Era o fim de tarde do último dia de novembro de 1936 quando milhares de paulistanos interromperam seus afazeres para contemplar a passagem de um verdadeiro gigante dos ares: o dirigível Hindenburg.
Em uma época em que grandes viagens de aviões e até mesmo grandes aeroportos e aeronaves eram algo novo, o Hindenburg causava ainda mais frisson na população que a passagem do seu “irmão mais velho” Zeppelin pelo centro de São Paulo, em 1933. Para se ter uma noção do tamanho do dirigível alemão, eram 245 metros de comprimento, contra 70,7m metros de um Boeing 747.
Sua visita a São Paulo foi bastante documentada pela imprensa paulistana na época e seus vôos observados de perto por paulistanos, sendo que muitos se dirigiram as áreas mais centrais da cidade apenas para vê-lo melhor. Repetindo parte do roteiro do Zeppelin por aqui, ele desfilou exuberante pela região do Vale do Anhangabau e arredores, passando próximos de nossos grandes edifícios, como o Prédio Martinelli.
Uma foto marcante é esta abaixo, pelo simbolismo alemão presente:
Na imagem podemos ver o Hindenburg sobrevoando o cinema UFA-Palácio, na avenida São João. Inaugurado em 13 de novembro de 1936, duas semanas antes da passada do dirigível por São Paulo, o UFA-Palácio foi o segundo cinema paulistano a exibir filmes da produtora alemã Universum Film AG ou, simplesmente, UFA.
O cinema seria renomeado em 1939 para Art-Palácio, meses depois da Segunda Guerra Mundial eclodir. Antes do UFA-Palácio, entre 1931 e 1935, os filmes da produtora alemã eram exibidos em outro cinema paulistano, Colyseo Paulista.
A visita do Hindenburg deixou milhares de paulistanos maravilhados. A imprensa paulistana fez questão de registrar a impressão das pessoas sobre o dirigível pelas ruas da cidade, como o trecho de reportagem abaixo:
Com sua viagem pelo Brasil oficialmente iniciada pelo Rio de Janeiro, então capital federal, o gigante alemão passou pelo céu da Cidade de São Paulo por volta das 19:00 horas, depois passando por Itanhaém pouco depois das 20:00 horas e no Porto de Paranaguá, no Paraná, por volta das 21:45.
Viajaram a bordo do dirigível, além da tripulação alemã, alguns convidados brasileiros entre os 68 passageiros, como vários Ministros de Estado e o presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Herbert Moses. O destino final era a cidade de Florianópolis, em Santa Catarina.
Uma passagem inesquecível pelo solo brasileiro e que ficou na memória de inúmeros paulistanos que foram testemunhas oculares deste fato hoje histórico.
FIM TRÁGICO
O Hindenburg não teria muito tempo de vida após sua passagem por São Paulo e pelo Brasil. No ano seguinte, precisamente em 6 de maio de 1937, um incêndio destruiu o dirigível por completo, quando ele preparava-se para pousar em sua base de Nova Jérsei, nos Estados Unidos. O incêndio foi assustadoramente rápido e trágico, durando apenas 30 segundos.
O infográfico abaixo dá uma mostra do ocorrido:
E a rapidez impressionante com que o Hindenburg foi destruído pode ser visto neste vídeo da British Pathé:
Poucos tempo depois, um novo dirigível foi construído e batizado de LZ-130 Graf Zeppelin II, entretanto ele nunca foi levado ao ar, tendo sido desmontado em 1940.
Comentarios