Casa Demolida – Rua Durval Clemente

Um dos bairros que mais aprecio na zona norte da capital paulista é o Jardim São Paulo. Bairro majoritariamente residencial e com uma geografia bem peculiar e razoavelmente tranquila, com ruas sinuosas e muitas subidas e descidas, já que é uma região bastante alta.

É também um bairro com muitas casas antigas e interessantes, tanto grandes casarões como residências menores. Mas o que era uma área sossegada, já tem um tempo que é atacada pela especulação e vemos muitas casas sendo derrubadas. Como o casarão encantador da rua Antônio Guganis, ou mais recentemente esta belo imóvel a seguir:

A casa em 2010 (clique na foto para ampliar).
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Localizado bem no início da rua Durval Clemente, uma travessa da conhecida rua Dr. Zuquim, esta bela residência antiga foi demolida em agosto deste ano  para dar lugar a um imóvel comercial. Tratava-se de uma casa antiga térrea, que mantinha uma excelente estrutura física, apesar de aparentar um considerável abandono de sua fachada, especialmente de 2010 para cá.

No início deste ano a casa já se apresentava em uma conservação bem inferior a da imagem acima, observem:

O imóvel no início de 2014 (clique para ampliar).
O imóvel no início de 2014 (clique para ampliar).

Apesar do estado ruim de 2014, o imóvel era possível de ser recuperado por completo, mas não teve esta sorte e foi abaixo. Nosso leitor Marcelus Zalotti passou pela rua Durval Clemente quando estava começando a demolição e nos enviou esta fotografia abaixo:

clique na foto para ampliar
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Infelizmente casas agradáveis como esta, com muros baixos, quintal amplo, jardim de inverno, azulejos decorativos na fachada e arquitetura simples, mas agradável e funcional, não resistem a especulação imobiliária. Não é só a oferta de dinheiro que faz tentação aos donos em vender o bem, mas principalmente a busca por uma residência mais segura para os tempos atuais, em apartamentos ou condomínios de casas fechados.

Podemos afirmar que além da famigerada especulação imobiliária, temos outro vilão para as casas antigas: a violência.

Vista lateral do imóvel (clique para ampliar)
Vista lateral do imóvel (clique para ampliar)

Na parte de baixo da casa ainda havia uma outra residência menor e uma garagem. Abaixo, mais algumas fotografias de como era o imóvel:

Crédito: Google / Divulgação

Crédito: Google / Divulgação

Agradecimentos: Marcelus Zalotti e Beatriz Ferragi

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14 respostas

  1. Como puderam deixar uma casa tão bonita ficar no abandono.
    Os antigos donos talvez foram portugueses. Digo isso por ter azulejos decorados nas paredes.

  2. Deveria ser de alguma família portuguesa, pois aparentemente tinha uma imagem de Nossa Senhora de Fátima ladeada por belos azulejos…
    E algumas vezes, essas casas são demolidas mesmo com um estado ainda recuperável, pois os descendentes devem achar que vale a pena vender isso por um bom preço (Jardim São Paulo é um dos mais valorizados bairros da Zona Norte), do que reformar e posteriormente, alugar. Ou também por dívidas de IPTU lá em cima…

    Mas é bem triste…

  3. Vale menção a recente demolição do casarão da esquina da Leoncio de Magalhães com a rua Mirante. Essa perda foi mais emblemática ainda.

  4. Estas casas antigas lembram casas de vó e nos remetem a tempos mais tranquilos e fraternos, onde as ruas eram para as crianças, um infinito quintal, onde podia-se brincar à exaustão tranquilamente. Bons tempos que não voltam mais.

  5. Sei o quanto dói ver uma casa antiga sendo demolida, pois uma parte de nossa memória afetiva também se vai, de um tempo em que São Paulo era uma cidade mais tranquila, segura e humana de se viver, mas penso também que não poderia ser diferente e é até melhor mesmo que seja assim. Parem um pouco para pensar: imóvel é um bem relativamente fácil de comprar e muito difícil de vender, ou pelo menos, não se vende da noite para o dia, e disso bem entendo porque há anos tento vender um em Itaquera, muito bem localizado, aliás, e não consigo. Se os proprietários ou herdeiros não têm mais interesse nele, o que fazer? Simplesmente abandoná-lo? É melhor ver no seu lugar surgir uma torre de apartamentos do que vê-lo abandonado, entregue à própria sorte, tal como acontece no centro da cidade, que está se tornando uma cidade fantasma dentro da cidade, uma versão miniatura de Detroit, aliás Detroit serve como parâmetro de comparação: Detroit e São Paulo passaram por um processo de desindustrialização, mas São Paulo, felizmente, não entrou em declínio, soube se reinventar e tornou-se um pólo de bens e prestação de serviços, ao passo que a cidade americana, outrora espinha dorsal da indústria automobilística mundial, encolheu e virou uma cidade fantasma. Dói ter sua identidade diluída em meio à multidão e ser apenas mais um indivíduo nesse oceano humano que é São Paulo, mas dói mais ainda andar pelo centro velho e sentir-se num cenário de The Walking Dead. É melhor uma cidade repleta de paliteiros, mas ocupada, viva e pulsante, do que uma região de casebres antigo desocupada.

    1. Emerson Discordo totalmente: Não vejo como paliteiros nos moldes em que são construídos hoje (Condomínios fechados, com 3 vagas de garagem per apto e sem comércio no térreo) tornar a cidade mais “viva”. Há inúmeros exemplos na Europa e Eua e mesmo em SP (mesmo neste site há demonstrações disto) de como encontrar outros usos para seus casarios/imóveis antigos sem modificá-los ou descaracterizá-los.

  6. Eu moro nessa rua há mais de 20 anos e sempre passei em frente à essa casa. Me lembro que moravam ali um casal de idosos que ficavam no terraço olhando o movimento da rua. Depois que uma deles morreu, a família levou o outro embora e a casa ficou abandonada. Morei no número 183 dessa rua que é uma casa dos anos 50 e ainda está de pé e pertence à família até hoje

  7. Moro nessa rua desde que nasci (36 anos atrás).
    Boa parte da minha vida passei em frente a essa casa, me lembro muito bem de um casal de idoso morando ai.

    Eles passavam boa parte do tempo sentados nessa varanda. Com o passar do tempo, eles sumiram e depois apareceu somente o SR. Idoso. Presumo que sua esposa ficou doente e veio a falecer, por isso o sumiço dos dois.

    Acho que depois de um tempo a família tirou ele da casa ou ele faleceu também.

    Dai a casa foi vendida de construiram imóvel comercial no lugar.

    Nessa rua tem várias histórias assim, inclusive da casa onde eu morei que foi construída pelo meu avó em 1954.

  8. Moro na Antônio clemente há 47 anos… desde q nasci… o JSP era espetacular…. hj tá judiado por causa dos prédios mas faz parte . ..

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