O que se sabe até agora, é triste e horrível, e quase se não pode contar.

    O Cepelos, como o senhor sabe – prossegue o visitante – nasceu em Cotia em São Paulo, e era mestiço e filho natural. Indo ainda jovem para a capital, sentou praça na Brigada Policial, e chegou a capitão. Na Revolta de 1893, foi para o sul e tomou parte, lá, na campanha. Veio depois para o Rio de Janeiro, e aqui foi que, em 1915, foi a São Paulo, e conheceu ali uma jovem pela qual se apaixonou. A ignorância da paternidade era um dos tormentos de sua vida. A moça, porém, correspondeu à sua paixão. Era filha do velho coronel Gomide, chefe político de Cotia, que se opôs vivamente ao noivado. Foi quando para forçar o pai ao consentimento, ela confessou:
    – Mas o senhor tem que consentir, porque eu já entreguei a ele! O velho entra em desespero. Toma um revolver, mata a filha e suicida-se depois. Cepelos era também filho de Gomide.” E continuou o memorialista:

    “Ao ter conhecimento do fato, Cepelos achou que não devia mais suportar a vida. Subiu à pedreira, que dá para a rua Pedro Américo, e atirou-se de lá. É pena – remata Melo Nóbrega – na ligeira conversa tida com o autor de “O Monstro e Outros Contos”, que não se possa narrar esse drama, ou melhor, essa tragédia” (cf. “Diário Secreto”, vol. 2, pág.386,edição “O Cruzeiro”, 1954).

    Quem lê as páginas deixadas pelo meticuloso biógrafo do malogrado poeta, não encontrará nelas nenhuma referência a respeito da suposta paternidade imputada ao velho senador, que numa crise de consciência teria matado a filha para impedir o casamento de dois irmãos consangüíneos e a conseqüente consumação de uma relação incestuosa.

    Semelhante mistério ainda persiste nos ensaios de João Gualberto de Oliveira e Arruda Dantas, que se ocuparam da vida atormentada do “Cantor do Bandeirismo”.

    Vale aqui, a sentença tantas vezes repetidas pelos italianos – “Se non è vero, è almeno bem trovato”!….

    Emeric Lévay – foi Desembargador – Coordenador do Museu do Tribunal de Justiça de São Paulo – Professor de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie e Membro da Academia Paulista de História – do Conselho Estadual de Honrarias e Mérito e Sócio-titular do I.H.G.S.P

    1. Ulysses! Gostaria de falar com você sobre a genealogia da familia Freire da Paz e a minha atual pesquisa. Agradeceria se pudessemos conversar.

  16. Muito legal suas informações. Apenas alguns detalhes: as ruas Benjamin Constant, onde residi desde meu nascimento até a venda da casa em 1975, assim como as ruas Machado de Assis, onde morava uma ex namorada e Rui Barbosa (todas no Campo Belo) só mudaram de nomes na metade dos anos 70. Creio que mais precisamente em 1976.

  17. Havia uma rua Mussolini, travessa da Av. Montemagno, entre o bairro de Vila Formosa (Sampa) – onde morei, e a Vila Santa Clara. Foi devidamente rebatizado.

  18. Douglas se foi só até 31 não pode ser um homônimo do Hitler nazista?
    Hitler só virou chanceler em 33 não?

  19. Por acaso sabe o que aconteceu com a rua 20 de Setembro que ficava em Americanopolis,próximo ao pátio do metrô?

  20. Boa a ideia de relembrar os nomes de ruas desse bairro! Mas o texto diz que a rua Adolf Hitler foi mudada para Gil Eanes (navegador português do século XV) e que foi mudada para Almirante Barroso. Foi primeiro para Almirante Barroso e depois para Gil Eanes? Ou o contrário?
    Um trecho de seu texto pode gerar confusão: onde diz que, em 1931, a rua tinha seu nome associada ao Chanceler alemão Adolf Hitler. Em 1931 ele já liderava o partido nazista, mas ele só se tornaria Chanceler em 1933, depois do partido ter obtido uma grande vitória eleitoral. Aí começa a tragédia alemã.

  21. Chegou a hora de termos uma RUA MARIELLE FRANCO em São Paulo. Há muitas ruas que poderia servir para tal: Rua Santo Amaro (para evitar confusão com a Av Santo Amaro); Av Mutinga; Rua Raimundo P de Magalhães (uma das seções – a rua tem duas seções desconexas, uma poderia mudar de nome)

    1. Talvez para alguma rua do Rio de Janeiro tenha alguma relevância, mas para São Paulo poderíamos homenagear pessoas de maior merecimento como a professora Heley de Abreu Silva.

  22. Morei na Joaquim Nabuco 720 e lembro que havia muitas ruas com nomes de metais, todos extintos hoje infelizmente. Lembro da Rua do Ouro, Rua da Prata, Rua do Níquel e Rua do Urânio. Parece que as ruas desapareceram com a construção de uma avenida.

  23. Nasci na rua Demóstenes nos anos de 1960. O nome anterior Rua Rui Barbosa só foi alterado em meados dos anos de 1970, porque havia a avenida com mesmo no bairro do Bixiga. Obrigada!

  24. Alguém sabe me dizer sobre a origem da palavra zavuvus, antigo nome da atua avenida Yervant Kissajikian?

  25. Aqui em meu bairro existe uma rua Eugênio Facchini que até onde eu sei era o nome de um fascista italiano.

  26. No RJ, no tempo de D. João, havia as Ruas do Cano, do Piolho; e cá em SP havia a Alegre (atual Brig. Tobias), e o Beco Sujo (na região da Liberdade).

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