Na cidade de São Paulo estamos acostumados em ver desaparecer, num piscar de olhos, casarões, sobrados e muitos imóveis o qual nos acostumamos a ver todos os dias. Porém, algumas vezes somos surpreendidos por grandes implosões de edifícios.De todas estas implosões, nenhuma foi mais marcante para São Paulo quanto a do Edifício Mendes Caldeira.
Anunciado em jornais como Correio Paulistano e O Estado de S.Paulo em junho de 1960 como “O maior negócio do Brasil“, o Mendes Caldeira surgia como o maior arranha céu já construído na região da Praça da Sé. Naquela época só haviam prédios baixos ao redor da Catedral Metropolitana de São Paulo, e o novo e moderno edifício, com sua ousadia, prometia ter suas unidades vendidas em tempo recorde. Em 1960 a situação da Praça da Sé era bem diferente. A cidade tinha saído há pouco tempo das comemorações do IV Centenário e ainda lucrava com as realizações de 1954. A catedral da Sé estava quase 100% concluída (suas torres só seriam terminadas em 1967) e a praça estava fervilhante e concorrida.
Em um tempo que Faria Lima, Berrini não existiam como endereços para escritórios, ter o seu na Praça da Sé era um excelente negócio, pois estava no coração da maior cidade da América Latina e próximo a tribunais, bancos e diversos órgãos públicos.
Cumprindo suas expectativas, o Mendes Caldeira teve suas unidades vendidas rapidamente e em 1961 foi inaugurado, começando a funcionar como um dos maiores edifícios não somente de São Paulo, mas de todo o Brasil.
A foto abaixo, de 1968, mostra o quanto o edifício era grande e como destoava de todos os seus vizinhos.
Toda esta grandiosidade, aliada a um projeto moderno e arrojado desenvolvido pelos arquitetos Jorge Zalszupin e Lucjan Korngold tinha tudo para fazer do edifício um dos grandes ícones da arquitetura moderna paulistana.
Entretanto, o Edifício Mendes Caldeira estaria no epicentro de uma questão importantíssima para o desenvolvimento da capital paulista: A Estação Sé do Metrô.
As obras da Estação da Sé e do Metrô de São Paulo como um todo estavam indo bastante lentas e no início da década de 70, começou-se a discutir que talvez fosse necessária a desapropriação e demolição de alguns dos prédios que ficavam entre a Praça da Sé e a Praça Clóvis Bevilacqua.
Entre eles dois ícones de São Paulo, o Palacete Santa Helena, representando a São Paulo antiga e o Mendes Caldeira representando a São Paulo contemporânea de então.
Até hoje não está muito claro quais os reais motivos que tornaram a implosão do Mendes Caldeira algo impossível de se reverter.
Pesquisando sobre o fato é possível encontrar uma série de fatores, como atraso no cronograma de obras, corrupção e até indícios de uma falha geológica que poderia causar o desabamento do edifício durante os trabalhos no subterrâneo.
O fato é que ao raiar do sol de 16 de novembro de 1975 o Mendes Caldeira foi abaixo, como mostra o vídeo da época.
A fotografia abaixo, congelou para a eternidade o momento que a implosão aconteceu. Notem que o Palacete Santa Helena e outros vizinhos já haviam desaparecido do cenário urbano. A implosão decretou o fim do Edifício Mendes Caldeira e também o fim da divisão entre as Praças da Sé e Clóvis Bevilacqua.

Crédito: Divulgação
Hoje em dia é até difícil explicar aos paulistanos mais jovens que no local existem duas praças e não uma só. A confusão é até compreensível e mostra que hoje não faz mais o menor sentido manter os dois nomes de praça.
Alguns anos mais tarde, já com o metrô em operação, as duas praças seriam reinauguradas e entregues aos paulistanos, por muito tempo estiveram bem cuidadas e sendo um excelente ponto turístico.
A demolição do Mendes Caldeira também proporciona uma imagem curiosa para quem vai à Praça da Sé pela Rua Benjamin Constant.
As duas fotos abaixo mostram o “Antes & Depois” da implosão. Saiu o arranha-céu e entraram as palmeiras imperiais.
Enfim provavelmente jamais saberemos ao certo as reais razões e circunstâncias que levaram o Edifício Mendes Caldeira a ser demolido. Como também muitos paulistanos jamais perdoarão os governantes da época pela demolição do prédio ao lado, o saudoso Palacete Santa Helena.
Você trabalhou no Mendes Caldeira ? Conte para nós sua experiência deixando aqui um comentário.
Curiosidade: Hoje existe outro Edifício Mendes Caldeira em São Paulo, ele está localizado na Avenida Nações Unidas 10.989, na Vila Olímpia.
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