Dando prosseguimento a catalogação do patrimônio histórico do bairro de Campos Elíseos, no centro de São Paulo, vamos hoje abordar um dos imóveis que por décadas esteve em situação de decadência e hoje encontra-se totalmente preservado, no número 1239 da rua Guaianases.

Projetado em 1914 e inaugurado pouco tempo depois, o casarão foi construído para ser a residência do Coronel Juliano Martins de Almeida (foto abaixo), além de sua esposa Francisca Alves de Almeida e os filhos Alice, Galiano, Guiomar, Vera e Sílvio. Almeida era conhecido em São Paulo por sua criação de ótimos cavalos de corrida, em sua fazenda em São Manuel, e pelas conquistas nos páreos do antigo Jockey Club localizado na Mooca. Instalada em um área nobre de São Paulo, tinha como vizinhos próximos os cafeicultores Octaviano Alves de Lima e o senador estadual Dino Bueno.

Em uma área de 1.173,00 m², sendo 797,74 m² de área construída, o casarão foi erguido como um chalé urbano, em estilo eclético, e com o emprego de técnicas construtivas e elementos arquitetônicos e decorativos que, à época, havia menos de vinte anos que se tinha iniciado os seus usos na cidade e no país.

Após sua morte o imóvel passou a pertencer à filha do coronel, Alice Martins de Almeida Pannain, mas não há registros de que ela e seu marido, o médico Luiz Alberto Pannain, tenham residido nesta casa. Em 1956 é Alice que vem a falecer e em 1968 seu espólio vendeu a residência para Ubaldo Conrado Augusto Wessel.
A decadência geral que o bairro de Campos Elíseos sofreu também atingiu o casarão que durante os anos 70 a 90 encontrava-se bem degradada e funcionando como cortiço.

Mesmo recebendo o tombamento, o imóvel continuou em péssimo estado de conservação e teve seu interior quase que completamente destruído pelos habitantes do período de cortiço. Em meados dos anos 2000, a empresa Porto Seguro adquiriu o imóvel, que fica diante de um de seus edifícios, e iniciou o processo de recuperação.
A restauração, executada entre os anos de 2006 e 2007, foi realizada pela empresa de Olympio Augusto Ribeiro, a mesma que restaurou o casarão vizinho, também propriedade da Porto Seguro. O projeto civil foi feito em conjunto com o arquiteto Renato Siqueira e a obra em parceria com RC Empreendimentos.

Uma vez restaurado, o imóvel passou a servir como uma biblioteca para corretores da Porto Seguro. A revitalização do imóvel seguiu a inspiração do palacete de Dino Bueno. Seria muito interessante se mais empresas tivessem este caráter empreendedor aliado ao espírito de preservação de nosso patrimônio histórico, não é mesmo ?

Respostas de 8
Parabéns à Porto Seguro. Que as demais empresas sigam esse exemplo.
Iniciativa bem adequada a uma seguradora. Bom investimento para a empresa com bons retornos para o bairro, para a cidade, para a memória dos que nos precederam.
Maravilhoso palacete. Muito mais bonito do que certos prédios construídos ultimamente em nossa cidade.
Hoje em dia se constroem prédios e mais prédios uns quase que colados com outros. Deveriam dar um basta nisso.
Olá,
Tão raras são essas iniciativas, que fico até comovida em ver essa excelente restauração, Que outras sigam o exemplo…
Parabéns à Porto Seguro!
É mesmo, Douglas. não apenas as empresas que preservam fazem um belo marketing, como existe um grande espaço para que restauradores esbanjem seus conhecimentos. A cidade só tem a ganhar quando as escolhas vão contra a corrente pecuniária do fácil, o difícil também dá lucro e muito mais “social’.
Que orgulho tenho de ter nascido nele! Que alegria de vê-lo restaurado!
continuava bela em 01/23: https://shre.ink/8zlY