Uma das cidades mais aprazíveis do interior paulista, Bananal, é também detentora de uma das mais belas estações ferroviárias antigas brasileiras, uma jóia da arquitetura que infelizmente hoje serve apenas de estação… rodoviária.
A beleza da estação é também a sua maior peculiaridade, se comparada com as demais existentes no Estado de São Paulo. Construída em 1888 e inaugurada no início de 1889, a estação de Bananal foi feita na Bélgica e importada para a cidade paulista, onde foi montada.
Sua estrutura é toda feita de chapas metálicas, desde as paredes externas até porção mais alta do telhado, sendo que seu interior tem um belo piso feito em pinho de riga.
Construído com licença imperial pela iniciativa privada, o Ramal de Bananal foi uma realização do rico cafeicultor José Aguiar Valim. O nome da praça onde fica a estação, Dona Domiciana, é uma homenagem a sua mãe Dona Domiciana de Almeida Valim.
Chamada de Estrada de Ferro Bananal, o ramal foi vendido pelos Valim em 1891 para o Comendador Domingos Moitinho, entretanto em 1918 foi encampada por decreto e incorporada a Central do Brasil.
O ramal de Bananal permaneceria em atividade contínua até o ano de 1964, quando finalmente foi desativado. Após o fechamento do ramal a estação ficou alguns anos fechada e posteriormente foi transformada em agência do correio. Depois passou também a funcionar como rodoviária.
Tombada em 1969 como patrimônio histórico pelo Condephaat, a estação ainda ficou em situação precária por alguns anos, até que em 1983 foi declarada de utilidade pública pela prefeitura local, que iniciou então estudos para sua completa restauração e preservação.
Nas celebrações de centenário da inauguração da estação ela foi entregue completamente restaurada, entretanto teve seus trilhos completamente removidos, até mesmo diante da plataforma de embarque.
Ao lado da antiga estação repousa uma bela locomotiva Baldwin antiga (foto acima), entretanto ela serve apenas de composição de cenário, pois ela não pertenceu a este ramal ferroviário, mas sim a ferrovia catarinense Tereza Cristina. Ela está ali desde a década de 1990, instalada pela RFFSA.
Dados da Estação de Bananal:
Estrada de Ferro de Bananal (1888 – 1918)
Estrada de Ferro Central do Brasil (1918 – 1931)
Estrada de Ferro Oeste de Minas (1931)
Estrada de Ferro Central do Brasil (1931 – 1964)
Desativação: 1964
Uso atual: Rodoviária e Agência dos Correios
Veja mais fotos da antiga estação (clique para ampliar):
Respostas de 7
Estive nesse final de semana( 29 e 30/07) em Bananal, muito triste as portas estão destruídas e tapadas por tapumes. Parece que só existem duas no mundo como ela, e já foi até tentado vende-lá. A estação está vazia e mal cuidada. Os políticos locais não demonstram interesse em que se volte a utilizar a Estação seja para loja e/ou café. Como em qualquer lugar do mundo. Em relação a Maria Fumaça, está “cercada” por uma grade horrorosa e muito perto do trem. Uma pena !! Vale lembrar que a Farmácia mais antiga da cidade, que era uma beleza, foi vendida e ficou uma coisa horrorosa.
As vezes a impressão que tenho é que as “otoridades” querem acabar com os pequenos prazeres da vida dos cidadãos, como por exemplo, admirar um imóvel antigo ou ter um carro antigo…
Boa sorte pra esse patrimônio!! Todo o complexo ferroviário que deveria ser plenamente turístico de Paranapiacaba tb sofre de muitos males… Lá é um lugar lindo, quanta coisa pra oferecer, pra ver, pra conhecer, pra entender…
É um belo prédio que deve ser preservado!
Domiciana de Almeida Valim era cunhada de José de Aguiar Valim, e não mãe, como está no texto.
Gostei de conhecer um pouco do ponto ferroviário de Bananal. Mas eu achava que tinha alguma ligação com a história do Brasil, como por exemplo uma presente passagem da família real e/ou seus descendentes.
Mas, no geral foi bom o conhecimento.
Boa noite, belo trabalho, parabéns! Sou bananalense com orgulho, estação é pertencente aos correios, como dito no texto, mas este infelizmente não se preocupa em cuidar ou realizar algo com o prédio, em minha opinião este prédio deveria estar em posse da prefeitura e ser devidamente preservado. Cabe lembrar que, infelizmente, nenhum órgão possui o mero interesse de localizar o trem originalmente utilizado nos tempos do café na cidade, em que segundo boatos, este foi levado por outra cidade histórica dos tempos do café bem conhecida no Brasil. A Tereza Cristina está cercada dessa maneira pois fora alvo de vandalismo.