Crônica selecionada entre as 50 melhores* no Prêmio Biblioteca Mário de Andrade de Literatura: Concurso de crônicas – São Paulo 450 anos
Cada um de nós tem e vive seu próprio tempo. Não podemos dizer – mas dizemos – que no nosso tempo as coisas eram melhores. Não temos bola de cristal e não sabemos como serão vistos, no futuro, os dias vividos hoje; porém, como diz o ditado, recordar é viver… E repassar nossas experiências para as gerações futuras é um exercício que não deveria ser abandonado. Isto se torna ainda mais importante quando vivemos numa cidade que se transforma a cada momento. Realmente, quando temos tempo para pensar, tentamos e, muitas vezes, não conseguimos quantificar quão incrível é nossa Sampa…
As lembranças do nosso cotidiano vão desaparecendo já que a velocidade das transformações parece ser muito rápida nesta “Paulicéia Desvairada”, como dizia Mário de Andrade. Já não faz tanto tempo, mas, hoje, ter os meus quarenta e poucos anos, já é muita idade… Coisas da cidade grande, como se dizia no tempo de nossos avós. Para os jovens de hoje, da geração vídeo game, disc-laser, palm-top, laptop ou outras coisas do tipo, o que vou contar será algo muito estranho, coisa de gente do século passado.
Vamos começar pela rua, nossa rua, minha rua em Pinheiros, com casas sem grades, sem condomínios, sem seguranças ou inseguranças. Esta era a minha rua, sem calçamento e sem luz. Que festa, o dia em que os caminhões Chevrolet cinzas da prefeitura chegaram e descarregaram as pedras que seriam usadas para o asfaltamento. A criançada, alvoroçada, já planejava que as tardes seriam preenchidas no acompanhamento das obras. Realmente, foi assim e passávamos as tardes em cima das máquinas, acompanhando aquele vai-e-vem e sonhando com o dia em que pudéssemos fazer nossos carrinhos de rolemã correr naquele asfalto novo. Carrinhos do quê? Sim, de rolemã! Eram tardes e tardes construindo aqueles carrinhos que corriam desesperadamente pela rua apostando corridas, destruindo os sapatos de tanto empurrá-los e deixando a vizinhança louca com aquele barulho de ferro raspando no asfalto.
Algum tempo depois que o asfalto chegou a prefeitura comprou umas máquinas enormes, que serviam para limpar as guias e sarjetas. Eram máquinas amarelas, com duas grandes escovas na frente e uma grande escova rotatória atrás. “Aquilo” vinha varrendo tudo e se desviando dos automóveis estacionados. Para nós, era uma farra ver esta operação.
Com a chegada da iluminação pública, não foi diferente, porém, desta vez, os caminhões eram os sempre bem cuidados Scania-Vabis da Light pintados de verde e laranja. Lá estavam os postes e as estruturas das novíssimas lâmpadas de mercúrio que hoje são consideradas pouco econômicas e estão sendo substituídas pelas de vapor de sódio. Daqui a pouco vou poder dizer que sou da geração da lâmpada de mercúrio…
Naquele tempo São Paulo tinha dois centros da cidade, ou seja, o centro velho, do lado da Praça da Sé e o centro novo, do lado do Teatro Municipal e para se chegar lá podíamos usar até o bonde. Bonde? Isso, sim, é coisa de velho, devem estar pensando os meninos de hoje que só veem bonde no museu. Quantos centros têm São Paulo hoje? É difícil dizer, já que a cidade cresceu tanto que gente dos bairros que nunca foi ao centro, hoje chamado de centro velho, pois cada bairro tem seu próprio centro, além do trânsito ser desanimador.
Os bairros, hoje, já são autossuficientes e só algumas atividades específicas permanecem no centro, que agora começa a renascer. Trânsito? Na época de comprar o uniforme escolar – naquele tempo, obrigatório – íamos a uma loja na Rua Martins Fontes, ao lado da antiga sede do Estadão e nada mais natural do que parar o carro na porta da loja e fazer as compras… Imagine parar o carro na Martins Fontes de hoje!
Quem não se lembra da Feira da Bondade e da feira Volta ao Mundo? Eram feiras beneficentes instaladas no pavilhão do Ibirapuera, onde podíamos estacionar o carro quase que na porta de entrada, sem filas, flanelinhas e neuróticos do trânsito. Dependendo do horário, até garoa ainda tinha…
Como tudo mudou em tão pouco tempo!… Parece que em São Paulo o tempo vem ao meu encontro e eu acabo envelhecendo mais rapidamente, já que a cidade se transforma e se renova a cada instante, muitas vezes sem deixar vestígios do passado, mesmo que muito recente.
