Uma das perguntas mais recorrentes aqui no São Paulo Antiga feita pelos leitores é: “Como vivia a elite paulistana no início do século 20 ?“. Que tal conhecermos por dentro um dos extintos casarões da Avenida Paulista ?
Para iniciar a mostra de como eram alguns casarões e palacetes paulistanos por dentro, escolhemos o Palacete do Conde Alexandre Siciliano.
Construída em 1896, a residência foi projetada pelo escritório de Ramos de Azevedo a pedido de Luiz Anhaia. Por alguma razão Anhaia não ficou no casarão e em 1911 o imóvel foi vendido ao industrial e banqueiro de origem italiana, Alexandre Siciliano.
O imóvel ficava localizado no número 126 da Avenida Paulista, onde hoje é o atual número 807. Tratava-se de uma grande área construída, com vários cômodos muito amplos, sala de leitura, sala de jantar, salão de jogos e dependências externas para acomodação de empregados, além da garagem.
BREVE HISTÓRICO DE ALEXANDRE SICILIANO:
Bem sucedido nos negócios, Alexandre Siciliano chegou ao Brasil ainda garoto e com apenas nove anos de idade. O talento para negócios não demoraria a surgir e logo começou a acumular fortuna.
Como industrial foi proprietário da Companhia Mecânica e Importadora e, no ramo financeiro, foi membro do conselho consultivo do extinto Banco Francês e Italiano.
Além disso, foi presidente da Companhia Ítalo Brasil de Seguros Geraes (grafia da época), presidente da Câmara Italiana de Comércio e até presidente do Hospital Humberto I.

Esquerda: Nota de Falecimento / Direita: Mausoléu no Cemitério da Consolação
Em agosto de 1916, recebeu o título de conde papal do Papa Bento XV. Título este que após sua morte seria transferido a seu filho, Alexandre Siciliano Jr.
O conde viria a falecer no Rio de Janeiro, em 19 de fevereiro de 1923, aos 62 anos de idade. Seu falecimento, à época, foi fato que causou grande consternação na cidade de São Paulo, o que levou uma grande multidão a aguardar a chegada do corpo, na Estação da Luz, para render suas últimas homenagens.
Dali, o féretro seguiu a partir da Rua Mauá, até o Sagrado Coração de Jesus, onde foi feita uma grande missa em sua homenagem. Após o encerramento da cerimônia o corpo seguiu até o Cemitério da Consolação, onde repousa até os dias de hoje (o túmulo está na rua 22, terrenos 3 e 4).
Clique aqui para saber como foi o funeral do Conde Alexandre Siciliano, que parou São Paulo em 1923.
O FIM DO CASARÃO:
O palacete do Conde Alexandre Siciliano sobreviveria mais algumas décadas até ser demolido.
Ele, aliás, foi um dos primeiros a vir abaixo na Avenida Paulista, ainda nos anos 70, para dar lugar a edifícios.
Já era uma época em que edifícios comerciais migravam da região mais central de São Paulo em busca de novos locais.
Assim a antiga avenida de outrora de cunho residencial para a elite paulistana, começava a valorizar-se mais e mais, com o preço do terreno cada vez mais valioso.
Localizado na esquina da Alameda Joaquim Eugênio de Lima, o imóvel deu lugar ao Edifício Winston Churchill.
A fotografia ao lado mostra o prédio já parcialmente construído. Note que outro casarão ainda existia do lado. Um pedaço da história de São Paulo e da Avenida Paulista se foi com o fim do casarão.
Com o tempo, vários outros casarões foram sendo demolidos e agora restam apenas quatro deles de pé na avenida.
Abaixo, fizemos uma seleção de fotos internas e externas da residência do Conde Alexandre Siciliano (clique na foto para ampliar o tamanho).
Curiosidade:
- Este os descendentes do Conde Siciliano está a ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy.
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