Deutsches Casino / Palais Elegant

O chamado “centro novo” de São Paulo, região mais conhecida como as áreas da Praça da República, Praça Ramos de Azevedo, além das Ruas Xavier de Toledo, Conselheiro Crispiniano, Barão de Itapetininga e arredores, teve seu desenvolvimento acelerado especialmente depois da construção do Viaduto Chá, entre 1888 e 1892.

Com essa nova ligação entre as “duas porções” do centro paulistano novas e elegantes edificações foram erguidas do lado novo, entre eles alguns palacetes muito interessantes como o Palácio do Trocadero e a residência de José Paulino.

Contudo registros fotográficos destes imóveis são muito raros de se encontrar, deixando uma grande lacuna na iconografia daquela região paulistana. Entretanto recentemente a descoberta de um cartão postal circulado na virada do Século XX tornou possível conhecer outro palacete daquela região que até agora quase nada se sabia: O extinto Deutsches Casino.

A fotografia acima, certamente tirada em algum momento da década de 1890, mostra o suntuoso palacete que abrigou o referido cassino alemão, o qual as informações sobre ele são bem escassas. E esta escassez deixa muito complicada sua pesquisa principalmente devido ao fato do imóvel que abrigou o cassino ter seu nome utilizado novamente poucos anos depois, o que explicaremos agora.

O cassino surge aparentemente em 1896 ao adquirir em um grande leilão todo o mobiliário do ocupante anterior do palacete, um distinto clube de elite chamado Palais Elegant (Palácio Elegante), clubes assim eram comuns na São Paulo daquele tempo, tal qual o já publicado aqui anteriormente Club Fantasio.

Entretanto o próprio Deutsches Casino parece não ter tido vida longa pois em 1899 todo o cassino estava à venda em um novo leilão realizado para venda de tudo que havia dentro do palacete, de mobiliário a livros e revistas.

Após a publicação deste leilão o nome Deutsches Casino (ou Deutsch como no anúncio acima) desaparece para sempre dos periódicos paulistanos e registros públicos, mostrando que muito provavelmente a entidade/associação fora para realmente desfeita.

PALAIS ELEGANT

Por sua vez, o nome Palais Elegant volta surgir novamente poucos anos depois, já no Século XX em um anúncio divulgando sua inauguração. Corria o ano de 1909 quando o jornal “O Commercio de S.Paulo” dá uma breve nova sobre a abertura, em 2 de outubro daquele ano, do estabelecimento pertencente à Madame Nina Della Paolera¹:

Este novo “Palais Elegant” deixa todo o ambiente de pesquisa muito confuso pois parece que trata-se de um outro imóvel, uma vez que a numeração deste indica para o número 17 da Rua Conselheiro Crispiniano enquanto o anterior ficava no 13. Seria uma homenagem ao original ou apenas o número do imóvel que mudou ? Não encontramos esta informação².

Seja o mesmo de outrora ou outro Palais Elegant, este nome perdurou em atividade por um bom tempo, sendo encontrado registros dele em funcionamento ao menos até a década de 1930. Por sua vez a proprietária mudou, sendo encontrado nos últimos anúncios o nome de Madame Martha Sorano, e o estabelecimento sendo referido como “pensão chic“, tendo seus últimos anúncios encontrados em 1931.

A pesquisa tanto do Palais Elegant quanto do Deustches Cassino continuam abertas e este artigo será atualizado à medida que novas dados sejam descobertos. Você tem alguma informação ? Entre em contato conosco e colabore com a difusão da história da Cidade de São Paulo.

NOTAS:
1 – Este nome também é encontrado grafado erroneamente em jornais como Nina Della Pandera.
2 – A numeração em São Paulo sofreu alteração algumas décadas mais tarde.

BIBLIOGRAFIA:
O Commercio de S.Paulo – Edição de 15/10/1899 – pp 3
O Commercio de S.Paulo – Edição de 31/03/1909 – pp 2
O Commercio de S.Paulo – Edição de 30/11/1909 – pp 3
A Gazeta – Edição de 17/11/1931 – pp 6
O Estado de S.Paulo – Edição de 21/10/1901 – pp 3

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Respostas de 9

  1. É incrível como tiveram coragem para destruir uma pérola dessas! E tantas outras! Imagina na época, até meados da década de 30, como eram belas as alamedas paulistanas, especialmente as do centro, com tantas construções magníficas, uma vizinha da outra!!!

  2. Curto muito os artigos do São Paulo antiga, enriquecedor conhecer a história de São Paulo, já aprendi muita coisa interessante aqui. Enquanto acho que devemos sim preservar nosso patrimônio arquitetônico, vejo que para cada publicação sobre palacetes que não existem mais, há uma expressão de tristeza e indignação pela perda de tais propriedades. O que fico pensando é: e se todos esses palacetes tivessem sido preservados, o que se faria deles hoje? Estariam servindo a população? São Paulo estaria melhor se tivesse preservado todas essas propriedades – que deram lugar a outras para abrigar comércios, escolas, famílias? História é sem dúvida importante. Atender uma população que não é majoritariamente formada por barões do café, magnatas da indústria, ou o equivalente dos dias de hoje também é. Gostaria de saber a opinião da página e dos outros seguidores: até onde preservar e quando modernizar? Seria legal ter exemplos de cidades que foram bem sucedidas seguindo um plano ou outro. Um abraço e obrigada São Paulo Antiga!

  3. Curiosidade: seria desse sobrenome a origem da palavra “paulera” no sentido de movimentado, exageradamente afoito?

  4. Apesar de tudo, melhoramos um pouquinho enquanto cidade. Hoje, aos trancos e barrancos conseguimos dar valor a construções antigas, espaços verdes. Nesses tempos, tudo podia ser demolido em nome de um suposto progresso.

  5. Eu nunca soube da existência desse Palais!!

    E lembro tb do palacete que abrigava a sede da 2a. Região Militar, na Conselheiro Crispiniano. Agora sei que foi a residência de ilustre família.

    Ao lado ficava o charmoso Cine Marrocos, hoje acabado. Nunca mais passei ali… ficou a saudade!!

    Como São Paulo era linda (ainda é)!

    Parabéns pelo seu trabalho, Douglas!!

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