É sempre interessante notarmos as mudanças em nosso cotidiano. Não apenas a capital sofre com isso, mas também as cidades interioranas. Não nos damos conta de como nosso cotidiano muda e quantos elementos deixam de existir, e quantos outros são criados a nossa volta. O mesmo acontece com as ferrovias.
O trem era peça fundamental das cidades, assim como são os ônibus coletivos nos dias atuais. Tomava-se o trem pela manhã para ir até a cidade fazer compras no empório, cortar cabelo, pagar contas no banco ou ir ao cartório, retornando para o “sítio” pela tarde.
Este é o caso destas fotografias, tomadas uma na década de 1950 e a outra em agosto de 2014, na cidade de São Carlos, região central do Estado de São Paulo.
Na fotografia acima, observamos um trem tocado com locomotiva a lenha, com destino a Santa Eudóxia, pelo ramal de Água Vermelha. Este ramal foi construído pela Cia Paulista de Estradas de Ferro inaugurado em abril de 1892, sob projeto da antiga Estrada de Ferro Rio Clarence, recém-adquirida pela CP naquela época, ligando a cidade a um bairro rural, denominado Água Vermelha, que mais tarde, em 1893, fora estendido até outra localidade rural denominada Santa Eudóxia, hoje ambos distritos de São Carlos.

Vista aérea de Santa Eudóxia na década de 30
Um ramal curto, com 63 quilômetros de extensão apenas, mas que era o único meio confortável e rápido de deslocamento dos moradores rurais da região com o centro do município. De tão pequenos eram estes núcleos, nem mesmo com a ferrovia se desenvolveram muito, sendo pequenas localidades até os dias atuais.
Após a crise do café e a consequente diminuição desta demanda de cargas, o ramal fica fadado ao oneroso serviço de passageiros. As estradas de região começam a receber melhores cuidados e, a introdução dos veículos automotores e jardineiras vão retirando do trem a sua importância e seus passageiros.
Finalmente, em 12 de fevereiro de 1962 o ramal é fechado, e seus trilhos arrancados apenas em 1964. Era o fim, sem muitas explicações e sem grande interesse, deste meio de transporte para a população rural daquela região. A foto abaixo, tirada na mesma plataforma da anterior, mostra como está o Ramal de Santa Eudóxia em 2014:
Como citado no começo do artigo, mais uma vez, as pessoas tiveram que se adaptar a este elemento cotidiano que foi suprimido e se esqueceram do trem. Hoje restam apenas as lembranças saudosistas, e alguns poucos que lembram-se de terem utilizado este meio de transporte na região.
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