O passado do Brasil e de São Paulo foi intimamente ligado com as ferrovias. Foi através delas que o café foi exportado para o mundo, que os imigrantes venceram a Serra do Mar e chegaram a Hospedaria dos Imigrantes, e que muitos acontecimentos históricos do país tomaram vulto.
E nada disso teria sido possível sem a figura do operário ferroviário que por todo o país fez a malha de trilhos se expandir. Foi pensando nisso que em 1956 o então vereador de São Paulo Ermano Marchetti, propôs a criação de um monumento em homenagem a figura deste valente e desbravador operário brasileiro. Nascia assim o Monumento ao Ferroviário:
Para erigir o novo monumento da cidade foi destinada uma verba de Cr$ 300.00,00 (trezentos mil cruzeiros) e para tal foi escolhido o escultor Ricardo Cippichia, que alguns anos já havia se destacado no cenário das artes paulistanas com a obra Contando a Féria.
O local escolhido para o monumento foi determinado no mesmo projeto em que foi decidida a criação do projeto, sendo determinada a instalação na Praça Renê Barreto, no bairro da Lapa. A escolha deste local em particular foi em virtude de ser uma área de grande concentração ferroviária, com os pátios e galpões da São Paulo Railway e as duas estações da Lapa.
Entretanto, a escolha com o passar do tempo não se revelou a melhor opção. Inaugurado em 1958, dois anos após sua aprovação, a escultura foi colocado bem no centro da praça, e logo se tornou um ponto de visitação. O que não se esperava, porém, é que a localidade foi propícia a inúmeros atos de vandalismo contra o monumento, sendo que por três vezes a escultura desapareceu dali.
Nessas idas e vindas, algumas partes do monumento foram furtadas e até hoje não foram repostas. Para evitar novos atos de vandalismo a praça foi completamente cercada e hoje o monumento vive escondido no meio de plantas e árvores, no que mais parece um caótico jardim particular.
Ao chegarmos ao local, deparamos com o fato da praça de além de ser cercada, sua porta é trancada com um cadeado cuja chaves descobrimos que fica em poder não da subprefeitura, mas com uma moradora do entorno que cuida do local.
É um caso que motiva discussões positivas e negativas. Se por um lado temos o monumento projeto graças a iniciativa de um munícipe, por outro lado temos um monumento privado de sua principal função: a observação pública. É necessário, ao menos, que o monumento seja deslocado mais para a frente da praça para que seja possível sua contemplação pelos paulistanos e, se possível, a instalação de uma iluminação pública para a visualização noturna.
Abaixo, para se ter uma noção, uma imagem do monumento poucos anos depois de ser inaugurado. Observem que ele ficava muito mais visível e de fácil observação. É possível notar também os ítens de bronze que ainda estavam no pedestal e que foram furtados:
Por enquanto o que vemos é um Monumento ao Ferroviário escondido do público. E isso tem que ser mudado.
Veja mais fotos (clique na foto para ampliar):
Respostas de 12
O que acontece a este monumento e tantos outros é reflexo cabal da falta de educação (no sentido basal do termo, de saber portar-se e conviver em sociedade) e de cultura do brasileiro médio típico. E antes que os bairristas de plantão atirem pedras nos migrantes e imigrantes que compõem o mosaico paulistano, tem muita gente nascida aqui sem o menor senso e noção de civilidade. E se há uma coisa que é comum a praticamente todos os brasileiros, independente de sua classe social, é a falta de educação.
Concordo plenamente. A falta de educação é total.
Patético.
A certeza da impunidade alavanca a criminalidade.
Muito bonito e expressivo. Já que é tão dificil ver o monumento ao vivo, ao menos podemos apreciá-lo aqui, por imagem.
Êta povo ignorante. A coisa tá feia entre nós.
Se o monumento é uma homenagem aos ferroviários, ele também é uma homenagem ao meu vovozinho, que teve como único emprego, a São Paulo Railway, onde trabalhou como artesão por 50 anos, justamente nas oficinas da Lapa.
Parece um reflexo do descaso e da injustiça com as ferrovias, um meio de transporte de pessoas e cargas excepcional. Muito triste. Muitos ferroviários ajudaram a construir o Brasil e mereciam toda nossa admiração. Como diz Milton Nascimento em Ponta de Areia, “caminho de ferro, mandaram arrancar…”. Triste.
Aliás, segundo o que vemos aqui no site, parece que antigamente os caras estavam certos e tomaram rumos errados, pois antes se apoiava o transporte sobre trilhos e as bicicletas, mas graças a mentalidade de “pogresso” de “nossos” sucessivos governantes, a cidade é mais hostil hoje do que á anos atrás e não só por causa do aumento da população e de carros.
Esse monumento deveria está em Praça Pública aberta e não fechada como se fosse privativo.
É muito bem esculpida a estátua do ferroviário! Linda mesmo!
Vamos lá Estado de São Paulo, faz a tua vez, entra em ação! Prefeitura! Órgão Competente!
Reinaugura esta Praça com sua monumental estátua. São Paulo é o Estado mais rico do Brasil. Não deixa a sua história desaparecer!
Torcendo pra dar certo.
Amo São Paulo❤
Na verdade ele está em praça pública, a praça é que foi fechada. Absurdos que só acontecem no Brasil.
Parabéns pela matéria
Querido Douglas. Eu morei no nr 53 dessa praça.Derrube essa cerca e em 3 meses a vegetação irá desaparecer e o resto do monumento irá para fundição. Olhe as fotos antigas da estátua, a cerca foi colocada exatamente porque furtaram as rodas de trem que tinham no monumento. Suba na estátua, se não me engano, também há marcas de serra na estátua. A chave na mão do morador é a melhor coisa que aconteceu para essa praça e o monumento ainda existe por causa dessa chave. É a comunidade local cuidando da praça. Se você quiser apreciar a estátua, basta pedir para o morador responsável abrir a porta do jardim. Ah, pesquise nos jornais da Lapa, essa estátua foi furtada uma vez e depois apareceu misteriosamente. O caso ficou sem solução até onde eu sei. foi na década de 70.
Aqui neste Brasil ao invés de punir o ladrão e os vândalos, a população que é punida, não tendo nem o direito de saber da história!!!
Ter que pedir a chave para o coitado do morador, incomoda-lo, que vergonha de país!!!