Lembro-me das minhas idas até onde é hoje a Praça Panamericana. Era um matagal infernal! Nada muito além da avenida, que cortava o que hoje é a praça. Quando abriram o primeiro restaurante, lá fomos nós, numa noite fria, num restaurante vazio. Quem diria que aquilo foi para frente e que a praça é hoje um centro de serviços importante para os bairros Pinheiros e Boaçava.
Minha São Paulo não é a do tempo em que se vendia leite de cabra tirado na hora, porém, ainda me lembro da Kombi prateada da Vigor… Que delícia! Era uma Kombi repleta de produtos lácteos, que ia de casa em casa, vendendo queijos, iogurte e tudo o que a empresa de laticínios Vigor fabricava. Uma das atividades era trocar os vasilhames de iogurte que ficavam armazenados na parte mais baixa perua junto de um enorme queijo Faixa Azul do qual eu, morrendo de vergonha, sempre ganhava uma lasca do motorista vendedor.
Nas casas, sempre perto do relógio da luz, (não tínhamos as casas muradas como hoje) existia uma caixa metálica, rara de se ver hoje em dia. Era um conjunto único que tinha a caixa de correspondências, a caixa para o leite e a caixa para o pão. O leite era aquele triângulo de papel (avô das caixinhas de hoje) ou o tradicional litro de vidro; a bengala de pão vinha enrolada numa folha de papel e também era colocada na caixa.
Os padeiros, em sua maioria, usavam um tipo de carrinho inglês (hoje chamaríamos de van), cuja parte de trás era repleta dos mais variados tipos de pães. O padeiro sabia exatamente o que entregar em cada casa e, no final do mês, deixava anotado o valor a ser pago num pedaço do papel de embrulho. O incrível é que as pessoas deixavam o dinheiro na caixa ou perto dela e o padeiro pegava no dia seguinte. O dinheiro não sumia! Andar no carrinho do padeiro era um programa especial, que acontecia sempre no início das férias (para este programa éramos obrigados a acordar ainda mais cedo).
Mais interessante era a Lambretta (para os jovens, explico, Lambretta era um tipo de motocicleta) que os padeiros também usavam… Tinham na garupa uma enorme caixa de madeira, geralmente azul, com os pães. Passear de Lambretta seguia o mesmo esquema do carrinho inglês, porém, com mais emoção. O tempo foi passando e, um dia, para minha tristeza, o padeiro aparece todo orgulhoso com sua perua Volkswagen Variant novinha em folha. O tempo estava passando, o leite já era comprado no supermercado, o pão já tinha bromato e a caixa só servia para o correio…Que pena…
Eu era bebê, mas sei da história… A hoje conhecida Av. Diógenes Ribeiro de Lima sempre foi para nós, do bairro (Pinheiros), a Estrada da Boiada e não sei dizer se alguém hoje saberia me indicar onde fica isso. “Estrada do quê?”, vão dizer os apressados passantes de hoje, achando que eu vim de outro planeta. Na nossa casa perto da igreja da Cruz Torta e da Cetesb de hoje, passavam os bois e as vacas que vinham da Estrada da Boiada, em direção ao Rio Pinheiros. Havia na entrada da garagem um apoio para se colocar uma ripa de madeira que servia, justamente, para impedir a entrada dos animais no jardim (!). Um dia, meu pai se esqueceu de colocar a tal ripa e, pela manhã, lá estava o jardim todo pisoteado e cheio de vacas… Quantas crianças em São Paulo já viram uma vaca de perto? Elas devem achar que o leite nasce na caixinha; afinal, nós tomamos “leite de caixinha”, e não leite de vaca.
Falando em igreja, lembro-me que íamos sempre na igreja do largo de Pinheiros e sempre havia uma criança que chorava desesperadamente durante a missa que era rezada em latim. Sempre achei que alguém cutucava a criança de propósito… A missa não seria a mesma sem aquele choro… Outra igreja, já citada, era a Igreja da Cruz Torta, que hoje é conhecida como Mãe do Salvador. Antes da atual construção de concreto, tínhamos uma pequena e graciosa capela de madeira, cujo telhado tinha uma de suas vigas prolongada, onde foi colocada uma peça de madeira cruzando e formando uma cruz torta; daí o nome hoje esquecido. Nos idos da década de setenta, foi até colocado um carro ferroviário perto da capela onde eram ministrados cursos de catecismo e também do Mobral, para as empregadas domésticas do bairro. A capela deu lugar a um conjunto de lojas e o carro ferroviário sumiu. O progresso os engoliu.
