Edifício Tio Sam

Hoje quando observamos nomes esdrúxulos que muitas construtoras colocam nos novos edifícios que estão surgindo em São Paulo ficamos imaginando onde foi parar a criatividade e bom humor de quem dá estes títulos. Uma total falta de bom senso, como abusos no anglicismo, nomes sem sentido ou simplesmente ridículos, como em Guarulhos onde construíram um “Dubai Offices“.

Já no passado, os nomes geralmente faziam referências à língua tupi, nome de personalidades brasileiras, bairros e até homenagens a pessoas estrangeiras, sempre com algum nível de bom senso. Mas eu jamais imaginaria que em São Paulo existiria um prédio que faz homenagem curiosa e bem humorada para um dos mais conhecidos símbolos nacionais dos Estados Unidos. Com vocês, o Edifício Tio Sam:

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Localizado no 383 da Avenida Brigadeiro Luís Antônio, bem ao lado do Teatro Renault (ex Abril, Paramount etc), o Edifício Tio Sam foi construído em 1963 e possui ao todo 16 andares. Projetado para ser uma prédio de uso misto, hoje é essencialmente dedicado ao uso comercial, com muitos escritórios.

Na época que foi construído estava bem em moda  que os novos empreendimentos fossem de uso tanto para o residencial ou comercial. Hoje, fico imaginando nos prédios antigos que ainda são mistos o quanto deve dar de confusão quando é necessário uma reforma em alguma sala comercial ou apartamento, já que nos residenciais a praxe da reforma é durante o dia, quanto nos comerciais é mais à noite.

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Encontrar este edifício com este nome não deixa de ser algo bastante divertido. É conhecido, simples e bastante criativo. Fico só imaginado qual teria sido a motivação que a Construtora São Roberto teve para atribuir este nome ao edifício. Seria uma homenagem ? Uma brincadeira ? Fica a pergunta no ar.

Um fato curioso é que 1963, o ano do prédio, é o mesmo ano em que o então presidente dos Estados Unidos, John Fitzgerald Kennedy foi assassinado. Mas é improvável que o nome seja em virtude da comoção do assassinato, uma vez que este anúncio que colocamos aqui foi publicado em vários jornais paulistanos em 31 de janeiro, e o assassinato foi em 22 de novembro.

São Paulo sempre nos surpreende!

Abaixo uma fotografia atual da fachada do edifício:

Crédito: Douglas Nascimento / São Paulo Antiga

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9 respostas

  1. Realmente, ridículo o que fazem neste país. Uma “americanagem” ridícula e absurda, para não dizer um desrespeito para com o nosso povo. Povo esse que, infelizmente, mal sabe falar e escrever corretamente o português. Aí vem esse pessoalzinho da nossa também ridícula elite e fica colocando nomes e mais nomes em tudo que é estabelecimento comercial, prédios e etc em inglês, como se isso fizesse destes estabelecimentos lugares mais nobres. Uma coisa de, com todo o respeito, “gentinha” que não valoriza o nosso país e não ajuda realmente no desenvolvimento de nossa língua nem de nosso país como um todo. Só querem ganhar dinheiro sem nada acrescentar ao nosso tão sofrido povo. E o povão, que infelizmente ainda é bastante iletrado e despreparado cai direitinho nesses engodos. Por quê tudo em inglês como se nós morássemos nos EUA ou na Inglaterra. Que palhaçada é esta. Somos brasileiros e devemos ou deveríamos falar e valorizar não só nossa língua como nossa cultura, nosso povo, nosso meio ambiente, nossa arquitetura, etc. Mas essa “elite”, quer mais é desvalorizar tudo que é nosso, Uma vergonha.

