Quem vai até o bairro da Penha pela Avenida Celso Garcia e chega à região subindo sua famosa colina não imagina que do lado esquerdo da chamada “Igreja Velha da Penha”, existiu o palacete que foi a mais a mais suntuosa construção já construída naquele bairro.
De propriedade do célebre Coronel Rodovalho importante personalidade do cotidiano paulistano e detentor à época do monopólio do serviço funerário da cidade de São Paulo, o palacete foi erguido nos primeiros anos do Século XX e era uma das referências arquitetônicas da Penha e foi palco de uma curiosa polêmica que o acompanhou por longos anos.
Do lado oposto do palacete existia a antiga estação ferroviária da Penha e quem vinha da área mais a norte do bairro ou mesmo de cidades vizinhas como Guarulhos e não quisesse dar uma longa volta no centro da Penha para chegar na estação, poderia fazer a travessia de um lado da colina para o outro através de uma passarela construída pelo Coronel Rodovalho (veja na foto abaixo) que ligava ambos os lados.

Entretanto, tal qual nos primórdios do Viaduto do Chá, onde se cobrava o valor de 3 vinténs para realizar a travessia, aqui também era necessário pagar um pedágio. No entanto, diferentemente do célebre viaduto paulistano que era uma obra pública, a passarela da Penha era uma propriedade particular.
Infelizmente existe pouca literatura a respeito e não foi possível descobrir nem o valor que era cobrado para realizar a travessia ou mesmo por quantos anos a travessia funcionou.
O QUE OCORREU COM O PALACETE ?
No Palacete viveram três gerações de Rodovalhos, sendo eles o Coronel Antonio Proost Rodovalho (seu construtor), seu filho Rodovalho Júnior além de Rodovalho Neto. Dos três, os dois primeiros foram agraciados com seus nomes em ruas na Penha e o último com uma em Parelheiros.
A decadência da palacete deu-se início após o falecimento de Rodovalho Jr em 1940. Seu filho Rodovalho Neto optou alguns anos após a morte de seu pai a viver em outra região da cidade, motivo que levou o imóvel a iniciar uma lenta e progressiva deterioração, que o levou inclusive a ser conhecido no bairro como “mal assombrado”.
Sua demolição ocorreu na década de 1960, quando seu terreno serviu de base para edifícios residenciais que estão lá até hoje.
A EXTINTA ESTAÇÃO DA PENHA

Quando se fala de “antiga estação da Penha” muitos vão se lembrar de uma estação da Central do Brasil (posteriormente CPTM) poucos metros adiante da Estação Penha do Metrô inaugurada em 1894 e que funcionou até o ano 2000, sendo demolida anos mais tarde. Era chamada de Guaiaúna, posteriormente renomeada para Estação Carlos de Campos.
No entanto 8 anos antes, em 1886, foi inaugurada outra estação que veio a ser a primeira da Penha, em um curto ramal que saía da linha tronco da Central do Brasil indo bem próxima ao centro do bairro.
O mapa abaixo, de 1916, mostra o desvio e também a localização da extinta estação:

De acordo com os registros do excelente site Estações Ferroviárias a estação permaneceu em atividade até meados de 1915, sendo que posteriormente foi desativada e demolida. A Rua da Estação posteriormente foi renomeada para General Sócrates, que permanece até os dias atuais.
Apesar de não existirem mais indícios da existência da velha estação, há resquícios do velho ramal ferroviário apresentando no mapa em algumas ruas do bairro, como trilhos (dentro do quintal de uma casa) e também muros de arrimo feitos de pedra na Rua Irapucará. A velha estação ficava aproximadamente onde hoje está localizado o Hospital da Beneficência Portuguesa (altura do número 145 da Rua General Sócrates).
Bibliografia consultada:
Correio Paulistano – Edição 9004 – 29/08/1886 pp 4
Chalés Paulistanos – Campos, Eudes – Link visitado em 12/10/2020
Estações Ferroviárias – Link visitado em 04/11/2020
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