A agradável Bragança Paulista possui uma série de construções antigas espalhadas pela cidade, a maioria delas em muito bom estado de conservação. Pena que não é possível dizer o mesmo de um dos prédios mais emblemáticos de Bragança, cuja história e importância é de relevância que ultrapassa os limites do município, o Colégio São Luiz.
Primeiro foi um teatro:
Para entender a história do colégio é preciso voltar a 1894, quando o prédio foi inaugurado como teatro. Era o Teatro Carlos Gomes, considerado por alguns historiadores como o mais antigo teatro paulista. A construção deste prédio no final do século 19 em uma cidade do interior e não na capital, reflete a importância e a riqueza de Bragança naquele período da história.
Com capacidade para pouco mais de 1000 pessoas na platéia, o Teatro Carlos Gomes era uma grandiosa casa de espetáculos e recebia não só companhias regionais e brasileiras, como importantes companhias internacionais. O teatro funcionou muito bem por cerca de 15 anos até quando seus proprietários começaram a passar por problemas financeiros e faliram, fechando a casa de espetáculos duas décadas após sua inauguração em 1914.
Depois, um colégio:
Após passar vários anos fechado e em situação de penúria, um acordo entre a Câmara Municipal e a Diocese de Bragança Paulista tornou viável a recuperação do prédio e transformação em escola, cujas obras começaram em meados da década de 20 e foram concluídas durante o ano de 1927.
Uma vez pronta, era o momento de inaugurar a nova escola o que aconteceria no início do ano letivo seguinte, em 15 de março de 1928, com um ato solene. Na abertura o colégio contava com 50 alunos e teve como seu primeiro reitor o Padre Álvaro de Lima. Administrada pelos agostinianos a escola rapidamente adquiriu credibilidade e tornou-se uma instituição de ensino rígido e eficaz.
A instituição continuou funcionando como Colégio São Luiz até o início dos anos 60. Posteriormente ainda teve atividades de ensino, abrigando o Colégio João Carrozzo, que encerrou suas atividades em 2000. Neste mesmo ano o prédio foi tombado como patrimônio histórico municipal e começou a se deteriorar, sendo comprado pela prefeitura em 2005.
Abandono e Descaso:
Bastou tornar-se um imóvel público para os problemas do antigo colégio se potencializarem. Uma vez tombado, o imóvel mesmo tendo sido adquirido pela prefeitura, ficou esquecido. Não demorou para a deterioração começar a abalar as estruturas do imóvel, fazendo o madeiramento apodrecer, esquadrias enferrujarem e até parte do teto desabar. A situação de descaso com o prédio atingiu níveis tão altos que em junho de 2010 o prédio foi vitimado por um trágico e destruidor incêndio.
Com a opinião pública pressionando, as autoridades anunciaram um edital prometendo a recuperação do antigo Colégio São Luiz, com orçamento de R$6,8 milhões, iniciando em 2012 e com previsão de conclusão em 450 dias, em convênio com o governo estadual. O objetivo é transformar o imóvel em um centro cultural.
Um ano depois só a placa foi instalada:
A placa afixada no muro do prédio é categórica e anuncia o início das obras para agosto de 2012. Porém, passado praticamente um ano nada foi feito para a recuperação do prédio. Tudo segue em situação de abandono e descaso. Alguns tijolos foram empilhados na entrada do imóvel e há um pouco de ferro empilhado próximo ao portão.
A Prefeitura de Bragança Paulista e o Governo do Estado de São Paulo alegam que os custos previstos para a execução da obra não são suficientes. Com isso o orçamento está sofrendo um reajuste de 6,094% aumentando o montante do custo da obra para R$7.106.963,52. As obras serão tocadas pela empresa Empreiteira Flaza Ltda.
O que se questiona é como um orçamento pode ser tão mal feito e tornar-se insuficiente poucos meses depois de ser aprovado. Em nota oficial divulgada pela assessoria da prefeitura ela diz “após criteriosas análises técnicas, foi constatada uma diferença entre as planilhas originais do projeto e a necessidade real de materiais e de mão de obra que serão utilizados no restauro. Diversos itens foram subestimados e chegou-se à conclusão de que o valor reservado para a realização da obra é insuficiente e novas fontes de recursos precisam ser identificadas”.
Será que agora este restauro finalmente vai acontecer ? Estamos de olho.
Saiba mais:
Abaixo, um artigo publicado no jornal Correio Paulistano em 25 de janeiro de 1928.
Veja mais fotografias do Colégio São Luiz (clique na foto para ampliar):
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