Localizado na Avenida Paulista, um dos mais importantes e famosos endereços da capital, o Edifício Dumont-Adams é um patrimônio paulistano que há anos encontra-se desocupado e com obras de readequação não concluídas. Vamos conhecer um pouco de sua história ?

O Dumont-Adams em 2006, antes de ser desfigurado
Projetado e construído no início da década de 1950 pelo engenheiro Plínio Adams*¹. Inaugurado em 1958, o edifício consistia originalmente em uma construção com 10 andares e era de uso estritamente residencial.
O nome do edifício, Dumont-Adams, celebra a união de duas famílias a de Plínio e a de sua esposa Adélia Santos Dumont, a mesma do aviador brasileiro Alberto Santos Dumont.
O prédio nunca teve seus apartamentos colocados à venda, sendo na verdade todos alugados para que servisse como fonte de renda à família Dumont-Adams. Assim o prédio permaneceu até meados dos anos 1990, quando começou lentamente a ser desocupado, não tendo novos moradores à medida que os antigos fossem deixando o local.

Vista parcial do edifício em 2008
Nos primeiros anos do século 21 a família decidiu desfazer-se da propriedade, vendendo o edifício para empresa de telefonia Vivo. A partir da aquisição a empresa fechou um acordo com o Museu de Arte de São Paulo (MASP), para ceder o uso do prédio para o que quisesse desde que a empresa pudesse explorar a publicidade externa. Surgia o projeto da Torre MASP-Vivo.
O então presidente do MASP, Júlio Neves, propôs uma completa reconstrução do edifício transformando o Dumont-Adams em uma moderna torre de vidros espelhados com 110 metros de altura. O projeto foi levado à apreciação do Conpresp que deu parecer técnico desfavorável à obra.
Apesar disso o parecer foi desconsiderado e deram início às obras que desfigurou o edifício por completo. A novidade não foi bem recebida pelos paulistanos e também por defensores do patrimônio histórico municipal, que viam no projeto uma desrespeitosa descaracterização do projeto original da construção.

Fachada lateral do edifício antes das obras que o descaracterizaram
Porém o que causaria a paralisação da polêmica obra não seria a disputa em torno do patrimônio, mas a Lei Cidade-Limpa que inviabilizou o envelopamento do prédio com publicidade, deixando de ser interessante para a empresa de telefonia.

Vista área do MASP com o Dumont-Adams à esquerda (década de 1970)
Desde então o projeto anda e para aos trancos e barrancos não finalizando nunca e deixando de atender tanto ao MASP como à municipalidade. Nos últimos anos a empresa Nestlé iniciou participação mas nada de novo tem acontecido.
Seguimos acompanhado e atualizaremos conforme recebermos novidades.
Veja mais duas fotos do Edifício Dumont-Adams (clique na foto para ampliar):
Saiba mais:
*1 – Plínio de Oliveira Adams, responsável pelo projeto arquitetônico do edifício Dumont-Adams, formou-se em engenharia pela Escola Politécnica de São Paulo e teve boa parte de sua carreira desempenhada no setor agrícola, sendo inclusive membro diretivo da Sociedade Rural Brasileira. No setor financeiro foi presidente por anos do Banco de S.Paulo S/A (não confundir com BANESPA). Faleceu em 17 de fevereiro de 1966 e está sepultado no Cemitério da Consolação.
Curiosidade:

A Rainha Elizabeth e, ao fundo, o Edifício Dumont-Adams
A icônica fotografia acima é uma importante demonstração da importância do Edifício Dumont-Adams para a história paulistana e da Avenida Paulista. Em 1968 a rainha da Inglaterra, Elizabeth II, esteve presente a inauguração do MASP. Uma das mais interessantes fotografias tiradas de sua visita é esta acima onde a rainha está acenando para a multidão e vemos ao fundo o edifício, com vários de seus moradores a observando pelas janelas.
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