Muito antes dos shopping centers aparecerem em São Paulo, uma outra modalidade de estabelecimento comercial já fazia sucesso nas ruas de nossa cidade: As galerias.
Bastante conhecidas na região central e também na rua Augusta, as galerias abrigavam o comércio de uma forma mais amigável que os shoppings atuais. Ao invés de um bloco fechado e isolado, as galerias geralmente eram abertas e davam diretamente às ruas, sendo fechadas com portões somente à noite.
Muitas delas combinavam o espaço das lojas com agradáveis boulevares, onde o ar condicionado dava lugar a uma ventilação natural. Eram ambientes muito mais agradáveis e humanos.
O imóvel da foto acima e das fotos que virão a seguir é um exemplar do que foi uma galeria de rua da região do Tatuapé. Localizado na avenida Celso Garcia, o local foi por muitos anos um ponto de encontro de pessoas que iam até a galeria para fazer compras, ver as novidades ou simplesmente para passear, a Galeria Sarty.
O passeio era ainda mais agradável para a criançada, uma vez que em frente a galeria existia o antigo Cine São Jorge, um dos grandes cinemas da zona leste de São Paulo. Outros, saiam do Corinthians – localizado apenas alguns quarteirões dali – e após um dia agradável nas piscinas do clube iam gastar seus cruzeiros na galeria.
No local, também era possível fazer anúncios em jornais, nos famosos balcões de anúncios, numa época em que não havia internet e para anunciar era preciso se dirigir até um destes estabelecimentos. Na fachada até hoje existe um resquício da publicidade do jornal Diário Popular, que tal qual esta galeria, também não existe mais.
Um certo dia, porém, a prefeitura implantou mudanças no trânsito da região e impediu que carros transitassem na avenida Celso Garcia no sentido centro, foi o primeiro golpe no comércio local. Depois, viria o segundo golpe na região com o encerramento das atividades do Cine São Jorge que transformou-se em uma grande loja de calçados. A mudança constante nos pontos de ônibus da avenida e a dificuldade de estacionar os carros nas redondezas fizeram com que a decadência logo chegasse com força ao local.
Algum tempo depois, em meados da década de 1980, esta galeria fecharia suas portas deixando para trás sua contribuição ao desenvolvimento da região. Desde então o imóvel está à venda.
O fim desta galeria e a decadência do entorno é um nítido exemplo de como políticas equivocadas do poder público podem destruir uma região e seu comércio. Quem sabe um dia não veremos o comércio de rua florescer novamente e a Galeria Sarty reabrir ?
Confira outras fotos desta galeria (clique para ampliar):
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