Localizado ao lado da linha férrea, o Moinho Central está presente na região desde a primeira metade do século 20.

Na foto: o moinho, a comunidade e a ferrovia
Ele é oriundo de um período de ouro da atividade fabril paulistana, quando a cidade ainda tinha por toda sua extensão, chaminés fumegantes e um ritmo frenético de operários que faziam mover a indústria nos mais variados ramos e segmentos.
Pouco conhecido do paulistano atual, o Moinho Central é de longe o maior moinho da capital. Em tamanho, só pode ser comparado ao Moinho São Jorge, que ainda está em atividade, na vizinha cidade de Santo André.

Publicidade de 1955 de produto do Moinho Central
O período áureo deste moinho é compreendido entre os anos 1930 e 1955, quando sua atividade esteve no auge. Entretanto, seu declínio acompanhou o declínio industrial da capital e logo esta enorme construção foi abandonada. Nos anos 1990 o local foi invadido e tornou-se uma grande favela que não se ocupou apenas dos terrenos laterais da construção, mas também do prédio principal e até dos silos.

Boa Sorte, uma marca do grupo
O Moinho Central chegou até a ter uma estação de trem própria e na sua plataforma, hoje destruída, havia até alguns anos uma placa amarela com a inscrição “Estação Moinho Central”. O trem provavelmente não era para embarque de passageiros, mas para embarque dos produtos do moinho.
A soma da deterioração do espaço, a ocupação ilegal e a incapacidade do poder público em remover os moradores da “favela do moinho” para um lugar mais digno, foi a fórmula perfeita para o desastre que veio a acontecer no final de 2011: o trágico incêndio provocado por uma própria moradora do local.
A negligência de anos foi revelada em poucos dias. O incêndio escancarou a população da cidade o despreparo de Gilberto Kassab em conduzir a cidade e em resolver seus problemas mais urgentes. A rapidez e eficiência do Corpo de Bombeiros contrastava com a morosidade da Prefeitura de São Paulo em resolver o que fazer com o edifício.
A solução para o problema não poderia ser a menos indicada: implodir o edifício. Optaram por mandar abaixo um prédio que visivelmente ainda resistia bravamente e que poderia ser recuperado e transformado em algo útil a sociedade. Não adiantou, o opção pela demolição estava certa e o que se viu a seguir foi uma sucessão de erros, números que mudavam a cada entrevista e o prédio continuando de pé.
O primeiro espanto foi a contratação às pressas de uma empresa sem licitação. O segundo, a quantidade de TNT anunciada para a implosão: 800kg. Em 1987, por exemplo, para a demolição do edifício da CESP, na avenida Paulista, foram utilizados 40kg.
Bastou alguns segundos após a implosão para a população que assistia vibrar com o fracasasso da operação. Pouco depois, um desconcertado Prefeito Gilberto Kassab dava nota 10 para a implosão. No dia seguinte os 800 quilos de dinamite viraram 400 e até o ministério público estranhou.
Começou então, a demolição por máquinas do velho moinho.
Hoje sem mais o edifício em pé, percebe-se que pouco está se falando na imprensa sobre o Moinho Central. A urgência da mídia com outros fatores já levou a tragédia e a implosão para lá de suspeita ao esquecimento. Qual será o destino do local ? E das famílias ?
Chama a atenção que até o momento não há qualquer movimentação em demolir os silos do moinho. Espero que algo seja feito e que os silos não fiquem por ali esperando uma próxima tragédia.
Mas enfim, qual o nome do Moinho ?
No dia do incêndio e nos dias que se sucederam a tragédia, a imprensa chamou o local dos mais diversos nomes, como “Favela do Moinho”, “Moinho do Bom Retiro” etc. Mas o nome real do local é Moinho Central e o nome da empresa que operava ali era Moinho Fluminense S/A com escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Veja fotos do local antes do incêndio (clique para ampliar):
Confira fotos do moinho após a implosão (clique na miniatura para ampliar):
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