Antes do rádio táxi, tinhamos o que hoje há em excesso na cidade, o ponto de taxi. Como me lembro daquele cheiro… os automóveis eram velhos Chevrolets pretos, muito grandes e com o estofamento sempre coberto por um plástico bem esticado e o taxímetro “Capelinha” que ia fazendo o característico barulho de relógio, já que eram movidos à corda. Era telefonar e chamar um carro. Os Chevrolets foram sendo substituídos pelas DKWs, fuscas e Aero-Willys. Hoje temos uma enormidade de diferentes automóveis. O serviço pode até ser melhor (será?), porém, o cheiro dos Chevrolets e o barulho dos taxímetros não podem ser mais sentidos.
A cidade crescia para todos os lados e lá fui eu estudar em Santo Amaro onde, perto da marginal, existia muito pouco, além do prédio do Banco do Brasil, do recém-aberto Carrefour e algumas casas e fábricas. A marginal enlouqueceu, pontes e pontes foram construídas, shopping centers foram construídos, prédios e mais prédios, as fábricas foram sendo expulsas, a marginal se congestionando, o tempo passando… Cuidado! Os radares de velocidade!… Medir velocidade com os congestionamentos diários? É isso que o tempo trouxe para aquela região anteriormente habitada por alemães em suas belas e, muitas vezes, típicas casas.
Já que falamos em transporte, vamos nos recordar do que está para acabar, ou seja, os troleibus. Não vou polemizar o fim destes belos ônibus, porém, apenas lembrar daqueles belíssimos modelos americanos (no meu tempo eram pintados de azul e marfim) que cruzavam nossa cidade no tempo da CMTC (Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos). Na parte de trás, alguns exemplares traziam orgulhosos a inscrição “Troleibus Nacional fabricado pela CMTC” e eram uma marca numa São Paulo mais calma.
A São Paulo de hoje é quase impossível de ser descrita. O seu tamanho, descomunal, seus diversos bairros que são verdadeiras cidades, as diferentes raças que nela vivem e toda a diversidade possível de culturas e raças. Por outro lado, é isso que torna São Paulo fascinante e assustadora ao mesmo tempo. Uma cidade autofágica que engole suas próprias memórias numa velocidade que já não podemos definir como sendo do progresso.
Cada um de nós guardará dentro de si suas próprias lembranças desta cidade imensa e é desta colcha de retalhos que surgirão as histórias de nosso tempo, as histórias da nossa querida São Paulo.
* Participaram do concurso 1.495 crônicas originadas em 5 países, 18 Estados, 152 cidades e 366 bairros e distritos de São Paulo.
Esta crônica foi publicada pela Biblioteca Pública Municipal Mário de Andrade (ISBN 85-98375-01-2) juntamente com as outras 49 selecionadas, em comemoração aos 450 anos da cidade de São Paulo.
Respostas de 38
Texto fenomenal! Os dois últimos parágrafos, que fecham o artigo, definem perfeitamente em minha humilde opinição toda grande cidade do Brasil, onde o patrimônio histórico dá lugar a arranha-céus e condomínios indiscriminadamente e a memória de seus bairros ficam só mesmo na memória, limitada pelo tempo, de seus habitantes.
Mesmo sem ser paulistano nem paulista, ainda me lembro de vários detalhes de quando visitava a cidade de tempos em tempos: não me esqueço de que em 1985 ainda havia alguns trilhos da linha de bondes na região da Praça Ramos de Azevedo. Falando nos bondes, convém lembrar que eles existem em Asunción, San Francisco, Haia, Lisboa e Praga, em perfeito estado e uso.
Infelizmente o serviço foi interrompido em Asunción,
Só que essas cidades não tem 12 milhões de habitantes…
Bela reportagem. Eu usei muito esse ônibus elétrico, Cardoso de Almeida. Ele ainda existe!!! Saudade….
Desses trólebus da CMTC lembro-me muito bem, pois já eram bastante velhos e rodados mas igualmente bem conservados quando nasci, da sua frente com capelinha, faróis redondos e dois ganchos, suas rodas raiadas, o som do motor que parecia estar gemendo, as portas camarão e o interior com suas luminárias coloridas que davam um ar psicodélico. Quando comecei a trabalhar de office-boy ia muito à região dos Jardins num trólebus cujo nome da linha não me recordo, que subia a Augusta, cruzava a Paulista, descia a Augusta e quando esta virava Rua Colômbia então o motorista acelerava o ônibus e a impressão que se tinha era de que ele ia desmontar de tanto que tremia. Bons tempos…
A linha era Belém – Pinheiros, era office boy e usava muito essa linha pra ir do Centro a Paulista
Isso mesmo, João, a linha era essa mesmo, grato pela resposta.
