São Paulo tem uma triste tradição de não preservar adequadamente seus monumentos e, isso aliado a criminalidade, ajuda a termos cada vez menos monumentos ou a vê-los destruídos, pichados e mal conservados.

Outra característica interessante é que os monumentos de São Paulo tem a capacidade de passear pela cidade, às vezes inteiros e algumas vezes em partes como é o caso do Monumento a Olavo Bilac. Nestes passeios alguns se escondem como é o caso do Monumento a Ramos de Azevedo que está na Cidade Universitária longe de um lugar mais visível onde deveria e mereceria estar.
Muitos são os exemplos, mas além destes problemas existem ainda aqueles que podem entrar na lista de desaparecidos.
Numa publicação da Sociedade Geográfica Brasileira de 1963 existe um anúncio com o título “Do povo bandeirante a um pioneiro” onde é anunciado que o IDORT – Instituto de Organização Racional do Trabalho havia doado um busto de Henry Ford para a cidade de São Paulo e que o mesmo havia sido colocado na Avenida Rangel Pestana esquina da Rua da Figueira, “ponto da vida industrial paulista”.

Na publicação Monumentos e esculturas de São Paulo editado durante o governo Abreu Sodré (1967–1971) já temos a informação do primeiro “passeio” do busto que nesta época estava no Parque D. Pedro II. Entretanto, depois desta informação não temos mais notícias da obra uma vez que ela nem consta no inventário de Obras de Arte em Logradouros Públicos da Cidade de São Paulo disponível no site da prefeitura.
O recorte abaixo, extraído do jornal O Estado de S.Paulo, aborda a inauguração do monumento:

Fica aqui a pergunta: por onde andará o busto de Henry Ford? Muito felizes ficaremos se alguém nos der o paradeiro do pioneiro perdido.
NOTAS:
1 – O Instituto São Paulo Antiga entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e com o Departamento do Patrimônio Histórico em 9 de abril de 2020, questionando sobre o paradeiro do monumento. Oficialmente não obtivemos resposta alguma.
2 – Informação de bastidores fornecida por um funcionário do órgão de preservação patrimonial paulistano conta que a pergunta causou desconforto na autarquia, pois os mesmos não tem a menor ideia de onde o monumento foi parar.
3 – Uma fonte que não quis se identificar, e que já trabalhou na Prefeitura de São Paulo, afirma que o busto de Henry Ford foi doado para a Ford do Brasil sem qualquer documentação.
Ainda sobre esta doação à Ford, uma reportagem encontrada no portal da Rede Brasil Atual, mostra funcionários da fábrica posando para a fotografia diante de um busto de Henry Ford (imagem abaixo). Nós tentamos o contato com a assessoria de imprensa da empresa em 10 de abril e até o momento não tivemos retorno. Quando e se a Ford se manifestar este artigo será atualizado.

Bibliografia consultada:
* Revista “Geografia” Órgão Oficial da Sociedade Geográfica Brasileira. Ano XII Nº 14 – Setembro 1963
* Monumentos e esculturas de São Paulo, Brasil. Secretaria de cultura, esportes e turismo do governo do Estado de São Paulo. Governo Abreu Sodré (1967-1971)
* Inventário de esculturas – Prefeitura do Município de São Paulo, link visitado em 10 de junho de 2020.
* Rede Brasil Atual – Link visitado em 10/04/2020 e 10/06/2020.
* O Estado de S. Paulo – Edição de 03/01/1963
* O Estado de S. Paulo – Edição de 31/07/1963
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