Quem é que não fica irritado quando vai pagar sua conta na padaria ou em um restaurante e o caixa informa que não tem todo o troco e pergunta se você “aceita contra-vale”? Esta prática, irritante, muitas vezes também vem na forma das famigeradas balinhas de troco.
Porém, engana-se quem pensa que a falta de troco trata-se de um fenômeno recente, dos tempos modernos. Isto é algo que aflige os brasileiros, pelo menos, desde meados do século 19.
Naquela época não havia a opção de se pagar com cartões ou cheque e se não havia troco para o cliente, também não era comum devolvê-lo com balinhas. Até porque muitas vezes o dinheiro que se faltava não eram míseros tostões, mas sim boas quantidades de réis.
Para evitar de perder o cliente que não queria ir embora sem o seu troco, qual era a solução do comércio ? Simples, emitiam seu próprio dinheiro:

Cédula particular de 200 Reis do início do século 20
Estas cédulas particulares eram produzidas nas tipografias brasileiras e, numeradas, eram oferecidas como troco quando faltava-se o dinheiro oficial. Com valores variados, eram bem aceitas pela população e só podiam ser trocadas nos próprios estabelecimentos emissores. Qualquer pessoa portando a cédula podia trocá-la. A grande maioria destas notas eram bastante rudimentares, mas algumas eram produzidas tão caprichadas que até pareciam com algumas cédulas oficiais.
Esta prática, que foi bastante comum em cidades mais afastadas dos grandes centros onde o troco era mais escasso, continuou em prática até quase na metade do século 20, quando a atividade foi desaparecendo gradativamente. Hoje estas cédulas particulares são bastante raras de encontrar e são disputadas por colecionadores.
É, sem dúvida, o bisavô do contra-vale.
Abaixo você confere uma pequena coleção destas cédulas particulares:
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