Monumento a Ramos de Azevedo

É difícil transitar pelo centro de São Paulo e não se deparar com uma obra projetada por Francisco de Paula Ramos de Azevedo (*1851 +1928). Os palácios do Pátio do Colégio, a Casa das Rosas, o Theatro Municipal e o Mercadão são algumas das criações que saíram de sua prancheta ou de seu escritório técnico.

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Arquiteto, professor e empreendedor, Azevedo formou-se na Bélgica e teve a felicidade de viver em uma época de grande desenvolvimento paulista proporcionado pela produção de café. Seus trabalhos aproximaram São Paulo dos traços europeus que a elite da época tanto desejava e à medida que mais projetos com sua assinatura surgiam, a cidade colonial ia desaparecendo.

Já consagrado e admirado, Ramos de Azevedo faleceu em 1928 deixando um grandioso legado que acompanhamos até os dias de hoje nas ruas da cidade, além de uma legião de admiradores, amigos e alunos. E são estes que, imediatamente após a sua morte, se reúnem para discutir como fazer um grande reconhecimento. Surge a ideia de homenageá-lo com a construção de um monumento, e é idealizado um concurso que é rapidamente abraçado por diversos escultores, onde um deles será o escolhido para imortalizar o grande arquiteto de São Paulo.

O monumento a Ramos de Azevedo na Avenida Tiradentes, seu local original em fotografia da década de 1930 (clique para ampliar)

Poucos meses depois, em maio de 1929, o Comitê Pró-Monumento Ramos de Azevedo abre, no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, a exposição das 18 obras candidatas. Em outubro do mesmo os membros do comitê escolhem o projeto do escultor Galileo Emendabili, ele que anos mais tarde ficaria também conhecido pelo Obelisco do Ibirapuera.

Uma vez declarado o vencedor, começava o trabalho de Emendabili para construir o monumento que prometia ser o maior da cidade até então. Como a arrecadação de dinheiro foi totalmente privada a obra demorou um pouco para sair do papel, sendo inaugurada apenas em 25 de janeiro de 1934. O conjunto escultórico é feito em bronze e granito. A Folha da Noite cobriu a inauguração.

O local escolhido, a avenida Tiradentes, dividiu opiniões. Muitos acharam apropriado a estátua ficar ali diante do prédio projetado para ser sede do Liceu de Artes e Ofícios (atual Pinacoteca) e outros achavam que a obra deveria ficar em outra região, como a própria praça Ramos de Azevedo. Entretanto, lá não havia espaço suficiente.

Monumento a Ramos de Azevedo na década de 1950. A frente da escultura era voltada para Rua São Caetano (clique para ampliar)

Em 1952 o monumento provou que os críticos do local escolhido estavam corretos. O aumento do número de veículos, aliado à necessidade de ampliação do eixo viário entre as zonas norte e sul, passando pelo centro, logo mostrou que o local escolhido fora inapropriado. Foi neste momento que iniciou-se a discussão de como alargar a avenida Tiradentes com aquele monumento no meio do caminho.

As ideias foram várias e partiram desde uma redução do monumento até sua remoção. A mudança só seria colocada em prática no ano de 1967, quando se começou o planejamento da primeira linha do metrô, ligando Santana ao Jabaquara. Assim, em novembro deste mesmo ano, a escultura foi desmontada para só depois se discutir um novo local.

Avenida Tiradentes na década de 1950, com destaque no centro da imagem ao Monumento a Ramos de Azevedo (clique para ampliar)

DESTINO: CIDADE UNIVERSITÁRIA

O arquiteto da cidade, se estivesse vivo naquela época, teria visto seu monumento ser colocado em um canto do Jardim da Luz, desmontado e abandonado em uma situação que perduraria até 1973, quando foi decidida sua transferência para a Cidade Universitária. A reinauguração, sem a comoção pública de 1934, ocorreria em 1975.

Vista do Monumento a Ramos de Azevedo na Cidade Universitária (clique para ampliar)

Desde então o Monumento a Ramos de Azevedo segue nas proximidades da Escola Politécnica da USP. Se o local foi o mais apropriado dentro da universidade, por outro lado retirou dos olhos da maioria dos paulistanos a visão da obra que homenageia aquele que foi o mais importante arquiteto paulistano.

A escultura de 25 metros de altura é apenas mais um dos inúmeros monumentos paulistanos que não está em seu local de origem, movendo-se conforme a necessidade urbanística ou a conveniência do governante da ocasião. O homenageado merece, por toda sua dedicação a arquitetura de São Paulo, um local onde pudesse ser mais contemplado pelos paulistanos. Quem sabe um novo espaço para ele a tempo do centenário de sua morte?

Confira os detalhes do monumento na galeria abaixo (clique na foto desejada para ampliar):

* Artigo originalmente publicado por Douglas Nascimento na coluna São Paulo Antiga no jornal Folha de S.Paulo em 10/8/2022, republicado com autorização e atualizado com novas informações.

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Uma resposta

  1. Monumentos que mudou diversas vez de lugar, porém, permanece uma homenagens à altura.

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