O Jardim da Luz, ou Parque da Luz, como é conhecido atualmente. É um dos espaços públicos mais antigos de São Paulo e também o primeiro jardim da cidade.
Idealizado para ser uma espécie de Horto Botânico, quase virou zoológico devido a grande quantidade de animais que era mantidos ali. Virou jardim público na segunda metade do século 19, perdeu uma parte de sua área na ocasião da construção da Estação da Luz, e quase desapareceu quando um prefeito cogitou construir ali a Rodoviária de São Paulo.
No Parque da Luz é possível encontrar de tudo um pouco, como monumentos, esculturas, coreto, parada de bonde desativada, lago e até ruínas de uma estrutura muito curiosa que poucos sabem o que foi:
O que hoje nada mais é do que um buraco circular no solo do parque e tijolos antigos, é o que restou de uma antiga torre que teve vida breve no parque: o Mirante da Luz.
Construída em 1872, durante o governo do então presidente da província de São Paulo João Teodoro Xavier de Matos, a estrutura circular de tijolos foi uma das várias obras de cunho urbanístico realizadas por sua gestão.
Logo que foi inaugurado o mirante, a população tratou de batizar a obra com o apelido de “Canudo do Dr. João Teodoro”, nome que fez muito sucesso e ficou popular.
Devido ao fato do mirante estar em uma localização privilegiada naquela época, em 1888 foi transferido para esta estrutura a estação meteorológica da cidade. Esta estação funcionaria ali regularmente até o final do ano de 1894, quando decidiram então transferi-la novamente, desta vez para o edifício da Escola Normal na Praça da República.
Com a retirada da estação, o local não foi recuperado e devolvido para a cidade como um mirante, sendo esquecido pelo poder público e servindo apenas a ponto de encontro entre casais mais ousados e para prostituição. Decadente foi demolido em 1900 a pedido do então prefeito paulistano Antônio Prado.
Com a demolição, a área do mirante foi coberta por terra e sua história caiu no esquecimento. Anos atrás operários que executavam obras no parque encontraram a estrutura de tijolos que permaneceu quase um século enterrada. Após identificarem do que se tratava o local foi mantido preservado como foi encontrado.
Respostas de 10
Meus finados avós passearam muito neste Jardim da Luz, levavam os filhos (minha mãe e meu tio), faziam convescote e reuniam-se com as famílias aos finais de semana. As fotos branco e preto, de lambe-lambe, estão comigo. Tempos felizes, sem violência e sem prostituição!
Tenho uma foto ao lado do jardim da luz,e em frente a estação da Luz, deve ser de 44 eu irmãs mamãe e uma tia.quando eu era pequena ,sempre ia passear no jardim da luz.
A última foto da matéria é igual à penúltima, só que com outra resolução. Deveria ser removida para “enxugar” a postagem – aliás, excelente.
Durante alguns anos da década de 1960 atravessei semanalmente o Jardim entre a Estação e a antiga Escola Politécnica … mas sempre sobram coisas a aprender com o Douglas. No site das estações ferroviárias ( http://www.estacoesferroviarias.com.br/l/luz.htm ), feito por antigo colega meu, há uma foto da “segunda” estação da Luz, obtida em 1890 por autor hoje desconhecido, que, depois desse ler post, concluí ter sido tirada do mirante em direção à Rua Mauá. Procurei por tal mirante em outras fotos da Estação da Luz no séc XIX mas nada achei, embora tenha encontrado o nosso “arco do triunfo” … se alguém achar repasse para o Douglas publicar! Como sempre, excelente post do Douglas…
Estou aqui de novo !!! Achei uma matéria do Estadão de 2013 “Como era SP sem a Estação da Luz” que traz uma foto muito parecida com a do “estacoesferroviarias” mas agora confessadamente tirada do mirante …
Maravilha! Amei essa postagem do Jardim da Luz, esse lugar é encantador. O que resta, deverá sempre ser cuidado e preservado. Parabéns!
Ótimo artigo! Eu já tinha observado a área, mas não consegui saber do que se tratava. Mostra o descaso com a preservação do ambiente e propagação de nossa história. Espero que isso esteja mudando.
Pois é… cada época tem a sua “obra” no século XX tivemos o Minhocão do Maluf, nesse século tivemos o Rodoanel do Serra e no século XIX tivemos o Canudo do João Teodoro. 😀 😀 😀 😀
P.S: Já no século XIX a Estação da Luz já tinha “as primas”.
Político incompetente, quando não sabe o que fazer sobre um imóvel, simplesmente o abandona ou o destrói. Neste mesmo parque descobriu-se rudimentos de um aquário. Pouco há, de resto, ainda em pé, do nosso acervo arquitetonico. A ganancia por mais e mais dinheiro faz absurdos para lucrar ainda mais, incluindo destruir nossa memória
No bairro Jardim Prudência (Zona Sul) existe uma torre menor, mas bem interessante. Deve ter sido um reservatório particular construído no inicio da urbanização do bairro nos anos 50 (palpite).