A causa operária e a defesa do trabalhador pode parecer para muitos como uma batalha recente dos anos em que o Brasil viveu sob a tensão da ditadura militar. Entretanto, muito antes disso já havia a luta operária no Brasil, especialmente em São Paulo, nos primeiros anos do século 20.
E naquele tempo, um grande vulto paulista ousou defender operários e trabalhadores em geral na capital paulista, em uma época que ainda não existia CLT ou leis trabalhistas dignas. Seu nome: Afonso Celso Garcia da Luz.
Conhecido apenas como Celso Garcia, o jornalista e advogado (cursou a Faculdade de Direito do Largo São Francisco), desde recém formado engajou-se na causa dos trabalhadores, lutando por salários mais dignos, horários de trabalhos mais coerentes e respeito aos operários.
Com isso, rapidamente conquistou a simpatia dos trabalhadores, especialmente aqueles das fábricas que operavam na região do Brás e Marco (hoje Belenzinho). Defensor de uma vida melhor para milhares de paulistanos, Celso Garcia teve uma trajetória curta pois faleceu ainda jovem aos 39 anos de idade, em 1908. Pouco depois de sua morte amigos e colegas do nobre advogado decidiram fazer uma homenagem a ele com a criação de um monumento.
Projetado e executado pelo escultor Lorenzo Petrucci, o Monumento a Celso Garcia foi inaugurado e instalado em 1911 no largo dos Guaianazes, atual praça Princesa Isabel. Contudo, em 1912 o movimento foi deslocado para a praça Major Guilherme Rudge, em um ponto da antiga Avenida da Intendência, que foi renomeada para Avenida Celso Garcia também em sua homenagem.
O monumento é composto de um pedestal de granito que sustenta uma herma com a figura de Celso Garcia, além de um disco que representa um operário com o martelo em uma das mãos e um ramo de louros na outra, também existia uma guirlanda há muito tempo furtada. Mais abaixo encontram-se os dizeres Homenagem de Amigos e Sociedades Operárias com letras afixadas individualmente. Todos os ornamentos foram confeccionados em bronze.
Atualmente o homenagem está em mau estado de conservação, vítima do vandalismo que atinge grande parte dos monumentos públicos em São Paulo. Além de uma placa celebrativa e da guirlanda furtadas há anos, várias letras foram também roubadas deixando o monumento com um visual de abandono aparente. Apesar disso, o Monumento a Celso Garcia está sempre limpo, restando apenas aguardar por uma recuperação.
Curiosidades:
* 1 – Afonso Celso Garcia da Luz está sepultado no Cemitério da Consolação. Conheça seu túmulo clicando aqui.
* 2 – Existe um marco da planta da cidade na base do monumento. Clique aqui e saiba mais.
Veja outras fotos do monumento:
Respostas de 8
Novamente, parabéns pelo seu notável trabalho! Fico imaginando o seguinte: com apenas duas ou três verbas de nossos vereadores ou deputados, daria para revitalizar quantos monumentos desta cidade?
Comuna! Petralha! Onde já se viu defender a peãozada, os pobres, o zé povinho!!?? Isso é coisa de comunista!!!
(SIm, é ironia, Celso Garcia merece ser lembrado e tomado como modelo por todos nós, que viemos do proletariado)
Gostei tanto da matéria que compartilhei no meu perfil de facebook. Abraço
Na época dele o comunismo ainda não havia sido implantado na Rússia. Os defensores de operários eram mais associados aos anarquistas, como a figura de Garibaldi.
O que realmente ajuda o operário, o peão, o trabalhador é a liberdade, é o livre mercado. É ele poder sair de uma empresa que paga mal e ir trabalhar em outra empresa que oferece melhores condições.
Na verdade essas leis criam barreiras de entrada para novas empresas no mercado. Elas dificultam que uma pessoa mais pobre consiga abrir sua própria empresa e gerar mais concorrência e mais emprego, porque agora existem determinadas regras que o estado impõe e terão que ser cumpridas.
Portanto, essas leis trabalhistas beneficiam as grandes corporações. Beneficiam os empresários mais ricos de todos, aqueles que são amigos do estado. Aqueles que conseguem enfrentar regulamentações e burocracias.
É só ver que os países mais ricos e desenvolvidos e com melhores condições para trabalhadores são justamente aqueles em que há maior liberdade econômica.
E mais importante ainda é a questão ética. O estado não pode controlar a vida das pessoas, não pode tirar a liberdade das pessoas e das empresas. Os acordos devem ser feitos entre funcionários e empresas livremente.
Excelente matéria e imagens, parabéns! Vivo “caçando” monumentos por São Paulo, mas muitos estão deteriorados, menos pelo tempo, mais pelos homens, que arrancam pedaços quando descobrem que é latão ou bronze para venderem no ferro velho!
E pensar que hoje querem acabar com a CLT, não que eu ache que a CLT é um primor de perfeição, pois tem muitos deveres disfarçados de direitos nela, porém, como estamos no “reino da bananolândia” (ou Brasil, para os íntimos) se é ruim com ela, pior sem ela, pois pelo menos com ela temos uma garantia que não seremos mais explorados do que já somos.
Não conhecia a história desse meu parente distante. Só no São Paulo Antiga para ir vivendo e aprendendo sempre mais. Nem lembro se a Viação Garcia ainda existe, era bem famosa na década de 1970 e 1980. Vou pesquisar. Muito obrigado, Douglas Nascimento, por mais essa matéria fabulosa. Um país que derruba antigas construções e deixa monumentos a pessoas importantes serem vandalizados, nos inspira o que? Sonho que um dia essa triste realidade mude! E graças a Deus, mesmo, que temos CLT, pois sem ela, realmente beiraríamos a escravidão. Digo por experiência própria e por inúmeros casos que conheço. Soube de caso de colegas de trabalho grávidas que ouviram absurdos do médico da empresa, coisas do tipo: “Mas por que você foi engravidar pela segunda vez?” Juro que é verdade!
Fato: se tivéssemos uma estátua em homenagem a, digamos…um tal de Ronaldo Fenômeno, TODOS saberiam de quem se tratava, sem nem precisar de placa…E mais: estaria maravilhosamente bem conservada.