Bondes poderiam voltar. Como na Europa e America do Norte, os Trams eletricos.
Hoje eles atrapalhariam ainda mais o trânsito, a não ser que eles circulassem nos corredores de ônibus, e olhe lá.
Lembro dos tempos de office boy na rua Crispiniano, na empresa Boa Vista de seguros. 1974
Comecei como todo garoto da minha idade como office boy na Holliday Tours, uma agência de turismo que havia na Praça Dom José Gaspar, em 1989. Bons tempos…
Minha São Paulo amo muito 1969
Parabéns,ótimo texto!!!Infelizmente é a realidade das grandes cidades!Eu que nasci em 68,por pesquisar e conhecer tempos idos,tenho saudade e nostalgia dessas épocas que nem vivi…Parecia que tudo era melhor apesar de suas dificuldades sem muito progresso urbano e
tecnológico.Hoje as pessoas são mais tristes e isoladas pelo medo e o estresse.
Gostaria muito de ter nascido no início do século passado e falecido no ano de meu nascimento (1975) para ter contemplado as transformações pelas quais passou a minha querida São Paulo onde nasci.
Muito interessante , lembro que nas minhas pesquisas para o trabalho de graduação do Alberto da Silva Prado , descobrimos que São Paulo foi derrubada e reconstruída mais de 6 vezes , isso em 1978 .
Parabéns pelo trabalho.
Por favor você poderia mandar as notícias do São Paulo antiga para
jcsp55@terra.com.br
Meu marido gosta muito das suas informações. Obrigada e parabéns pelo seu conhecimento e amor à cidade de SP
Abraço
Muito bom o comentário.Eu tinha 7 anos em 1955 quando minha familia mudou se para S.Paulo.Fomos morar na Rua Vergueiro( na época Estrada do Vergueiro).Onde hoje é a Av. Tancredo Neves perto da Vergueiro, tinha uma lagoa que chamava se Tanque da Polvora( não sei porque esse nome) onde vez ou outra brincava lá.Minha mãe ainda fazia comida em fogão a carvão.Haviam os carroceiros que passavam na rua vendendo carvão.Meu avô vendia sacolas feitas por ele mesmo numa feira que tinha perto da igreja de Sacomã e eu ia com ele.Nas feiras livres ficavam aquele cheiro gostoso de café torrado e moido na hora. O óleo de cozinha era vendido a granel bastava levar o litro.Que saudades daquela época.
Nasci em 1967, e vivia na Rua Vergueiro. Era ainda gostosa de ir passear, nos anos 1970. Minha tia, irmã da minha mãe, morou numa esquina da Avenida do Cursino, com a Rua Pedro Rocha, na época, Rua Guapiara. Bastava caminhar muito pouco para se chegar à Vergueiro. Eu adorava ir à feira naqueles tempos, na terça, na rua debaixo de casa, a Engenheiro Ranulfo Pinheiro Lima, e aos domingos, na Rua Oliveira Melo. Tempos de vendas, mini mercados e outras coisas saudosas, que desapareceram, como as casas com muros e grades baixas.
Eu tomei leite de cabra tirado na hora por um senhor que passava na rua onde eu morava! Rua das glicínias, Mirandópolis. Tomava bonde na Pça do Correio para ir ao Mackenzie. E, alguns anos depois, meu primeiro filho quase nasceu dentro do Mappin…
Paulistana
Eu acho muito mais bonito e agradável aquele tempo, mas não podemos ficar presos ao passado.Mas que era melhor era, e obrigada Douglas por nos trazer tantas boas recordações em fotos,
Que grata crônica, sr. José Vignoli! Não é à toa que foi selecionada no concurso. Ainda bem que temos textos e fotos para conhecer essas facetas de nossa amada São Paulo que não existem mais. Para alguém que se aproxima dos 40 anos, como eu, a história adquire contornos de sonho. Minha geração quase não tem memória social, por ter crescido excessivamente mergulhada em referências da TV, filmes e jogos eletrônicos. Vocês mais velhos são mais fortes nesse aspecto, porque se acaba a energia elétrica, ou se acaba a bateria do celular, o nosso mundo desaparece (escrevo isso rindo, mas de nervoso), enquanto que o mundo de vocês, não, permenece. Os dois últimos parágrafos da crônica são lapidares, sintetizam bem o que acontece com uma grande metrópole, como São Paulo. Muito obrigado pela crônica. Que Deus o abençoe e Nossa Senhora o proteja sempre!