    1. A polícia da língua aparece até em sites que buscam prezar pela história de São Paulo. Os clichês “elite” e “imperialismo”, embora este último não presente no texto, mas devidamente subentendido, ainda assombram as mentes mais curtas. Quantos mais uma língua se abre às outras, mais o seu vocabulário aumenta. Não há morte de língua ou de culturas por conta disso, pois para isso acontecer há um conjunto de fatores um pouco mais complexos do que a simples “invasão” de línguas estrangeiras. No caso do inglês, língua infinitamente mais usada mundo afora, o número de palavras é 3 vezes maior que o do português. Isso se deve mormente à aceitação de termos de outras idiomas, herdados pela língua durante invasões das ilhas que, dias de hoje, chamamos de Reino Unido. Os romanos deixaram marcas, seguidos pelos vikings no norte da Inglaterra e pelos normandos. A língua inglesa sumiu do mapa por isso? Há alguma mácula na cultura inglesa ou de língua inglesa que possa ser atribuída a isso? Só vantagens foram tiradas desses episódios.
      Brasileiro adora dizer que temos de ‘valorizar nossa cultura”, mas para isso é necessário que ela tenha alguma valor. Até a metade do século XX, tínhamos alguns valores, mas hoje o que temos é simplificação do livro do Machado de Assis (este sim um sinal grave dos tempos), sintoma de um governo fajuto e corrupto que, sob as lindas intenções de igualdade, deixa o povo cada dia mais igual: igualmente burro, igualmente escravo das esmolas estatais e, sobretudo, um aleijado cultural.
      Não creio que um nome de edifício seja grande problema. Os empreendedores escolheram esse nome por motivos que não dizem respeito à opinião alheia, quem não gostou do nome não compra apartamento nele, simples assim.
      E parabéns pela matéria!

      1. Daniel,

        Não faço polícia da língua, faço apologia ao bom senso é diferente.
        Não vejo nenhum problema em se usar o estrangeirismo, ou mesmo o anglicismo desde que se faça algum sentindo. O problema é que as construtoras atribuem nomes estrangeiros que não fazem o menor sentido ao nosso cotidiano, ao bairro etc. Eles só fazem porque nossa “classe média” acha que nome estrangeiro em prédio é chique… e não é.
        Meu edifício, por exemplo, chama-se “Guaratuba” é um nome indígena, tem a ver com o bairro etc… primeiro mil vezes mais do que “Maison sei lá o que”… ah, e em Santana tem um novo empreendimento que cujo nome chama-se “The Apto”!!!! Se isso não é ridículo, eu não sei o que é… Abraços

        1. Bom, antes um edifício chamado The Apto do que chamado de Osama Bin Laden ou Saddam Hussein, kkkkkkkkkkkkkkkk!!!

          Gostei da matéria. Continue sempre assim.

  2. Simplesmente fantástico.

    Um bom lugar para sediar o escritório do Consulado da Venezuela, se ele resolverem adotar para a repartição um ar mais ‘bolivariano’ do que o que exala daquele casarão da Fonseca Teles…

    Não sei como você encontra essas coisas, amigão.

  3. Trabalhei naquele prédio de 1984 a 1987 em um Cartório que havia onde hoje existe um estacionamento. Sempre achei meio gaiato o nome. Não sei se há outra cidade com nomes de edificações mais estapafúrdios que a nossa. Esse tal “Dubai Offices” é a quintessência do ridículo.

    1. Mas aqui o brasileiro gosta é do “gramú”, e é graças ao “gramú” que temos o desprazer de ver esses “pombais de luxo” sendo nomeados com nomes “xikis nu úrtimu”, ou seja, é pombal, mas com “gramú”. 😉 😉 😉 😉

  4. Douglas, não sei se tem algo a ver, mas aqui em Niterói temos um clube e um hotel com nome de Tio Sam. Se realmente houver alguma ligação, os daqui são relacionados a uma rede de jogos clandestinos (jogo do bicho). Quando era criança, lembro de ver algumas lojas com uma porta entreaberta e com letreiro “Tio Sam Loterias”.
    Depois que adquiriram o clube e o hotel, as “loterias” desapareceram…

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