Por muitos e muitos anos o Cambridge Hotel, localizado na Avenida 9 de Julho, foi um dos grandes endereços na cidade de São Paulo. Hospedar-se ali não era somente uma comodidade por estar no centro de São Paulo, era um status.

Vista parcial da fachada do Cambridge Hotel
Até hoje, com mais de uma década de suas atividades encerradas, seu nome faz-se presente na memória dos paulistanos senão pela hotelaria em si, ao menos pelo seu excelente bar e salão de festas que até hoje funciona esporadicamente alugado para festas e eventos.
Fundado no início da década de 1950, o hotel inicialmente era chamado de Claridge. Este nome remonta a um grupo hoteleiro bastante sofisticado, com unidades presentes em outras importantes nações do mundo.
A mais charmosa e elegante em Londres, que até recebeu o então presidente eleito do Brasil Júlio Prestes durante a visita deste ao Reino Unidos.
Já aqui em São Paulo não foi possível afirmar ainda que o hotel fez parte desta mesma rede ou se era apenas um homônimo.
O fato é que na década de 1960 ele foi rebatizado para o nome que carregou até seus últimos dias e pelo qual acabou mais famoso: Cambridge Hotel. Nos anos 1950 a localização do Cambridge era considerada privilegiada por estar em pleno início da Avenida 9 de Julho.
Esta comodidade foi fundamental para o hotel logo transformar-se em um dos favoritos de personalidades, artistas e autoridades em visita à capital paulista.
Entre os vários hóspedes famosos que por ali passaram, a figura do célebre cantor estadunidense Nat King Cole, em 1959, é uma das mais lembradas.
Não era raro o hotel estar com toda a sua capacidade lotada por receber hóspedes de todos os cantos do Brasil e do mundo, além de delegações de times de futebol, tanto de outras localidades do Estado de São Paulo que usavam o hotel para concentração, como de outros países.
E manter o charme e a qualidade em uma região de bastante concorrência hoteleira – na região havia também os famosos Othon Palace Hotel, na Praça do Patriarca, e o Grão Pará, na Praça da Bandeira – o Cambridge dispunha de um bar muito elegante que era o seu grande diferencial*¹.
A DECADÊNCIA E O FIM:
A deterioração do centro de São Paulo e o consequente deslocamento da região de negócios para o eixo da Avenida Paulista e, em um segundo momento, para as Avenidas Faria Lima e Berrini, fizeram os hóspedes deste e de outros hotéis da região central começarem a migrar.
O que antes eram hotéis cheios e movimentados começaram a ter cada vez menos clientes. Este crescente esvaziamento levaram os hotéis a enfrentarem dificuldades tanto financeiras como de modernização e estes hotéis foram aos poucos fechando as portas.
O Cambridge Hotel não fugiu ao triste destino dos importantes hotéis centrais e em 2004 encerrou suas atividades. Desde então, o bar no térreo vem mantendo seu funcionamento, com eventos e festas que são bastante conhecidas da noite paulistana.
Dados do hotel:
Fundação: Década de 1950 (como Claridge Hotel)
Andares: 15
Apartamentos: 119 (tamanhos variados de 50 a 70 metros quadrados)
Área Construída: 8,6 mil metros quadrados.
Veja mais fotos do Cambridge Hotel (clique na foto para ampliar):
CURIOSIDADE:
No final da década de 1950 o então Claridge Hotel foi vendido e seu novo proprietário decidiu que mudaria o nome do hotel.
A razão desta mudança infelizmente é desconhecida (possivelmente a causa foi devido à marca internacional) e a decisão do novo nome levou em conta a ideia de economizar os custos que hotel teria mudando não só seu nome na razão social, mas principalmente o alto valor que seria trocar todos os apetrechos do hotel.
Lençóis, cartões, etiquetas de bagagem, toalhas, material publicitário e todas as louças do hotel já tinham estampado o emblema do hotel (brasão).
Assim acabaram por optar pelo nome com inicial idêntica ao nome antigo, de modo que nada do que foi mencionado assim se perdesse, abaixo como era o emblema e como ficou. Engenhoso, não é mesmo ?

Crédito: Reprodução – Blog Pseudo Papel
DESAPROPRIAÇÃO QUE NUNCA TERMINA:
Em 2010, a prefeitura deu um ultimato aos proprietários do hotel. Através do decreto 51.237, o Prefeito Gilberto Kassab (PSD), declarou o imóvel de interesse social.
Avaliado em R$6.5 milhões, o imóvel tem grande soma de débito de IPTU e pode ser destinado a moradia popular. O prazo para a venda do imóvel era até outubro de 2010 e o mesmo ainda não foi vendido, aparentemente.
Até o momento em que este artigo foi atualizado pela última vez (março/2019) o edifício permanece ocupado por movimento de sem teto e sem um claro destino final, seja ele destinado a moradia ou outro fim.
Nota: Este artigo foi atualizado e revisado em 25/03/2019.
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