Belo texto. Parabéns.
DO ALTO DOS MEUS 67 ANOS, AINDA LEMBRO DAS CARROÇAS DA PREFEITURA QUE RECOLHIAM O LIXO PUXADAS POR BURROS E DA GRANDEZA DO PREFEITO FARIA LIMA QUE APOSENTOU OS BURROS NUMA FAZENDA ENQUANTO VIVESSEM.
FRANCISCO MOURA DA SILVA FILHO SÃO PAULO SP.
Tambem sinto muitas saudades de quando a Cidade era assim. Nasci e fui criada no bairro da Agua Rasa, em uma vila particular. Hoje ja esta rodeada de altos edifícios, grandes avenidas, mas as vezes passo lá…só para relembrar quantas vezes ralei o joelho naquela vila particular, onde mimha casa nem garagem tinha, o portaozinho e os muros baixos bastavam pra guardar a nossa familia. Bons tempos que nao voltam.
Na minha infância também morei na Água Rasa, Vila Regente Feijó para ser mais exato, numa casa que havia nos fundos de um sobrado no comecinho da Rua Anália Franco nº 398, fiz a primeira série no Wolny e o prezinho na Igreja Adventista na Rua Boa Espera, uma travessa da Avenida Sapopemba, e um pouco para baixo da minha casa havia uma rua sem saída chamada Joaquim Marques, lembro-me de quando meu irmão foi atropelado de frente de casa, isso há quase 40 anos, quando saí de lá o bairro estava começando a se verticalizar, hoje praticamente tudo mudou, quase não reconheço mais o bairro de outrora, bons tempos.
Por favor, onde posso encontrar as outras crônicas?
Muito bom Vignoli. Faltou mostrar a famosa Vila Polopoli
Viajamos na memória e lembranças saudosas , linha 29 do bonde , fechado ou camarão, éramos felizes e não sabíamos !!!
Parabéns pela colocação dos estágios de Sampa
Parabéns pelo texto excelente. Lembro de ler as crônicas de Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Inácio de Loyola, nos jornais de distribuição gratuita, Gazeta do Ipiranga e Shopping News/City News. O segundo deixou de circular faz tempo, e o primeiro foi substituído pelo Ipiranga News. Vivi no Ipiranga, nos anos 1970 e 1980, e durante um bom tempo foi possível brincar na rua, jogar bola, andar de bicicleta. Minha mãe contava que o então já poluído Riacho do Ipiranga, que ficava a pouco mais de uns duzentos metros de casa havia sido limpo, quando ela era criança, na década de 1940. Encontrei mais de uma foto dessas na internet, e dá vontade de voltar no tempo. O Ipiranga era igual o interior, cheio de mata, cavalos, vacas que iam beber água no Riacho. O que será de São Paulo em 50 anos?
Douglas, o que significa a sigla CCDC na lateral dos trolébus?
É CMTC mesmo, é meio mal planejado essa grafia antiga e lembra CCDC, CMC mas não lembra CMTC… rsrsrs
Maravilhosos: texto e fotos!! Que delícia saber desses detalhes sobre a vida paulistana de antigamente!!
Esse artigo me ajudou a tirar certas dúvidas de como poderia ser a capital por volta de 1940. Estou tentando criar algum tipo de história com ilustrações e acho muito difícil fazer isso, pois nosso imaginário é muito falho em alguns aspectos, Há coisas que nem consegui encontrar ainda.
Achei interessante sobre as vacas pela cidade e uma das minha dúvidas era justamente essa: como chegava leite fresquinho para as pessoas:? Por um momento achei que poderia vir com algum transporte direto do interior (das cidades mais próximas).
Estou aproveitando cada artigo que possa tirar minha dúvidas. Obrigada e parabéns pelo trabalho!
Em 1972 trabalhava na P.M no trânsito . Em patrulhamento defronte ao Mappin. Trabalhei no semáforo da Av. Ipiranga x Av. São João era uma cabine com 2 metros de altura era uma manivela que abria e fechava o semáforo . Bons tempo que não voltam mais.
Que legal ler a passagem do tempo na nossa cidade autofágica. De fato, achei muito preciso o termo. Às vezes bate um desespero ao ver a modernidade chegar disfarçada de prédios com fachadas espelhadas. Mas quem sabe é só uma fase e em breve voltemos a receber nosso leite pelo correio, não como antes, mas em uma nova dinâmica da cidade São Paulo que surge a cada instante.